A Maior de Todos os Tempos
“Duas noites atrás, nós tocamos no Rock in Rio. Disseram que foi o melhor show da história do festival. Mas essa noite, tocamos em São Paulo… Será o maior show do Iron Maiden no Brasil.”
Bruce Dickinson não estava exagerando. Quem viu sua performance no Rio de Janeiro sabe o quanto a banda é capaz de se desafiar e tocar cada vez melhor, com mais garra, audaciosamente indo aonde nenhuma outra banda conseguiria. A introdução com “Aces High”, uma música difícil e com tom bem alto, exige bastante do vocalista.
Mas esse piloto, esgrimista, historiador e escritor já venceu um câncer. Ele sabe lidar com desafios.
A explosão na plateia, cantando cada música, cada nota transformou os shows do Iron Maiden no resto do mundo em espetáculos interativos. Todo público os recepciona com energia, mas é só em São Paulo que essa energia volta para eles. “Where Eagles Dare” virou um massacre.
É impressionante notar como, em muitos shows, os estrondos da bateria são sentidos nas vísceras, na alma. Adrian Smith conseguiu fazer algo ainda melhor: golpear o público com o primeiro riff de “Two Minutes to Midnight”. Nenhuma guitarra devia ser capaz de soar com essa força, mas ele consegue com naturalidade e precisão.
E até mesmo músicas mais longas e cadenciadas ganham vida nova, como “For the Greater Good of God”, “Sign of the Cross” e “Revelations”, com a banda conduzindo a plateia exatamente para onde quer.
Não é Iron Maiden sem “The Trooper”. É quando Eddie entra no palco, por mais tempo que o normal, para desafiar Dickinson para um duelo de esgrima. É necessário um fuzil com a bandeira brasileira para fazer o mascote da banda recuar.
Claro, “The Clansman” sempre foi um capítulo à parte, mas o Maiden não se envergonha do seu passado. Pelo contrário, é capaz de olhar para a frente respeitando a própria história e unindo os fãs de todas as diferentes fases (e vocalistas). Não é qualquer um que pode se gabar disso.
“The Wickerman”, novamente, rasga a alma e os ossos da plateia, com uma introdução mais rock n roll que heavy metal. Cortesia de Smith, mais uma vez. E da plateia que grita os versos como se suas vidas dependessem disso.
Mas é em “Flight of Icarus” que o jogo muda, com Dickinson lançando chamas de seus pulsos enquanto canta. O cenário do palco parece surreal demais ao mostrar um gigantesco Ícaro se transformar em um deus que desafia o sol. Dickinson, porém, possui uma voz capaz de comandar deuses – e o faz.
Não importa quanto tempo passe, eles vão continuar tocando “Fear of the Dark” – e ela continuará incendiando a plateia. Sobre “Number of the Beast”, os fogos no palco falam por si, com um cenário que mostra o lago de chamas reservado aos condenados. “Iron Maiden” encerra o show com Eddie em sua forma mais infernal.
O encore, com “Evil that Men Do”, “Hallowed be thy Name” e “Run to the Hills” é a consagração da banda, que cumpriu o prometido: o maior show já feito no Brasil. Em sua décima-segunda passagem por aqui, não é pouco, mas é seguramente um feito que só será superado quando eles voltarem.
Cabe um agradecimento ao meu amigo (e colaborador do Popsfera) Matheus Porks, que não apenas me acompanhou no show como também tornou muito mais fácil adquirir o ingresso. Na próxima turnê, estaremos lá, pra rachar mais um Monster Mango Loco.
Up the Irons!
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