Batman – Three Jokers #3 – A Piada Sem Graça

Batman – Three Jokers #3 – A Piada Sem Graça: Finalmente chegamos à conclusão da mini-série de Geoff Johns e Jason Fabok que prometia explicar quem diabos eram os três Coringas, anunciados pela primeira vez lááááááá atrás, em Justice League #50. Lançado em 2016, o gibi era a conclusão da saga “Darkseid War” – e foi produzido pela mesma equipe criativa de Three Jokers!

Após ter acesso à Cadeira Mobius, um aparato que permite viajar no tempo e no espaço, a primeira coisa que Batman faz é testá-la, perguntando quem matou seus pais – e a cadeira manda a resposta certa. Porém, ao perguntar o verdadeiro nome do Coringa, ele é pego completamente desprevenido!

Não há um nome, mas há três Coringas!

O Bobo, o Paiaço e o Jóquer

Quatro anos, e duas sangrentas edições depois, finalmente vamos entender esse mistério – ou não! Prepare-se, popnauta: daqui pra frente é só spoiler que avua!

Como se desenrola

O que achamos de Batman – Three Jokers #3 – A Piada Sem Graça: Servindo como uma sequência, cronológica e “espiritual” de “A Piada Mortal”, de Alan Moore e Brian Bolland, Three Jokers decepciona justamente por se manter presa demais ao estilo da original. Seja na narrativa ou na arte, ela presta um longo e infantilizado tributo à história clássica, saindo do nada, indo pra lugar nenhum e se desconectando dos materiais que deveria respeitar: “Darkseid War” e a própria “Piada Mortal”.

O trio Batgirl, Capuz Vermelho e Batman tem muito o que investigar – mas também muito o que resolver. Batman está furioso por Jason Todd ter matado um Coringa; Jason, por sua vez, não se conforma por não ter conseguido levar Bárbara Gordon pra cama. Já a poliana Batgirl tenta colocar panos quentes na situação entre ela e Jason, e entre Jason e Bruce Wayne. Confuso? Calma que piora.

O plano dos três Coringas, ao longo das duas últimas edições, parecia ser criar o “Coringa definitivo”, uma nova encarnação do mais mortífero inimigo do Batman. Pra isso, eles precisavam escolher uma vítima e levá-la ao limite. Por isso os crimes. Por isso a tortura a Jason Todd. Mas nenhum deles parecia funcionar. O Coringa conhecido como “the Criminal” (“o Criminoso”) parecia obcecado (mas extremamente focado) na ideia de criar um novo palhaço do crime. As outras duas versões de si, “the Comedian” e “the Clown” (“o Comediante” e “o Palhaço”, respectivamente) simplesmente se deixavam levar pelo plano, se divertindo com o estrago psicológico que isso fazia à batfamília.

Em alguns momentos, isso me levou a acreditar em uma espécie de Coringa “místico e totêmico”, um avatar do caos que passava de pessoa em pessoa, a imbuindo da loucura necessária pra ser o novo Coringa – isso justificaria uma cronologia de vários Coringas, ligeiramente diferentes entre si, e até mesmo os Coringas existindo simultaneamente. Uma ideia boa? Não, claro que não. Mas a história parecia seguir por esse caminho, com o sombrio “the Criminal” manipulando a batfamília e seus alegres companheiros.

Onde ela se enrola

O que temos, na verdade, foi o Coringa “the Comedian” tão manipulador que manipulou o “the Criminal”, levando-o a pensar que estava manipulando os outros – e não sendo manipulado. Confuso? Relaxa. O que acontece é que, o tempo todo, só tivemos um Coringa mesmo. Às vezes ele age um pouco diferente, ele até parece um pouco diferente. Mas é o mesmo homem por trás do sorriso. Um homem que levou outros à loucura, fazendo-os acreditar que também eram o Coringa. Tudo parte de seu eterno e insano jogo contra o Batman, brincando com a sua vida e as vidas das pessoas que ele ama (mesmo que não saiba demonstrar). Um jogo que começou em “A Piada Mortal”.

O Coringa chega ao cúmulo de sequestrar Joe Chill, o homem que matou os pais de Bruce Wayne, um velho doente à beira da morte. Chill passou a vida inteira arrependido de seu crime, tentando dizer a Bruce que sentia muito. O Coringa ia conseguir “transformá-lo em Coringa” também? Não importa. Não era esse o jogo. O Comediante queria apenas brincar.

Isso oficializa a origem do Coringa como sendo a mostrada em “Piada Mortal”, porém com uma ligeira alteração: o Coringa era, na verdade, um marido abusivo, que aterrorizava sua esposa grávida, colocada em proteção por policiais preocupados com seu bem-estar. Ela foi levada pra longe, onde cria um menino alheia a toda a loucura de Gotham. Ela cria, sem saber, o filho do Coringa. E o Coringa jamais descobriu que ela não morreu.

Ele descobriu a identidade secreta do Batman e dos membros importantes da batfamília, mas não o que aconteceu com a sua esposa. Não é explicado se houve um funeral, não é dito que algum dia o Coringa tenha desconfiado de alguma coisa. Isso não importa.

O que importa é: Bruce Wayne sabia. Em suas próprias palavras, ele descobriu a identidade do Coringa e toda sua trágica história apenas uma semana após tê-lo confrontado pela primeira vez!

Segundo o Batman, a identidade do Coringa não é importante. Seu passado não é importante, apenas o que ele se tornou. O mal que deve ser combatido a todo custo. Seu verdadeiro nome não resolveria nada, apenas poderia colocar a mulher e o filho em perigo – mulher e filho com os quais ele ainda sonha, conforme visto na segunda edição.

O grande problema é que isso desconecta totalmente do mostrado em “Justice League”: se o Batman sabia quem é o Coringa, por que perguntou para a Cadeira Mobius? Apenas para testá-la novamente? E por que ficou tão assustado com uma resposta que ele sabia que não tinha o menor sentido?

O Veredicto

A conclusão de Three Jokers é uma decepção gigantesca, por tentar oficializar a versão de “Piada Mortal” num clima totalmente de fanfiction, com tanta reverência ao material original que acaba ficando sem personalidade própria. Resta saber se, da mesma forma que Johns fuçou as latas de lixo de Alan Moore pra escrever tantas histórias pra DC, algum dia teremos um roteirista fuçando o lixo de Geoff Johns para desenterrar bobagens como essa. Aí se vê a grande diferença de valores: enquanto Moore jamais quis escrever um “grande épico” (até mesmo considerando “A Piada Mortal” um de seus trabalhos mais fracos), Geoff Johns trabalha com uma pretensão absurda de tomar as rédeas da cronologia em suas próprias mãos e definir que vale o que ele gosta.

Quando o comissário Gordon ficou sabendo que Bárbara é a Batgirl? Quem são os policiais envolvidos na “proteção” da ex-mulher do Coringa – e de quem partiu a ordem? Como o “romance” (ou pelo menos o princípio de um romance) entre Jason e Bárbara pôde acabar de maneira tão imbecil? Como a Cadeira Mobius se deixou enganar pelos três Coringas? Sabemos que Johns não gosta do Batman, então dá pra considerar que nada do que ele escreveu pro personagem vale, então. Agora é torcer pra termos Brian Michael Bendis no Batman ano que vem, pra mostrar o que REALMENTE é brincar com a cronologia.

Three Jokers? Uma bobagem muito bem desenhada. Nada mais do que isso. O que acharam da análise da matéria Batman – Three Jokers #3 – A Piada Sem Graça? Deixe seu comentário!

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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