A MARVEL NÃO TEM CLÁSSICOS – capítulo 2

A SAGA DA FÊNIX NEGRA

Era 1982, não lembro o mês. O ano eu já precisei conferir, minha memória me trai o tempo todo. E esse é o motivo para eu relutar em escrever sobre algo tão distante: um gibi que li pela primeira vez quase 40 anos atrás.

Mas quando eu decidi sentar e escrever algumas linhas, me surpreendi eu quão vívidas são as memórias sobre essa saga.

Cara, parece que foi ontem! Consigo lembrar onde eu estava quando li certas edições e alguns sons e odores também voltam à lembrança.

Na verdade, a saga não foi publicada exatamente em 82, como pode sugerir o início do texto. 1982 é a data de lançamento de ALMANAQUE DO HULK No7 da Rio Gráfica Editora, a RGE.

Não foi o primeiro gibi dos X-Men publicado por aqui, mas foi a primeira vez que eu vi os mutantes. E esses caras estão comigo até hoje…

O resultado deve ter agradado o pessoal da editora, a ponto de eles publicarem 12 edições de X-Men (#111 – #122) em 3 ALMANAQUES DO HULK.

Infelizmente pra eles, essas foram as últimas edições dos X-Men publicadas pela RGE, mas, ali na última estória ( UNCANNY X-MEN #122), uma fagulha do que viria a ser a SAGA DA FÊNIX havia sido acesa. Jean Grey se encontra acidentalmente com Jason Wingarde, o responsável direto pela confusão mental que resultaria na perda de controle da força Fênix.

Os X-Men seriam agora publicados pela Editoral Abril quase um ano depois, em agosto de 1983, na espetacular SUPERAVENTURAS MARVEL #14.

A Editora Abril retomaria a cronologia interrompida pela RGE na edição #20 de SAM.

A SAGA DA FÊNIX, obra máxima da dupla CHRIS CLAREMONT E JOHN BYRNE, com arte final de TERRY AUSTIN e uma capa dentro da saga desenhada por JOHN ROMITA JR., começa a ser publicada de fato na edição #25 de SAM em julho de 1984, com alguns intervalos até a SAM #31, culminando na sensacional GRANDES HERÓIS MARVEL #7 em fevereiro de 1985. Eu tinha 10 anos.

A arte de BYRNE sempre foi espetacular pra mim. Naquela época eu já o acompanhava no gibi do CAPITÃO AMÉRICA e em vários gibis do HOMEM ARANHA da RGE.

CLAREMONT não me chamava a atenção, afinal eu mal sabia ler.

Mas, mesmo não conseguindo nem pronunciar as palavras que lia, o gibi me hipnotizou.

Ainda mais marcante do que o sacrifício realizado por JEAN GREY, o que me comoveu foi a entrega da equipe ao aceitar uma luta até a morte pela amiga. E eles perderam…

Jean, já lutando sozinha no final, sente que perderá de forma definitiva o controle de seus poderes e, sendo observado por seu então noivo SCOTT SUMMERS, se sacrifica por um bem maior.

Algumas curiosidades sobre a primeira publicação da SAGA DA FÊNIX no Brasil:

Algumas páginas da edição #130 de UNCANNY X-MEN foram rearranjadas na edição #26 de SAM. Confira:

A mesma situação ocorreu em SAM #30 para a Uncanny #133:

Felizmente em ambos os casos nenhum quadrinho foi suprimido não atrapalhando a experiência.

Após as edições #131, #132, #133 e #134 saírem em SAM #29, #30 e #31, a saga se encerra na absolutamente clássica (ou não) GRANDES HERÓIS MARVEL #7. A construção desse gibi foi bastante interessante:

Ele abre com aquela já clássica (olha aí) página do Vigia observando eventos importantes do Universo Marvel.

O problema é que essa página é da edição #137 da Uncanny X-men, e deveríamos ter a edição #135 aqui. Mas após essa página ainda temos as 3 últimas páginas da edição #134 que foram suprimidas da SAM #31 e que saíram com um quadro a menos:

Após essa salada o gibi segue trazendo na íntegra as edições finais da SAGA DA FÊNIX.

Na época ninguém imaginava que nossos gibizinhos sofriam esse tratamento e isso pouco importava. A SAGA DA FÊNIX foi um sucesso absurdo mesmo tendo sido publicada pela primeira vez no Brasil dessa forma não tão fiel ao material original.

Felizmente a saga foi republicada de forma fidedigna pela editora Salvat e também pela editora Panini, sendo possível encontrar essas edições nas lojas virtuais de ambas  ou na Amazon.

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