BLACKSAD – LEIA A HQ JOGUE O GAME E ADOTE UM GATO
BLACKSAD – LEIA A HQ JOGUE O GAME E ADOTE UM GATO: Você aí, caríssimo leitor do Popsfera, manja aquele filme noir, um detetive malandrão, uma mocinha enigmática em perigo, muitos tipos mal encarados?
Assim é BLACKSAD, HQ espetacular da dupla espanhola Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido, escritor e desenhista, respectivamente.
Juan Díaz Canales desde muito jovem apresentou interesse por quadrinhos e animações, tendo ingressado aos 18 anos em uma escola de animação e artes em Madrid, cidade em que nasceu. Em 1996, junto com mais três artistas, Canales fundou a Tridente Animation, empresa com a qual ele trabalhou fornecendo roteiros para quadrinhos e animações para produções europeias e americanas. Durante esse período, ele conheceu Juanjo Guarnido.
Juanjo Guarnido estudou pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Granada, na Espanha. Colaborou com fanzines locais, fez alguns trabalhos para a Marvel Comics mas, procurando um mercado melhor de trabalho, se mudou para Madrid em 1990, onde trabalhou em séries de TV por um tempo. Nesse período, Guarnido conheceu Canales e as primeiras idéias para a série BLACKSAD surgiram alí. Em 1993, Guarnido aceita um emprego no Walt Disney Studios em Montreuil, França, e se muda para Paris. Ele foi responsável pela animação da personagem Sabor na animação Tarzan, a leopardo que mata os pais do nosso menino de tanga. Ao fim desse projeto, Guarnido retomou seu contato com Canales e o projeto BLACKSAD ressuscita.
Após oferecerem o projeto para diversas editoras pela Europa afora, a editora Dargaud decide apostar no trabalho da dupla e, dessa forma, BLACKSAD tem a sua primeira impressão feita em francês. Hoje, a obra já foi traduzida para o espanhol, alemão, búlgaro, catalão, chinês, croata, dinamarquês, holandês, checo, inglês, finlandês, alemão, grego, italiano, japonês, norueguês, polonês, português, russo, sérvio, húngaro, sueco e turco. Tá bom pra você? Tem gato em todo lugar mesmo…
Todos os personagens do gibi são animais antropomorfizados. Nosso herói, por exemplo, é um elegante gato preto usando um sobretudo. Policiais são cães, às vezes raposas; Adolf Hitler foi retratado em uma foto como um gato, o que me lembrou bastante Art Spiegelman. Desconfio de Frank Miller também faz parte das influências para esse trabalho, dentre tantas outras referências que não notei.
Os autores não se limitaram a usar apenas as aparências de nosso vasto mundo animal. Um exemplo bastante claro são os répteis, animais predadores, sempre à espreita para um bote perfeito; se escondem nas sobras e às vezes até se camuflam ao ambiente. Pois bem, em BLACKSAD todo picareta malandro de rua foi retratado como uma cobra, um camaleão, uma iguana ou algum animal dessa mesma classe.
A arte é cinética, veloz, praticamente um filme de ação. A sensação de amplitude e profundidade dos ambientes é enorme, talvez pela quantidade de detalhes bem espalhados a cada quadro.
É possível notar algumas camadas mais profundas no roteiro do que meros casos investigados por um detetive particular. Ficou evidente pra mim uma tentativa absolutamente feliz em se exaltar a cultura negra presente na Nova York dos anos 30 que vai além de apenas retratar nosso herói protagonista como um homem negro (ainda que ele seja um gato). Seja em citações deliciosas a Ella Fitzgerald no álbum A Alma Vermelha, ou ainda na intrigante história de uma canção de Blues no álbum O Inferno, O Silêncio, ou também na explícita luta entre raças (kkk, essa foi boa!) no álbum Arctic-Nation, o recado sempre foi dado.
A trama principal de cada edição é sempre bem conduzida, sempre surpreendente em seu final, muitas vezes complexos, nem sempre felizes, como deve ser uma boa história noir.
BLACKSAD teve duas edições publicadas pela editora Panini por aqui. A empreitada não surtiu o efeito esperado e foi cancelada. Mas, felizmente para todos nós, a editora SESI-SP acreditou no título e republicou os dois primeiros álbuns e os outros três que antes eram inéditos para nós. Edições lindas, em formato diferenciado no tamanho magazine e em capa cartão, o que diminui o preço final do produto (eu acho).
Guarnido e Díaz Canales receberam vários prêmios pela série, incluindo três indicações ao Eisner Award em 2004, duas vitórias no Eisner Award em 2013, e um prêmio em Angoulême por melhor desenho em 2000.
Enquanto o sexto e já anunciado volume não sai, Juan Díaz Canales foi escolhido por Patrizia Zanotti, detentora dos direitos de CORTO MALTESE, para escrever a primeira história do personagem sem a participação de Hugo Pratt, falecido em 1995. A arte ficou a cargo de Ruben Pellejero. Em Portugal o título é Sob o Sol da Meia Noite.
Além disso, saiu para as plataformas PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One, Microsoft Windows, Mac OS Classic o game BLACKSAD: UNDER THE SKIN. Confira o trailer:
Todos os álbuns de BLACKSAD estão em catálogo e à venda, pela Amazon ou até pelo site da editora SESI-SP.
JUAN DÍAZ CANALLES – INSTAGRAM
Esse texto foi escrito ao som de Ella Fitzferald, cantando a maravilhosa canção That Old Black Magic, tema do álbum BLACKSAD – Alma Vermelha. Ouve aí…
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