As Dez Maiores Sagas da DC – pelos Critérios da Fórmula 1
As Dez Maiores Sagas da DC – pelos Critérios da Fórmula 1: A DC Comics surgiu em 1934 (quase centenária, portanto), sob o nome National Allied Publications. Ao longo de sua história, ela já viu altos e baixos, crises e reboots, mundos morrerem e mundos viverem… A ascensão da Marvel Comics, na década de 60, contudo, colocou a DC definitivamente no patamar de “a segunda” – o que acabou se tornando algo extremamente bom, do ponto de vista criativo.
Quem não é a maior pode – e deve – se arriscar mais, pagando um preço menor quando erra. Enquanto a Marvel, incontestavelmente, se mantém na liderança do mercado com títulos como Homem-Aranha, X-Men e Vingadores, a DC aprendeu a dar voz a autores de vanguarda, como Grant Morrison e Alan Moore, ou mesmo recrutando grandes nomes da concorrente, como John Byrne e Frank Miller, dando-lhes liberdade criativa suficiente para virar de ponta-cabeça a maneira como nós vemos os personagens, a arte de contar histórias ou até mesmo o próprio mercado editorial.
Após uma rápida pesquisa na internet, identifiquei alguns sites que listaram aquelas que seriam as melhores histórias da DC de todos os tempos. Algumas são bastante óbvias, outras me surpreenderam por serem lembradas como “clássicas”. Mas como ser justo com tantas histórias publicadas ao longo de décadas? Com a regra de As Dez Maiores Sagas da DC – pelos Critérios da Fórmula 1!
Usei o método mais imparcial possível, e que pode ser reproduzido empiricamente para qualquer tipo de classificação por listas: a pontuação da Fórmula 1. A categoria máxima do automobilismo já alterou diversas vezes a maneira de pontuar os pilotos pelos resultados nas corridas, mas resolvi ficar com o critério em vigor atualmente: o vencedor leva 25 pontos, o segundo colocado leva 18, o terceiro, 15, e depois 12, 10, 8, 6, 4, 2 e 1 para as posições subsequentes. Então, uma determinada história ganha 25 pontos cada vez que aparece em primeiro lugar numa lista – algumas histórias podem pontuar muito pouco, outras sabemos que sempre são lembradas. Mas assim, consegui, verificando dez listas diferentes, fazer a classificação das melhores histórias da DC de todos os tempos! Leia abaixo As Dez Maiores Sagas da DC – pelos Critérios da Fórmula 1:
10 – Superman – Red Son (31 pontos)
Mark Millar e os desenhistas Dave Johnson e Killian Plunkett nos presenteiam com uma das histórias que melhor definem o Homem de Aço (ironicamente, se passa numa realidade alternativa, o que vai voltar a acontecer quando falarmos do Superman aqui). Imaginando que a nave que trazia o pequeno Kal-El para a Terra tenha caído na União Soviética em 1938, o Superman russo leva a Guerra Fria a outro patamar. Para detê-lo, os Estados Unidos contam com seu mais brilhante cientista: Lex Luthor!
Cada detalhe dessa história (publicada no Brasil com o título “Entre a Foice e o Martelo”, funciona como uma pequena e completa homenagem a toda mitologia do Superman, passando até mesmo por histórias como Reino do Amanhã e Cavaleiro das Trevas, para mostrar que suas principais qualidades, que realmente definem o Homem de Aço, não têm nacionalidade e nem bandeira. Uma das pequenas pérolas de sabedoria dentro dessa história é quando Luthor admite que seu eterno rival “realmente tinha umas ideias muito boas”.
9 – Novos Titãs – O Contrato de Judas (35 pontos)
Essa é uma daquelas sagas delícia dos bons e velhos anos 80 que não vinham atreladas a um mega-evento que te obrigava a ler vinte revistas diferentes. Publicada em Tales of the Teen Titans #42 a #44, e concluída no Annual #3 , o Contrato de Judas é uma das mais densas batalhas entre os Titãs e o Exterminador, com a chocante revelação de que a heroína Terra era uma traidora!
Além da saga mostrar a origem do Exterminador, a revelação de quem estava traindo a equipe foi um marco por mostrar o affair entre ele (claramente um homem de meia-idade) e Terra, que tinha, então, seus 16 anos. Marv Wolfman e George Pérez não tiveram medo de tocar em feridas profundas e a ideia foi reaproveitada por Grant Morrison em seu New X-Men – mas essa é uma outra história.
8 – Asilo Arkham (36 pontos)
E por falar em Morrison… “Uma casa séria em um mundo sério” é uma das graphic novels mais perturbadoras de todos os tempos! Asilo Arkham se beneficia não só do talento do roteirista escocês, mas também da arte assustadora de Dave McKean. Cada página é estruturada para tornar a leitura cada vez mais claustrofóbica e angustiante, enquanto Batman tenta debelar, sozinho, uma rebelião no famigerado hospício, onde estão reunidos seus mais notórios inimigos.
O grande triunfo dessa série é mostrar a maneira como o Cavaleiro das Trevas se relaciona com sua galeria de vilões, mas mais do que isso: ela mostra o que o Batman significa para os que querem destruí-lo! É quando descobrimos que o Coringa, talvez, não seja louco e, num dos momentos mais chocantes da história da DC Comics, Batman admite que não tem medo de ser morto ao entrar lá – o que ele realmente teme é se sentir em casa.
7 – Crise nas Infinitas Terras (47 pontos)
A mega-saga por excelência, Crise foi publicada para celebrar os cinquenta anos da DC Comics – destruindo seu multiverso no processo! Famosa por contar com terras paralelas e diferentes versões de seus personagens, Marv Wolfman e George Pérez começaram com uma ideia para um vilão dos Novos Titãs – e terminaram com uma limpeza na cronologia da editora, culminando em muitas mortes e novas origens!
Ainda que nem todos os problemas de cronologia tenham sido resolvidos, Crise foi a história que serviu de ponto de partida para um universo mais enxuto e coeso: o preço a ser pago, no entanto, incluiu as mortes do Flash da Era de Prata e da Supergirl.
6 – Batman: A Piada Mortal (58 pontos)
Tudo que é preciso para quebrar um homem é apenas um dia ruim. Nessa sensacional história da mente de Alan Moore e com o lápis soberbo de Brian Bolland, descobrimos como foi o dia ruim de um dos maiores vilões dos quadrinhos: o Coringa! Quem ele era e como se tornou o maior criminoso da mitologia do Homem Morcego e, pior ainda, seu plano doentio para fazer o mesmo com o Comissário Gordon!
Polêmica desde sua concepção, os editores da DC Comics tinham em suas mãos um grande problema: se, por um lado, era uma história genial demais, por outro, inseri-la na cronologia implicava em mudanças drásticas na relação entre o herói e o vilão. Mas, como a DC nunca teve medo de se arriscar, deram luz verde para que o plano do Coringa se tornasse um marco dos quadrinhos, deixando profundas cicatrizes em Barbara Gordon, a Batgirl!
5 – Batman Ano Um (60 pontos)
A origem definitiva do Batman, tão competente em definir não só seus propósitos e motivações como também a maneira como o milionário Bruce Wayne passou anos se preparando para combater o crime, Ano Um foi referenciada em filmes e desenhos animados, comprovando que passou no teste do tempo.
Mais do que isso, o que o roteiro de Frank Miller e o traço incrivelmente soberbo de David Mazzuchelli nos dão é um panorama do que é preciso para enfrentar o crime em Gotham City e, nas entrelinhas, está lá também a origem do comissário Gordon, um homem bom em uma cidade decadente, que chega ao cúmulo de se aliar a um homem vestido de morcego – pois sabe que ele pode ser a única esperança da cidade.
4 – All Star Superman (116 pontos)
Essa é uma história que, ao longo de suas doze edições, define de maneira tão magistral tudo que o Superman é e representa, que vou deixar as imagens falarem por si. Por Grant Morrison e Frank Quitely.
3 – Watchmen (119 pontos)
Apesar de não ser uma história da cronologia ou dos personagens do universo regular da editora (ainda que a mega-saga Doomsday Clock esteja forçando a barra nesse sentido), Watchmen expande as possibilidades narrativas ao limite, entregando uma história que brinca com o realismo fantástico, mantendo um pé no chão e outro em metalinguagem, história e desenvolvimento dos quadrinhos e a percepção que nós temos dessas figuras surreais.
Alan Moore e Dave Gibbons entregam aqui, essencialmente, uma história comovente, sobre a fragilidade da vida humana, o peso das nossas relações e efemeridade de nossas decisões, em um universo grande demais, perigoso demais e que pune e recompensa em igual medida.
2 – Reino do Amanhã (126 pontos)
Confesso que fiquei surpreso ao ver essa série à frente de Watchmen, mas é um exemplo claro de como é vantajoso explorar os grandes ícones da editora. Se for numa história que realce suas qualidades mais importantes, então, melhor ainda.
Baseada em um rascunho de Alex Ross sobre uma ideia antiga de Alan Moore, o que o roteirista Mark Waid fez foi atualizar a trama de “Must there be a Superman?” de Elliot S! Maggin para um contexto que conversava com os quadrinhos do final dos anos 90: violentos e, via de regra, vazios. Seu brilhantismo é coroado pela arte de Ross, que deixa os personagens ainda mais simbólicos e majestosos.
1 – O Cavaleiro das Trevas (213 pontos)
Alan Moore certa vez disse que, com Cavaleiro das Trevas, os quadrinhos finalmente tinham seu “ragnarok”. A mitologia contemporânea dos super-heróis já tinha mostrado diversas vezes o futuro de seus personagens, mas a maneira como essa história fala com Ano Um (não coincidentemente, do mesmo autor), direciona toda a cronologia do Batman de um gênesis a um apocalipse. Frank Miller transforma o Batman no homem mais perigoso do mundo com roteiro pungente e arte avassaladora do começo ao fim.
Cavaleiro das Trevas também carrega o mérito de ser a primeira mini-série no formato Prestige, impressa em material de mais qualidade e sem anúncios publicitários, da primeira à última capa. Tornou-se a obra máxima dos quadrinhos, um divisor de águas na indústria. Seu roteiro é tão impactante e influente que a DC se esforçou bastante para transformá-la no futuro oficial do Batman – não importando quem tivesse que morrer no caminho. A maneira como foi apresentada aos leitores, por outro lado, deixava claro que os quadrinhos tinham amadurecido, sim – provavelmente muito antes, com a Marvel de Stan Lee e Jack Kirby – mas finalmente receberiam tratamento à altura.
Pra quem já conhece quadrinhos há algum tempo, a lista não apresenta grandes surpresas – talvez o fato de “Reino do Amanhã” ter aparecido na frente de “Watchmen” – mas não dá pra negar que ela faz bastante sentido. O que é realmente interessante foi ver histórias relativamente recentes, como “Red Son” e “All Star Superman” na lista – uma mostra clara de que ainda há muito a ser explorado e que essa indústria vital está longe de perder o fôlego.
E você, amigo leitor? Concorda? Discorda? Tem algum clássico esquecido que deveria estar aqui? Qual sua história da DC favorita de todos os tempos? Só lembrando que essa lista ajuda a traçar um panorama do que realmente podemos chamar de clássico, então não está longe o dia em que uma lista da Marvel vá aparecer aqui na Popsfera!
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