Birds of Prey a série que coloca a Arlequina no seu devido lugar!
Birds of Prey a série que coloca a Arlequina no seu devido lugar: Há muito tempo atrás, quando Smallville era uma das séries mais assistidas e a CW queria usar Batman e toda a sua cronologia mas não podia (pois o personagem era destaque nos cinemas. Sim, era meio absurdo, mas a Warner não cedia o personagem para aparecer em séries nesta época), surgiu dos escombros de New Gotham uma série que ousou desafiar seu próprio tempo, composto somente por mulheres de fibra, determinação e com bastante ação nas veia. Sim, estamos falando da adaptação de Birds of Prey para a televisão. Leia abaixo Birds of Prey a série que coloca a Arlequina no seu devido lugar:
Era o ano 2002 e Smallville estava em sua 2ª temporada, gozando de muito prestígio por ter trazido novos fãs para assistir as aventuras do jovem Superman. Esta série acendeu os holofotes na época para o interesse em personagens oriundos do universo da DC Comics. Não à toa é considerada uma das fases que a editora mais adquiriu leitores. Logo os empresários do canal da Warner (CW), que de bobos não tem nada, tiveram a genial ideia de adaptar uma série nos mesmos moldes para o público feminino.
Adaptando personagens femininos interessantes e que não eram de conhecimento entre aqueles que não liam as histórias em quadrinhos. Logo para o canal era uma ideia ótima, pois atacava de várias frentes possíveis. A CW teria o apoio do leitor de quadrinhos de Birds of Prey, das garotas que assistiriam o seriado e ao telespectador que só zapeava pelos canais pagos de sua tv por assinatura, com uma série moderna, estilosa e com atrizes bonitas que faziam poses sexys e provocantes. Receita perfeita para entreter a todos.
O episódio piloto foi realmente muito intenso e instigante. Recheado de ação, boas cenas de luta, uma história envolvente e tinha até mesmo citações ao Homem-Aranha. Ou seja, um prato cheio que agradou a gregos e troianos. Fomos apresentados a cidade de New Gotham. Onde em flashbacks é mostrado que Batman derrotou seu arqui-inimigo Coringa, desmantelando sua gangue com a ajuda da Batgirl (interpretada aqui por Dina Meyer) conseguindo fechar o cerco ao Palhaço nas docas de New Gotham. O Coringa escapa da prisão por algumas horas só para orquestrar um plano de desestabilização do vigilante da cidade como forma de se vingar por ter perdido seu império. Então ele ordena que o Cara-de-Barro disfarçado mate o grande amor do Cavaleiro das Trevas, Selina Kyle também conhecida como a ladra Mulher-Gato. Em paralelo, o palhaço do crime pessoalmente dá um tiro em Barbara Gordon (aka Batgirl), o que a deixa paraplégica.
Com todos esses eventos ocorrendo na vida do Homem-morcego, o cruzado de capa abandona a vida de vigilante e a cidade, sem saber que de seu relacionamento com Selina um belo bebê havia nascido: Helena. O grande detalhe é que a filha do Batman estava ao lado da mãe quando ela foi assassinada. Então sob a chuva e com sua querida progenitora nos braços ela jurou vingança contra o crime. Parece familiar? Ok, vamos seguindo.
Os caminhos de Helena e Barbara se cruzam em algum momento e, mesmo presa em uma cadeira de rodas, ela assume a custódia de Helena e revela a história de sua família e a treina para canalizar toda sua raiva, ódio e frustração contra os criminosos da cidade.
Durante o dia Barbara trabalha como professora de inglês na New Gotham High School, enquanto à noite faz vigilância digital como Oráculo, uma gênio tecnológica. Esta incrível perita digital encontra refugio e moradia na Torre do Relógio de New Gotham, onde controla vários sistemas de computador, coordenando vários sistemas de informação. Além disso, Barbs (apelido carinhoso que as meninas lhe deram) serve como os olhos e ouvidos de Helena, mantendo-a atualizada sobre informações relevantes para o que estiver trabalhando. Seus métodos geralmente diferem dos de Helena, mas os resultados geralmente são os mesmos. SUCESSO.
Uma nota importante sobre Helena Kyle, sua mãe era uma meta-humana, ou seja, a lendária “rainha do submundo do crime”, que adotou o pseudônimo de Mulher-Gato, tinha poderes, tal qual a versão da personagem que chegou aos cinemas na pele de Halle Berry. Anos atrás, a ladra teve um caso com seu maior adversário, o guardião de New Gotham, o Batman, e desse relacionamento veio Helena.
Selina (presumivelmente aposentada do crime), criou Helena sozinha, ou seja, escondendo de Bruce a existência de sua filha, talvez com medo de perde-la nesta guerra contra o crime que o Cruzado de capa estava envolvido.
Ao crescer, Helena tornou-se amiga íntima de uma das protegidas do Batman, sem sequer desconfiar da identidade heroica Barbara. Até os eventos que deixaram a parceira do Batman em uma cadeira de rodas.
Helena nunca se recuperou verdadeiramente da morte de sua mãe, e a revelação da identidade de seu pai não serviu para aproximar os dois, haja vista que Batman, ainda de luto pela morte de Selina, deixou New Gotham abandonando tudo e todos e deixando instruções para seu mordomo Alfred vigiar sua filha. Aparentemente ele só descobriu a existência de sua filha após a morte de Selina. E mesmo sabendo de um fato que muda toda a vida de um homem, Bruce abandona tudo e todos.
Essa é a formação da Aves de Rapina da série que aliás introduz uma terceira personagem ao show, Dinah Lance. A futura membro do grupo de heroínas é filha de Carolyn Lance, também conhecida como a Canário Negro (que tinha até o poder sônico que nomeiam de “grito da canário”). Nunca se mencionou quem era o pai dela. Quando ela tinha seis anos, um homem plantou uma bomba embaixo da cama sem que soubessem. Sua mãe chegou em casa naquela noite mais cedo por incrível coincidência do destino e a salvou.
Preocupada com sua filha após este evento Carolyn a deixou aos cuidados da família Redmond, que a adotou, e nunca mais retornou. Eles moravam na pequena cidade de Opal, Missouri. Naquela época, Dinah não havia mostrado nenhum sinal de potencial meta-humano, mas isso mudou rapidamente depois que a mãe a deixou.
A pequena Lance testemunhou Barbara Gordon sendo baleada pelo Coringa e Selina kyle sendo assassinada na frente de Helena pelo Cara-de-barro disfarçado. Os Redmond continuavam dizendo a Dinah que o que ela viu era apenas sua imaginação. Ate o ponto de que passaram a trancá-la em um armário, um tremendo abuso com a menor de idade. Isso forçou a garota a prometer que não tinha mais as visões.
Dez anos se passam e a menina já tinha uma série de fugas de casas com histórico de roubo. Então, aos dezesseis anos de idade, Dinah decidiu abandonar sua antiga vida, indo para New Gotham, onde estava determinada a fazer uma vida diferente da anterior. Como se desgraça pouca fosse bobagem em sua primeira noite em Gotham ela é atacada por um homem em quem acreditava poder confiar, sendo salva pela Caçadora. No mesmo instante a jovem loira identificou a vigilante como a garota do seu sonho de anos atras (das visões que tinha).
Com apenas um toque em Helena, Dinah leu a mente e descobriu o local de refugio das Aves de Rapina. Inclusive conseguindo entrar com facilidade, pois, tinha os códigos de acesso, isso tudo apenas para ser nocauteada posteriormente.
Mais tarde, ela os ajudou a resolver o caso em que estavam trabalhando e isso permitiu que ela se juntasse as Aves de Rapina na luta contra o crime. Ao longo da série, Dinah tem alguns momentos difíceis. A maior parte disso é causada pela descoberta de que sua mãe era a Canário Negro e, em seguida, a aceitação da morte de sua progenitora. Ou ao menos a presunção, afinal o corpo nunca foi encontrado, abrindo margem para interpretações ou brechas para serem explorado num futuro.
Essas três personalidades juntas formam um grupo coeso que trabalham bem e protegem a cidade de Gotham. Ainda somos agraciados com a presença de Alfred que frequentemente leva comida para Torre do Relógio e alimenta essas pobres garotas que enfrentam grandes bandidos e vilões, mas esquecem de alimentar seus corpos. O antigo mordomo de Bruce serve como um elo entre o Batman e seu antigo legado com este novo grupo protetor. É ele que serve às vezes de compasso moral ou bússola emocional do time. Nas poucas vezes em que aparece com sua sabedoria e uma xícara de chá quentinho com biscoitos. Birds of Prey a série que coloca a Arlequina no seu devido lugar.
A série é centrada basicamente na Caçadora interpretada pela Ashley Scott. A vigilante embora tenha ganhado alguma satisfação rondando as ruas como Caçadora, Helena ainda tinha problemas psicológicos profundamente enraizados. Ela começou a receber terapia de controle da raiva de um psiquiatra local chamada Doutora Harleen Quinzel (já sabem né?). No início, as sessões foram ordenadas pelo tribunal depois que ela derrubou um segurança e destruiu um hidrante (estranho que não desconfiaram que a menina tinha poderes, ok, vamos relevar). Mais tarde, ela decidiu que uma ajudinha não seria tão ruim. Mal sabia ela que Harleen Quinzel já foi amante do Coringa e desejou nada menos do que a completa destruição de New Gotham, que ela considerou responsável por seu ‘Mister J’ ter sido colocado na prisão.
Como médica de Helena, Harleen descobriu que sua paciente era filha de Bruce Wayne e perto do final da temporada veio a revelação que era aquela garota que ela atendia que frustrava seus planos como Caçadora.
Helena permaneceu principalmente nas sombras, prendendo pequenos criminosos e deixando-os anonimamente nos degraus da frente da delegacia de New Gotham. Na cidade, ela estava desenvolvendo sua própria reputação como uma espécie de “lenda urbana”. Embora houvesse uma população saudável de meta-humanos, a maioria dos policiais do Departamento de Polícia de New Gotham depositou pouco fé nessa suposta lenda urbana. Um detetive, no entanto, Jesse Reese, acreditava nas histórias que ouvira e estava determinado a resolver o mistério desse estranho novo herói. Ao investigar uma série de suicídios de alto nível, ele finalmente ficou cara a cara com a Caçadora. A Caçadora tentou explicar a ele que ambos estavam do mesmo lado, servindo a causa da justiça, mas Reese estava relutante em acreditar nela. Ele tentou trazê-la, mas a Caçadora sempre resistia. Os dois se cruzaram em vários casos e, com o tempo, Reese começou a confiar nela e valorizar seu compromisso de combater o crime meta-humano em New Gotham. Ele foi uma das primeiras pessoas fora da ‘vida’ em que ela confiava com sua identidade secreta. A dupla teve um relacionamento romântico apenas no final da série.
A série tem muitos pontos positivos, e alguns poucos negativos.
O seriado é charmoso, tem atores carismáticos que conseguem segurar bem durante quase 1 hora de episódio. As histórias são interessantes. Mas ficam algumas perguntas, para que renomear a cidade para New Gotham? Meio desnecessário, mas isso a gente pode relevar tranquilamente. Porque colocar a Mulher-Gato como meta-humana? Qual a necessidade disso, já que personagens como ela e o Batman pularem entre os prédios desafiando deuses poderosos é que tem a verdadeira graça. E tornar Helena herdeira dos poderes da mãe, soa como uma desculpa para utilizar uns bonecos digitais bem feios e uns efeitos de CGI no olho da heroína. Me impressiona que em Crise nas Infinitas Terras da CW, não utilizaram tal efeito quando Ashley Scott imbuída da personagem deu o ar de sua presença neste grande evento das séries.
Um dos pontos positivos a ser ressaltado é como o show bebe da fonte original que são as hqs. Já no piloto vemos a introdução de conceitos de A Piada Mortal e das hqs de Birds of Prey. A Batgirl sendo alvejada pelo Coringa e se aposentando e dando lugar à Oráculo, a vigilante hacker, sendo inclusive a fundadora das Aves de Rapina e mentora das garotas, foi completamente baseado nas hqs daquele cotidiano. Tanto a fase Chuck Dixon, quanto a fase Gail Simone são utilizadas nas telas para apresentar os personagens num contexto adaptado ao cotidiano do show. Ou seja, os roteirista não tem vergonha de seu produto ser derivado de uma matéria prima rica e abundante, que proveem de um universo que tem milhares de conceitos. Eles não têm vergonha de dizer que são adaptações de quadrinhos.
Mia Sara como a Doutora Harleen Quinzel foi incrível. Ela foi excepcional como a psiquiatra que coleta as informações de Helena. Mas foi tudo tão ao acaso que você chega a achar que o roteiro abusa de sua inteligência, tamanhas coincidências entre as personagens.
Veja bem, não vejo problema nenhum em um roteirismo para favorecer o encontro entre alguns personagens e com isso dar aprofundamento na história, mas desde o primeiro episódio por uma incrível coincidência do roteiro lá estavam a filha do Batman e a amante do Coringa na mesma sala e conversando sobre os problemas de raiva de Helena. Por favor…
E o uniforme da Arlequina no final da temporada foi muito, mais muito vergonhoso e malfeito. Mas como pontos a favor, a produção da série a coloca como a vilã que sempre foi. Aliás, como foi concebida originalmente na animação The Batman Animated do Paul Dini. Então a produção e roteiristas estão de parabéns por isso. Por muito menos tem produção com base nas Aves de Rapina que insistem em colocar a Arlequina como protagonista/fundadora do grupo. Vai entender. É tão difícil seguir a fonte original das histórias?
Outra personagem que sofreu como adaptação nesta série foi a jovem Dinah Lance (interpretada por Rachel Skarsten). Ok, eu entendo que há uma necessidade de adaptação das histórias em quadrinhos para a tela, você precisa condensar muito material para pessoas que talvez nunca tenham lido ou conhecido determinado personagem. Mas era filha da Canário Negro original. Sua mãe tinha o “grito da canário” e ela não herda os poderes da mãe? Pelo contrário tem poderes mentais e telecinéticos? Isso não tem lógica alguma. Poderia ter sido utilizado a Canário original tranquilamente, sem precisar dar contornos abusivos na historia.
O seriado ainda contava com as participações especiais de Ian Abercombie que interpretava um Alfred idêntico ao das hqs.
Aves de Rapina também gozava de uma background instável. Tinha momentos que New Gotham parecia a Gotham de Batman Beyond (a animação futurista onde o novo Batman Terry Mcginnis lidava com toda a sorte de gangues mutantes), completamente povoada de meta-humanos. Isso fazia com que o roteiro calcasse mais nos personagens poderosos e menos no desenvolvimento interno por exemplo das Aves. Talvez essa temática tenha vindo à tona como resposta do sucesso de Smallville e seus humanos afetados pela kriptonita. Mas uma coisa que sempre gostei nesta série foi eles terem coragem de chamar seus personagens com poderes de meta-humanos, que era um termo das histórias em quadrinhos.
Outro detalhe que acho legal mencionar é o quanto o Batman e a Mulher-Gato dos flashbacks se parecem com os personagens do filme do Batman do Tim Burton. Fazendo ate mesmo acreditarmos que esta série fosse um spin-off deste maravilhoso universo.
Birds of Prey, ou como foi chamado aqui no Brasil pelo SBT de “Mulher-Gato” (incompreensível receber esse nome, mas creditamos esses erros para o canal do Silvio Santos) foi no meu entender uma série lançada numa época errada. Certamente se fosse lançada hoje seria muito mais bem recebida, principalmente se vermos o tremendo sucesso do Arrowverso. Birds of Prey a série que coloca a Arlequina no seu devido lugar.
Seria lindo ver a série estar numa 8ª temporada e frutificar que nem jaqueira no verão, tenho certeza que faria muito sucesso. Ela do jeitinho que foi concebida tinha seus problemas, mas que seriam resolvidos com o passar do tempo. Infelizmente ela foi cancelada com apenas 14 episódios. Não dando tempo para Helena desenvolver seu romance com o detetive Reese e evoluir como vinha numa boa curva de aprendizado. Ashley Scott felizmente soube dosar muito bem a raiva inicial que era quase infantil contra um pai que nem sabia de sua existência até sua aceitação. E após Bruce ligar para ela no episódio final e sinalizar com um possível retorno, ficaremos sempre com esse gostinho de saber o que poderia ter acontecido se Batman retornasse e formasse uma dupla de pai e filha com a Caçadora.
Com esse cancelamento fomos prejudicados em saber mais do desenvolvimento de Dinah Lance e de usufruir em assistir a liderança inigualável de Barbara a frente das Aves de Rapina. Infelizmente não podemos mais ver deste lindo universo que era New Gotham. Mas que bom que viram que esta série marcou seu devido momento e foi citada como uma das Terras paralelas do Arrowverso, tornando assim possível um dia ela ser revisitada, tal qual nossa amada Smallville. Ou ate mesmo ressuscitarem este universo, garanto que Ashley Scott e Dina Meyer aceitariam reviver Oraculo e Caçadora novamente. Não cito o retorno de Dinah, porque a atriz já está trabalhando como personagem fixo em Batwoman. Mas fica a torcida pela serie sempre.
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