A Marvel Não Tem Clássicos – Carnificina Total!
A Marvel Não Tem Clássicos – Carnificina Total: Meses atrás, eu pesquisei pela internet quais as sagas mais importantes da Marvel, na opinião de seus leitores, em rankings publicados em diversos sites diferentes. Pontuei as que eram lembradas pelos critérios da Fórmula 1 (achou estranho? Veja como eu fiz clicando aqui!) e me surpreendi ao ver uma das minhas favoritas aparecer entre as mais bem colocadas. Essa eu faço questão de esfregar na cara de quem fala que a Marvel não tem clássicos: Carnificina Total.
Esse é um típico gibi dos anos 90, um apanhado de tudo que é bom e justo já feito pela humanidade, unindo texto e arte em perfeita sintonia com o zeitgeist, o espírito de sua época. Se eu tivesse que escolher um gibi pra levar pra uma ilha deserta, amigos, seria esse. Se eu só pudesse ler mais um gibi antes de deixar este plano material para trás, não tenho dúvidas de qual seria minha escolha. Se eu pudesse morar num gibi, é claro que seria nas páginas desta mega-saga.
Publicado originalmente em 14 (!!!) partes, nas revistas Spider-Man Unlimited #1, Web of Spider-Man #101, The Amazing Spider-Man #378, Spider-Man #35, The Spectacular Spider-Man #201 (maio), Web of Spider-Man #102, The Amazing Spider-Man #379, Spider-Man #36, The Spectacular Spider-Man #202 (junho), Web of Spider-Man #103, The Amazing Spider-Man #380, Spider-Man #37, The Spectacular Spider-Man #203 (julho) e Spider-Man Unlimited #2 (agosto de 1993), a saga contou com um elenco de astros, dentro e fora das suas páginas. Além de Homem-Aranha, Venom e Carnificina, tivemos Capitão América, Gata Negra, Manto e Adaga, Morbius e Flama tentando deter o vilão; tudo isso sob a batuta de escritores do gabarito de Tom DeFalco, J.M. DeMatteis, Terry Kavanagh e David Michelinie, com arte de Mark Bagley, Sal Buscema, Ron Lim, Tom Lyle e Scott McDaniel, entre muitos outros.
No Brasil, tudo foi espremido em dois almanaques em formatinho da Editora Abril, publicados em setembro e outubro de 1996. Depois de já ter visto capas épicas do Homem-Aranha como essas:
Imagine como foi chegar nas bancas e encontrar essas belezinhas:
Era vitória demais, amigos! Cletus Kasady estava preso, fudido e cagado no Instituto Ravencroft quando descobrimos que o seu simbionte passou por uma mutação, regenerando e livrando o perigoso assassino do confinamento!
A matança começou e foi um verdadeiro banho de sangue, amigos, regado a Slayer, Megadeth e Kreator! Carnificina mata sem dó, e ainda encontra tempo para recrutar aliados tão perigosos quanto Shriek, Contra-Parte Aranha, Duende Demoníaco e Sonâmbulo!
Isso na cabeça do Kasady, claro. No fundo essa galera odiava ele e só ficava junta por causa da mortal e sedutora Shriek. O Homem-Aranha se une a Venom e vários outros heróis para deter o bando, mas com um problema bem grave: o Aranha se recusa a matar. Isso causa um racha no grupo, que não vê outra possibilidade de parar a matança!
Os heróis finalmente derrotam o bando usando um dispositivo das Indústrias Stark que projeta sentimentos positivos sobre os vilões (bizarro, eu sei, mas vamos explicar o quanto isso faz sentido já já), como amor e esperança. Mas o Carnificina é malandro! Ele forja a própria morte e espera os heróis baixarem a guarda para emboscar Venom! Cabe ao protetor letal a honra de derrotar o Carnificina definitivamente, encerrando o terror que se abateu sobre Nova York!
Os roteiristas principais da saga são DeFalco e DeMatteis, dois dos melhores de seu tempo. Eles conhecem muito bem os personagens e conseguem explorar bem todas as suas características únicas, mesmo tendo um elenco tão grande pra trabalhar. A arte é uma sucessão de mullets e dentes rangentes tão grande que o gibi parece vibrar nas suas mãos, de tão cynétyko! Se Todd McFarlane é o responsável pela imagem do Venom que temos até hoje, Bagley fez o mesmo pelo Carnificina. É impossível esquecer os traços dessa incrível fase.
Uma das coisas que eu mais gostei nesse crossover é que ele foi contido dentro dos títulos do Homem-Aranha, sem forçar roteiristas de títulos tão distintos quanto, sei lá, Dr Estranho e Guardiões da Galáxia a inserirem seus personagens na história. Então tudo acaba soando natural e em perfeita sintonia com o clima mais urbano das histórias do Aracnídeo – mesmo a participação do Capitão América é bastante relevante no contexto e não destoa dos demais personagens.
Outra coisa que eu gosto muito é que uma equipe criativa “entrega” a história para outra, que precisa se virar a partir daquele ponto para desenvolver mais 20 e tantas páginas antes de “entregar” para a próxima. Tudo segue em linha reta, sem essa coisa que tem hoje de mini principal e um monte de tie-ins (que, em sua maioria, não fazem o menor sentido).
Carnificina Total é uma história que resiste bravamente não só ao teste do tempo – ela continua muito boa hoje – mas também ao contexto de sua própria época. Nos anos 90, os X-Men (e principalmente Wolverine) ficaram cada vez mais violentos; Justiceiro, Dentes de Sabre e Nômade eram extremamente populares; na DC tinhamos Batman substituído pelo maníaco Azrael, o Lanterna Verde Hal Jordan enlouquecendo e matando o resto da Tropa, Superman morrendo… E o Aranha se recusando a ceder a tudo isso. A única saída, durante toda a história, parece ser matar o Carnificina, mas o Aranha é inquebrantável em seu código moral e ético. Lembram-se do dispositivo que projeta bons sentimentos? É exatamente o que o Aracnídeo representa, em meio a uma década de dentes rangentes, metrankas, músculos estourados e testosterona à flor da pele. Ele não vai se tornar o que mais odeia, não vai trilhar o caminho mais fácil. Ele vai fazer a coisa certa, do jeito certo.
Essa postura norteia o personagem já há mais de meio século e é condensada aqui, neste gibi. Os piores vilões, anti-heróis crueis e niilistas, um mundo em preto e branco – mas o Aranha não vai se dobrar. Dá pra dizer que tudo que a Marvel e os quadrinhos de heróis representam está nestas páginas. Claro, muitas outras histórias do Aranha podem ser lembradas, como A Última Caçada de Kraven ou a Morte de Gwen Stacy, mas raramente vimos um crossover prestar um serviço tão grande ao seu protagonista. Em tempos de coronavírus e polarização política, este é o maior exemplo que podemos ter de verdadeiro caráter.
Aliás, se você tiver que ficar de quarentena em casa… Que tal deixar a leitura ainda mais divertida com o… MAXIMUM CARNAGE DRINKING GAME?!
É bem simples, você só precisa do gibi Carnificina Total, uma garrafa de tequila e ter mais de 18 anos. Cada vez que alguém disser que tem um plano, você toma uma dose. Se o Homem-Aranha reclamar dos seus ferimentos, você toma duas doses! Mas se alguém disser coisas como “a qualquer preço” ou “custe o que custar”, você toma TRÊS doses! Cada vez que você beber, tem que gritar CARNAGE RULES! O objetivo é chegar no final da saga chamando simbionte de SIMBA IONTE, querendo pintar a cidade de vermelho e achando que J. Jonah Jameson e Contra-Parte Aranha formam um belo casal!
Não se esqueça, popnauta: o Carnificina está chegando aos cinemas como o vilão de Venom 2! Fique ligado para todas as novidades deste épico! Já viu as fotos da produção? Não!? Então clica aqui!
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