A Vingança dos Sith – o Filme Mais Importante da História do Cinema

A Vingança dos Sith – o Filme Mais Importante da História do Cinema: A importância da saga Star Wars nessa indústria vital é inegável. O texto do meu amigo Fabiano, o Capitão deixa bem claro o quanto a popsfera foi impactada pelas criações de George Lucas. Não apenas os filmes, mas a própria forma como nos relacionamos com franquias e seus derivados têm sua origem na aclamação pública que Uma Nova Esperança recebeu, lááááá em 1977.

Claro, todos sabemos o quanto filmes de público nerd são relegados a uma espécie de “segundo escalão” pelos cinéfilos e amantes da sétima arte de modo geral. Compreensível, considerando que são entretenimento comercial – mas isso é algo que nos leva a perguntar, obrigatoriamente, se Andy Warhol é arte, picaretagem ou muita esperteza, com suas pinturas em silk-screen e a provocação “ou tudo é arte, ou tudo é vazio”. E recentemente, alguns diretores de cinema apontaram suas metralhadoras giratórias para os filmes da Marvel, acusando-os de não ter alma, a despeito de todo o impacto de Vingadores: Ultimato, Pantera Negra ou Homem de Ferro 3.

Arte ou não, houve um dia em que meu coração foi partido por Star Wars.

Desgraça

Aguardei ansiosamente o lançamento do episódio 1, a Ameaça Fantasma. Fui no cinema com meu grande amigo Ednei, também fã da saga, já na estreia. E a despeito da sensacional presença de Lian Neeson como Qui-Gon Jinn, do assustador Darth Maul e seu sabre de luz duplo e de finalmente estarmos trilhando a estrada da danação de Anakin Skywalker, saímos do cinema com aquela sensação de… “Pois é, né? Podia ter sido melhor.”

Podia ter sido muito melhor. E você pode ler mais sobre o filme clicando aqui.

E por seis anos, eu não quis mais falar em Star Wars.

Morta por dentro

Porém, no ano das graças de nosso senhor Khonshu de 2005, vi no cinema o trailer do Episódio 3. E a combinação de cenas da trilogia clássica, com sir Alec Guiness contando a história de Anakin, com as cenas do novo filme, mostrando a transformação em Darth Vader, me fisgaram. Corri numa locadora (sim, a gente alugava os filmes que queria assistir por alguns dias naquela época), peguei o Episódio 2 – o Ataque dos Clones (que comentamos aqui) e comecei a contar os dias para Revenge of the Sith.

E o filme, meu amigo popnauta, o filme não só NÃO DECEPCIONA, entregando exatamente o que se esperava dele, como também É UM MARCO HISTÓRICO. Poderoso Chefão? Casablanca? Venom? Não, amigo. Eu sou o primeiro a admitir: talvez não seja o melhor, mas é o filme MAIS IMPORTANTE da história do cinema.

Não é nem o melhor filme de Star Wars, verdade seja dita. A insistência de George Lucas pelo chroma key ao invés de locações, os diálogos ruins e a péssima atuação de seu protagonista Hayden Christensen são motivos suficientes para colocar qualquer filme a perder. Só pra se ter uma noção, o filme tem 2200 tomadas com efeitos especiais – mais do que os episódios 1 e 2 somados, mas todas impecáveis. Os grandes méritos de Lucas, no entanto, foram tornar a corrupção de Anakin por Palpatine convincente e colocar os elementos que ligavam a história ao clássico de 77, não dando margem nem para o fã mais xiita falar que a saga não encaixava. E isso é só uma pequena mostra do brilhantismo desse filme.

“Tem certeza que é tudo feito por computador? Tá quente aqui!”

Quantos momentos ÉPICOS.

O resgate de Palpatine, mostrando não só a amizade (aparentemente) inquebrantável de Obi-Wan e Anakin, mas também R2-D2 com momentos divertidíssimos e de muita ação. Ian McDiarmid um MONSTRO na cena da ópera, corroendo a confiança de Anakin na Ordem Jedi com um discurso sombrio e sedutor. O mesmo Palpatine enfrentando quatro mestres jedi, entre eles Mace Windu, massacrando três deles até a intervenção de Anakin – então batizado Darth Vader. A frase mais assustadora da HISTÓRIA, pronunciada com ódio, desprezo e veneno: “Executar Ordem 66”. A trilha sonora do massacre dos jedi pela galáxia, bela e melancólica, um lamento ao fim de uma era de luz e sabedoria. Anakin entrando no templo jedi para MATAR CRIANÇAS. O desespero de Padmé, grávida, incapaz de reconhecer o homem que tanto amou. Uma longa e visualmente fantástica batalha em Kashyyyk, o planeta de Chewbacca. Obi-Wan implorando ao velho mestre para não ser enviado pra matar seu melhor amigo – em vão. O confronto entre Darth Sidious e Yoda, enquanto…

Meu amigo, ver “a morte da democracia sob estrondoso aplauso” não é NADA comparado a ver a morte da amizade entre Obi-Wan e Anakin. NADA.

A luta usa o épico tema do episódio 1, Duel of the Fates, uma peça espetacular do sempre genial John Williams, dando o clima exato para a importância do momento. É exatamente nesse ponto, nessa luta, que Star Wars mostra sua força cultural icônica, seu impacto indelével e sua importância para a história da própria civilização humana. Darth Vader, um personagem tão emblemático que chegou a ser colocado como gárgula em uma catedral ¹, surge ao final desta batalha. Sua arrogância e a doença em que seu amor se transformara foram os responsáveis pela sua derrocada – coerente, compreensível e até lógica, dentro das circunstâncias. “Se você não está do meu lado, então é meu inimigo”, um resumo da polarização política que tem assolado o mundo na última década, soa como uma profecia. “Só um Sith enxerga tudo em extremos”, Obi-Wan responde (em tradução livre).

“Aí, muleque… Quer ver um truque de mágica?”

A luta, que contou com apoio técnico de Steven Spielberg em seu desenvolvimento, ocorre paralelamente ao embate entre Yoda e Palpatine. Ainda que tenha vencido Anakin/Vader, o HERÓI MORAL dessa trilogia, Obi-Wan Kenobi, sai com profundas cicatrizes (leia mais sobre ele nessa outra matéria). Yoda sofre uma derrota humilhante, física e psicológica, se retirando em exílio antes que sofra destino pior.

O epílogo mostra o destino dos gêmeos de Padmé, que morre de maneira inexplicável após o parto, e a cirurgia para salvar a vida de Anakin. O último suspiro de sua amada, no entanto, marca a primeira respiração de Vader, o som profundo que se tornou icônico – sim, isso mesmo. Um personagem tão maior que até mesmo o som de sua respiração é facilmente reconhecido, como o são sabres de luz, wookies e a Estrela da Morte.

Quando pensamos em arte e em sua definição, precisamos ter em mente que a maneira como nos relacionamos com ela e o impacto emocional que ela desperta em nós é o que diferencia uma obra de arte de algo bonito e bem feito. Arte é a capacidade de despertar em nós algo que não sabíamos estar lá, por ser novo ou estar adormecido. Nesse ponto, Star Wars cumpre as expectativas, mostrando, ao longo dos seus seis primeiros filmes, a ascensão, queda e redenção de Anakin Skywalker, um personagem trágico a exemplo de Raskolnikov, Sorel e Dorian Gray. O medo de perder sua mãe, o medo de perder a mulher que amava, o orgulho e a arrogância de quem se acha melhor que seus mestres, jogando fora um destino brilhante em nome de interesses que ele é incapaz de colocar acima da Ordem Jedi e da República.

Injustiçado pela Ordem Jedi e pelo Oscar

Há um Anakin em todos nós.

“Você era meu irmão, Anakin”.

Ironicamente, Obi-Wan perdeu muito mais do que Anakin jamais teve.

A despeito de todas as críticas, que acham que AIMMMM MEU FILMINHO DE ARTE tem méritos sobre o que é popular, A Vingança dos Sith fecha a trilogia do Anakin de maneira concisa não só para a segunda geração de fãs, que estava conhecendo a saga e seus personagens, mas também respeitosamente para a primeira, com laços emocionais fortes e profundamente arraigados. Mais do que isso, ela sedimenta a reputação da saga no imaginário popular ao dar um passado para seu protagonista e pavimentar o caminho para a expansão em vídeo games, histórias em quadrinhos, livros, brinquedos e séries animadas. O fenômeno midiático criado por Lucas se mantem como um dos mais importantes do final do século XX – episódio 3 o colocou no século XXI como uma força a ser reconhecida em meio a infindáveis remakes, reboots e continuações sem sentido. E tudo isso despertando a paixão de milhões de fãs que, entre lágrimas e sorrisos, se emocionaram com cada capítulo.

E se isso não é arte, eu não sei mais o que pode ser.

“Deixem meu Temer em PÁS!”

¹ = “Que história é essa de gárgula de Vader”? Ora, leia mais sobre isso aqui: http://mundocuriosidade.blogspot.com/2009/12/darth-vader-em-uma-catedral.html

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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