A bilogia Motoqueiro Fantasma
A bilogia Motoqueiro Fantasma: Essa semana a Marvel e a Hulu, serviço de streaming da parceria entre a Disney e a Comcast, anunciaram o lançamento de séries de Daimon Hellstrom e do Motoqueiro Fantasma. Ainda que muita gente tenha visto a versão “motorista fantasma” da série Agents of SHIELD, o que ficou no imaginário popular é a bilogia de filmes protagonizada pelo astro Nicolas Cage, num dos grandes momentos da Marvel no cinema.
Mesmo tendo se tornado cults, os filmes do Ghost Motokeer não vingaram. Fica a pergunta: como é que pode?
O primeiro filme foi feito em 2007, com Cage voltando ao papel em 2011 para “Motoqueiro Fantasma: Espírito da Vingança“. O próprio não tem interesse em repetir a dose, já tendo dito que faltou liberdade criativa para uma versão “de maior” do personagem.
“Motoqueiro Fantasma” devia ter sido feito para maiores, declarou numa entrevista recente. David Goyer tinha um roteiro excelente, mas, por alguma razão, não nos deixaram fazer. Caraio, Deadpool era para maiores e se saiu muito bem. O Motoqueiro Fantasma foi pensado como um super-herói aterrorizante e violento, mas não sabiam lidar com isso na época.
Vale lembrar que Cage superou atores como Johnny Depp e Eric Bana para conseguir o papel. Mais conhecido por sua entrega aos personagens que interpreta, Cage desenvolveu um método de atuação específico para o Motoqueiro Fantasma, o nouveau shamanic.
Não resta a menor dúvida que sua dedicação é muito do charme dos filmes.
O primeiro filme do Motoqueiro é uma história de origem típica dos filmes da Marvel, em que Johnny Blaze, um motoqueiro que faz exibições arriscadas num circo itinerante, vende sua alma ao diabo em troca da cura para o câncer de seu pai. A pegadinha é que o pai de Blaze acaba morrendo assim mesmo logo em seguida de outras causas e, então, o astro fica em débito com o diabo. Quando Coração Negro, o filho do capeta, resolve declarar guerra ao inferno para se tornar seu regente, o demônio chama Blaze para ser seu guerreiro neste conflito… como o Motoqueiro Fantasma!
Depois disso, a trama enfraquece. O plano de Coração Negro envolve conseguir um artefato místico chamado Contrato de San Venganza, que lhe dará poder para destruir o próprio pai. O Motoqueiro Fantasma tem uma série de lutas contra capangas-e-chefões enquanto foge da polícia, que suspeita de… alguma coisa.
Por mais que as cenas do Motoqueiro sejam muito boas – e a própria transformação de Johnny Blaze seja um dos grandes momentos da história do cinema – a gente se importa muito pouco com os coadjuvantes e vilões. O único momento que poderíamos ter outro ator brilhando na tela é quando descobrimos que o Coveiro vivido Sam Elliot tinha sido o “cavaleiro” fantasma antes de Blaze, com direito a cavalo demoníaco em chamas.
A viagem dos dois é um momento de cair o queixo, mas quando eles chegam ao covil do vilão… O Cavaleiro vai embora. “Daqui pra frente é com vc, só tive essa transformação espetacular pra te mostrar o lugar que você poderia ter descoberto sozinho. Flw, vlw“.
Nhé.
Apesar dos reviews negativos da turminha cinéfila, “Ghost Rider” rendeu o dobro do que custou. A continuação, porém, demorou quatro longos anos. “Espírito da Vingança” procurou locações mais amplas e se deixar levar pelo bizarro, já que era impossível encaixar o personagem no mesmo tipo de história que os Vingadores. Com uma contagem de corpos muito maior, senso de humor pra lá de questionável e um Motoqueiro agindo como se realmente tivesse saído de um pesadelo, foi dado um passo importante para mostrar o personagem da maneira correta – mas Blaze, dessa vez, tinha que proteger uma criança.
Colocar criança em filmes de super-heróis ou grandes aventuras de ação que não são voltadas para o público infantil é, via de regra, um erro. Os momentos mais fracos de Homem de Ferro 3 são por causa de uma criança, pra não falar no medonho O Predador. Devia ser proibido ter criança em filme assim. Mas ok, o mais estranho nem era isso: o filme praticamente varre pra debaixo do tapete a história anterior, mesmo não sendo um reboot.
Também não foi um sucesso de crítica, mas o problema dessa vez é que o dinheiro não veio. “Espírito da Vingança” fez praticamente a metade da bilheteria do filme original (mesmo tendo custado bem menos), o que espantou investidores interessados em uma continuação. Os direitos do personagem voltaram para a Disney depois disso, que já estava às voltas com seu bem-sucedido universo e não tinha planos para o Motoqueiro nos cinemas, até encaixá-lo, em uma encarnação ligeiramente diferente, em Agents of SHIELD.
Nenhum dos filmes chegou próximo do patamar das grandes produções da Marvel, mas a proposta não só era diferente como foi mal direcionada. São filmes que requerem um senso de desprendimento do pretenciosismo Nolaniano/Snyderiano das produções da DC, mas também sem o alcance dos filmes ligados aos Vingadores. São feitos, em suma, para divertir – e alcançam o objetivo. Nos levam a questionar até que ponto estamos dispostos a ir pelas pessoas que amamos e como, às vezes, o pesadelo e o terror se tornam armas para isso.
Infelizmente, era uma época em que faltava a coragem e a ousadia para ultrapassar todos os limites. Num serviço como o Hulu, que vende “diversão para a família”, devemos ficar ainda mais distantes da proposta original do personagem.
O que acharam das novidades da matéria A bilogia Motoqueiro Fantasma? Deixe seu comentário!