Bill & Ted 3 – O Melhor Ficou para O Final!
Bill & Ted 3 – O Melhor Ficou para O Final: Sempre que ouço falar que uma franquia dos anos 80 ou 90 vai ter continuação (ou reboot, ou remake), logo torço o nariz e penso em como isso vai ser um total desperdício de tempo – para atores, diretores, produtores, roteiristas – mas principalmente para os fãs, que vão acabar assistindo.
Porém, o mundo mudou muito desde a última aventura de Bill & Ted, em 1991. Dos dois lados da tela.
O que mudou
Se, por um lado, o hard rock e o heavy metal não são mais tão relevantes quanto eram naquela época, as comédias precisam ser mais cuidadosas quanto ao direcionamento que dão ao humor, Keanu Reeves virou um dos maiores astros da popsfera e vivemos uma pandemia que não nos permite viajar nem até ali na esquina – do outro temos uma dupla que não conseguiu corresponder às expectativas de compor uma música que pudesse unir o mundo – eles não estão conseguindo nem mesmo manter seus casamentos, mergulhados num ostracismo pessoal e profissional. Claro, são lesados demais pra perceber isso.
Assim começa Bill & Ted – Face The Music, uma aventura que consegue a proeza de trazer todo o elenco original de volta (à exceção de George Carlin, falecido em 2008 mas devidamente homenageado) para um encerramento que não apenas é muito digno, mas também muito divertido e com sutis mensagens, muito contundentes para o nosso tempo. Como qualquer boa franquia, ela faz adições ao elenco – as mais significativas, Samara Weaving como Thea, a filha de Bill, e Brigette Lundy-Paine como Billie, a filha de Ted. Elas conseguem se sair muito bem, especialmente Weaving (sobrinha do consagrado ator Hugo Weaving), mesmo praticamente repetindo os papeis de Reeves e Alex Winter como adolescentes cabeça-de-vento. Cabe a elas encontrar uma solução para o grande dilema que seus pais vivem – e que pioram à medida que tentam resolver.
O Plot
A banda “Os Garanhões Selvagens” entrou numa espiral de decadência que parece não ter fim. Bill e Ted recebem um ultimato: eles vão ter uma última chance para mostrar ao mundo a música que uniria todos os povos, ou vão comprometer todo o futuro – e eles têm apenas 12 horas! Como eles estão cientes de não serem lá muito bons compositores (pra ser bem eufemista), eles resolvem viajar pelo tempo e roubar a música deles mesmos – é quando descobrem que fracassaram, os casamentos acabaram e eles se tornam cada vez mais amargurados.
A sutileza da mensagem diz respeito à depressão: em uma das tentativas de roubar a música de si mesmos, Bill e Ted encontram versões suas no leito de morte, dando espaço para diálogos simples, mas muito profundos, entre os protagonistas e suas contrapartes. “Eu quero agradecer por todas as vezes que você me apoiou. E sinto muito por todas as vezes que te decepcionei.”
“Você nunca me decepcionou.”
A Mensagem
Existe um peso muito grande, uma pressão social pelo sucesso que exige que sejamos grandes profissionais, excelentes pais/mães, maridos/esposas, ou mesmo filhos, com as redes sociais colocando um nível de excelência em todas essas searas, que é humanamente impossível de ser atendido. Há uma negação da importância do fracasso e do erro, da aceitação de que fazer o melhor que podemos é o bastante e de que cobrar tanto, de nós mesmos ou das pessoas ao nosso redor, vai minando pouco a pouco a alegria da grande jornada que é a vida. Pois cada dia fica parecendo mais um em que não foi feito o bastante, não foi feito o melhor. A resolução do problema, nas mãos das filhas, tão parecidas com os pais, é a prova de que está tudo bem errar ao longo do caminho, não há nada de errado em não saber o que fazer às vezes, pois claramente o mais importante está lá: as duas meninas amam os pais. Elas receberam o amor necessário para terminar o que eles começaram e transmitir a mensagem.
“Sejam excelentes uns para com os outros. E festejem demais!”
Se a intenção era mesmo essa, se realmente houve uma mensagem assim no filme, talvez caiba à experiência de cada um ao assistir. Talvez seja só coisa da minha cabeça.
Talvez seja só uma comédia excelente.
O Veredicto
Fica registrado o quanto é bom ver Reeves mas também, e principalmente, Winter de volta ao papel, com William Sadler como a Morte, a ponta bem sacada de Dave Grohl, e outras surpresas que vão pipocando aqui e ali. Vale não só pela nostalgia, mas por dar um pouco de esperança e otimismo em tempos tão difíceis, sem maiores pretensões. Talvez Bill & Ted tenham conseguindo mais do que esperavam, afinal. E não percam a cena pós-créditos!
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