Cobra Kai se destaca com 3ª temporada madura e focada!
Cobra Kai se destaca com 3ª temporada madura e focada: meus amigos, vamos falar hoje de uma série que está dando o que falar em sua mais nova temporada. Estamos falando de Cobra Kai que chega em sua 3ª temporada mostrando uma grande maturidade e desenvolvimento.
O que podemos falar de Cobra Kai que não entregue spoilers da trama? Nada. Então se ainda não assistiu a 3ª temporada na Netflix, corra para lá e só retorne depois para este artigo, pois, iremos esmiuçar os pontos positivos e negativos da série.
Para começo de conversa Cobra Kai atingiu um nível de qualidade tão elevada de sua trama que podemos afirmar com total certeza que a série hoje não está mais calcada em tons de nostalgia ou qualquer outra ferramenta de sustentação que não sejam suas próprias qualidades.
Não digo que não há a boa e velha nostalgia em revisitar os antigos filmes de Karate Kid, mas não é mais a base forte da série e sim uma excelente ferramenta de condução para uma ótima narrativa dramática do show.
Não me envergonharei em dizer que ao contrário de muitos fãs que consomem uma temporada em poucas horas, eu assisti calmamente 1 episódio por dia e me surpreendi tanto com a narrativa que já revi o 3º ano várias vezes. E a cada assistida um vislumbre em um detalhe que não havia notado antes. Parabéns para a equipe de produção da série, isso é delicioso demais.
É o que eu digo para todos os meus amigos, Cobra Kai deve ser saboreado como um bom vinho, bem devagar e degustando com cuidado, assimilando os sabores, fragrâncias e até mesmo o cheiro da bebida.
Ida para a Netflix
Um dos pontos positivos de Cobra Kai com certeza foi a ida para o serviço de streaming número 1 da internet, a Netflix. O Youtube Premium merece créditos por ter acreditado na proposta de uma série que evocasse o espírito dos anos 80, porém não podia contar com o crescimento desenfreado do show.
Apesar de já ter seu 3º ano gravado a série só conseguiu entrar em produção depois que a Netflix conseguiu fechar a negociação com a Sony e cá entre nós isso fez um bem danado para o derivado de Karate Kid. Podemos perceber que houve uma bruta injeção de dinheiro, pois, está muito bem acabada. Apesar de algumas lutas coreografadas de maneira bem amadora, tecnicamente está perfeita.
O forte de Cobra Kai segue em apostar num roteiro coerente, com uma narrativa forte e contundente, aliado de uma equipe de atores extremamente carismáticas. E a Netflix soube reconhecer um potencial sucesso em sua grade de séries, podendo até mesmo a apostar em spin-offs bem direcionados. E temos fortes apostas em relação a essa questão.
Johnny Lawrence a base forte do show
Por mais que Cobra Kai tenha começado baseado em uma proposta de saudosismo e nostalgia para com os fãs da antiga franquia de filmes Karate Kid, a série desde a 2ª temporada criou sua própria mitologia. E isso não seria possível sem o carisma e liderança de William Zabka.
Ele é o dono do espetáculo se entregou de tal maneira que seu Johnny Lawrence é a verdadeira estrela. Todos os seu redor são apenas ferramentas para evidenciar seu crescimento pessoal e destacando sua árdua caminhada. A 2ª temporada soube trabalhar diversas áreas sensíveis da vida de Lawrence, inclusive uma infância abusiva por parte do padrasto.
A 2ª temporada para mim entregou uma das tramas mais elaboradas e desenvolvidas de que posso lembrar. Johnny começou de uma forma no 1º ano e vai mudando conforme a vida vai batendo nele. E te falar? A vida bate forte demais e ele reage da forma como foi ensinado pelo Kreese, atacando com força e impulsão e sem pensar muito nas consequências.
E os danos de suas escolhas vão se escancarando na sua frente, desnudando o seu personagem de dentro para fora. Um jovem que apesar de inteligente, era impetuoso e agressivo, por não ter a presença de um pai na sua infância acaba não estando preparado para a paternidade e assim abre as portas para que Robby repita os seus mesmos erros, quase como uma maldição hereditária.
Porém deste poço de incertezas, dúvida, raiva, inveja, habita uma alma que no fundo quer mudar e quando a morte ronda, num dos melhores episódios da 2ª temporada quando vê um amigo falecer bem na sua frente, deixa evidente para Johnny que a vida era curta e que seus erros estão vindo para serem cobrados.
E aí, meu amigo, você não está preparado para isso. Simplesmente não está!
As mudanças no decorrer das temporadas são sutis, bem trabalhadas e mostram que as antigas falhas de caráter de Lawrence estão apenas moldando um novo personagem, que se parece um verdadeiro sensei.
A transformação de Johnny não é fácil de ser lidada, então ele ainda luta, mas ao ver que uma das consequências de suas ações foi Miguel ter ido para o hospital, com sérias chances de morrer ou ficar paralisado, isso fez ele desistir de tudo.
Porém a 3ª temporada tem um sabor especial, finalmente a rivalidade de Lawrence com Daniel Larusso tem ponto final e dela nasce uma amizade bem interessante. As diferenças dos personagens que já ensaiavam uma amizade na 2ª temporada finalmente são aparadas e isso foi importante para moldar o novo Johnny.
Arrisco a dizer que Johnny é um sensei tão bom quando o senhor Miyagi. Loucura? Pense no seguinte: o sensei de Daniel não era perfeito e sempre salientou isso nos filmes de Karate Kid, inclusive o personagem tinha comido o pão que o diabo amassou, com a perda de sua família e os terrores da guerra. As dificuldades da vida o deixaram amargo e sem vontade de viver e somente o Karatê o libertou. Lembra de alguém?
A vida tem dessas loucuras né? E a série brinca demais com esse tema, mostrando que apesar de Miyagi nunca ter ensinado nada para Lawrence, a vida tratou de moldá-lo quase como um sucessor natural.
E isso é muito divertido, porque se traçarmos um paralelo, Larusso não tem o controle emocional de Miyagi e mesmo tendo aprendido tudo que poderia com seu sensei, ele não conseguia simplesmente guiar seus alunos com sabedoria.
Consequências
Uma das maiores qualidades que a série Cobra Kai transmite para seus fãs além de comportar uma história enxuta e bem desenvolvida é ter um texto crível. E isso é bem interessante, porque seria impossível a temporada atual não trabalhar as consequências das escolhas tomadas por todos os personagens ao longo dos últimos anos.
Então sim, o tema central do show é trabalhar as consequências, sejam elas corretas ou erradas e sob uma ótica bem interessante. Explicarei melhor.
Todas as falhas e escolhas erradas de Johnny desde sua infância o levaram a ser o que é hoje, porém não foram apagaram, como acontece na vida real, elas o acompanham durante toda a sua vida. Por ser um péssimo pai, culminou em um filho que cresceu sem uma figura paterna que pudesse o ajudá-lo a conduzir por muitos problemas, principalmente lidar com uma mãe alcoólatra e ausente. E isso acaba se tornando o maior fracasso da vida de Lawrence. A cara que ele faz ao ver Robby treinando com Kreese no final da temporada destaca muito a decepção do personagem. Ele chega a ficar atônito no final, pois, o amor, cuidado e atenção que ele escolheu dar para Miguel rendeu num soldado fiel do maior vilão da série.
Fica na conta de Johnny também o retorno do Cobra Kai, que acendeu a ira de Daniel, efetivou as gangues de Karate na escola e tudo fez com que Miguel se lesionasse. Tudo poderia ser diferente se Lawrence continuasse no ostracismo? Provavelmente, mas os personagens nunca iriam enxergar quem eles eram de verdade.
A participação da personagem de Elisabeth Shue, Ali Mills foi crucial demais para denotar algumas verdades duras, porém verdadeiras. Em uma conversa com Johnny após a festa de Natal, ela diz que não existem 2 lados da história e sim 3, e a verdade seria a junção desses espectros. Isso trabalhou demais a maturidade de Daniel e Johnny amenizando a eterna rivalidade de infância.
Importante notar que o lado do Miyagi, também sofreu com as falhas de Daniel. Problemas no casamento, uma filha mimada que tentou de um jeito bem errado enfrentar os alunos do Cobra Kai e carrega o fardo de terem quebrado o braço de Demetri, além de estar passando por problemas na sua firma de venda de carros, por não ter sido equilibrado como seu antigo sensei o havia ensinado.
E algo interessante de Daniel, é que ele ao contrário de Johnny, tinha todo o conhecimento teórico ensinado pelo senhor Miyagi, tudo para que sua vida fosse equilibrada emocionalmente, profissionalmente e íntima, porém precisou reaprender porque não tinha assimilado os ensinos com a maturidade que o tempo requeria. E isso é para a vida mesmo, as vezes o tempo é o maior sensei que podemos precisar.
Agora o lado político trabalhado pelos roteiristas foi delicioso demais, porque mostrou que nem as escolas e muito menos políticos conseguiram dar uma solução para o problema do Bullying juvenil passado de geração para geração nas escolas. Eles simplesmente não acharam até hoje uma forma de coibir ou resolver este grande problema que as crianças passam. Os efeitos da briga na escola no final da 2ª temporada, foram normas mais rígidas de fiscalização na entrada da escola e mais castigos.
Como se fosse pouco os vereadores da comunidade ao invés de enxergarem o real problema, ou pelos menos tentarem analisar um pouco toda a situação para ver onde erraram, escolheram saídas rápidas e sem sentido. Viram no Karate a grande fonte dos problemas e simplesmente cancelaram o tradicional torneio do Valley.
Uma crítica ácida e contundente, porem verdadeira que nos faz pensar e muito nas consequências que o bullying pode trazer para os jovens.
Uma excelente narrativa sempre acompanha um grande show
Se podemos atestar algo com esta terceira temporada é que a série acerta em diversos pontos, um deles é uma excelente narrativa aliada com um roteiro enxuto. Por mais que a viagem de Daniel Larusso tenha dado a impressão de ter criado uma “barriga” desnecessária a trama, no final fez todo sentido, pois, mostrou que o antigo pupilo de Miyagi não era o senhor perfeitinho que ele sempre fez questão de mostrar.
Mas no geral a trama é bem direta e sem enrolação. São poucos episódios como de costume, mas o que conta é a forma como valorizam uma boa história e dá muito gosto de assistir cada episódio.
Habemus o verdadeiro vilão de Cobra Kai
Se tem algo que podemos agradecer na 3ª temporada foram os flashbacks de John Kreese no Vietnã. Porque eles deram um contexto fantástico para o criador do dojo Cobra Kai.
Durante toda a temporada somos direcionados a entender o lado traumático dos problemas que Kreese passou na vida, que incluem o suicídio da mãe, bullying e os traumas de guerra. A sensação era de que a produção da série estava humanizando o personagem e que talvez ele pudesse ter salvação no final, ou uma 2ª chance como Johnny ofereceu a ele na 2ª temporada, porém o show mostra um grande diferencial que é surpreender o seu público.
Numa guinada sensacional no final do 3º ano, mostra que estávamos assistindo um prequel da origem do Cobra Kai. As motivações do vilão, a forma de ele ver a vida e até mesmo o símbolo do dojo são explicadas e passamos a entender que o grande vilão é John Kreese.
Aliás, Kreese é mostrado como um manipulador e grande mestre em jogos mentais, afinal conseguiu dar um golpe em Johnny no final da 2ª temporada, tomando o dojo para si e na temporada atual seduziu Robby para seu lado, além de recrutado novos lutadores para seu Cobra Kai.
Outro detalhe que não passou despercebido, foi a forma como o vilão corrompeu Hawk, de forma suave sem ele sequer perceber. De sofredor de bullying ele passou a promover bullying, e a sua queda foi demonstrada gradualmente e muito bem feita.
Aliás, abro um parênteses para elogiar o ator Jacob Bertrand que interpreta o Hawk, BAITA ATOR e que com apenas um olhar soube entregar uma dualidade bem distinta. A cena em que ele quebra o braço de Demetri é sensacional, porque mostrava que ele ainda tinha um tiquinho de humanidade e conforme a trama avançava o personagem ia descendo a ladeira e se tornando um soldado de Kreese e no final quando ele consegue quebrar a “programação do sensei do mal”, é satisfatório demais assistir um bom ator que já se mostra de alto nível.
E se tudo isso não o transforma num grande vilão, eu não sei de mais nada meu amigo!
E se podemos hoje afirmar uma coisa: que trabalho fantástico de Martin Kove. O cara simplesmente se tornou o personagem odiado que amamos. Palmas para este subestimado ator que fora esquecido no tempo.
Pontos negativos de Cobra Kai 3ª temporada
Da forma como você lê esse review, não parece que a série tem críticas negativas, mas infelizmente tem. Então vamos a elas.
Lutas mal coreografadas. As lutas apesar de no geral serem bem feitas, estão bem inferiores as temporadas anteriores. Quer um detalhe? A cena da invasão a casa de Daniel pelo Cobra Kai foi constrangedora de tão mal feita. Teve seus momentos, porém inferiores à da briga na escola se pudéssemos escolher uma para exemplificar.
A falta de destaque de Robby Keene. O Robby foi praticamente esquecido na maior parte da temporada, provavelmente a produção viu o quão limitado se mostrou o ator Tanner Buchanan nos anos anteriores. É visível que o papel do personagem foi drasticamente limado, quando poderia ser mais valorizado, principalmente se o motivo era reconduzir Johnny numa artimanha de Kreese para o dojo do vilão.
A rápida recuperação de Miguel. Se a briga na escola ocorreu no 1º dia de aula do ano letivo americano, provavelmente foi em agosto que o personagem foi jogado da escada. E se levarmos em conta que ele voltou a andar na metade da temporada e somente no natal recuperou até mesmo os movimentos de luta, foram apenas 4 meses nesse interim. Pouco tempo para um problema tão sério? Pode ser.
Esse ponto da recuperação do Miguel nem sequer foi ponto tão negativo, pois, foi tão bem trabalhado as nuances e todo o drama familiar que acarretou a série. Porém é um fator para ser lembrado sim, ele poderia ter passado uma temporada na cadeira de rodas que daria um tom dramático mais forte à narrativa.
Conclusão – Maturidade e desenvolvimento seguem em bom tom
Cobra Kai mostra em sua 3ª temporada que tem gás para muitos e muitos anos. Isso, se continuar a prevalecer a máxima de que o que vale é contar uma boa história. Óbvio que vimos que planejam um número alto de spin-offs, mas a produção tem se mostrado um dos pontos altos do show e mostra que não acrescentará de maneira vã e supérflua.
O jovem elenco da série também se mostra muito acertado, Miguel e Hawk são grandes acertos e mostram desde a 1ª temporada que duas gerações distantes, Johnny/Daniel e Miguel/Hawk/Samantha, podem aprender muito um com o outro e isso é um grande ponto a ser exaltado.
A série merece sim ser exaltada, pois é um dos poucos exemplares a mostrar uma gradual e visível demonstração de qualidade a cada temporada. Eu não consigo lembrar de cabeça uma série que tivesse tal feito. A maturidade e personalidade do show é latente e a Netflix tem um prato cheio na mão para ser servido por muitos e muitos anos.
Se Cobra Kai 3ª temporada é a melhor de Cobra Kai até agora, então podemos ter grandes possibilidades para o próximo ano. O cliffhanger no final deste ano abre para ótimas e deliciosas possibilidades e vai ser difícil aguentar a ansiedade, mas nada que rever algumas vezes as temporadas anteriores de Cobra Kai não resolva este problema.
Se quer uma série que tenha uma pegada dos anos 80, com boa trilha sonora, lutinhas legais e ainda um drama bem trabalhado e sem enrolação, Cobra Kai é a pedida certa. Então corra e maratone todas as temporadas NO MERCY.
O que acharam da análise Cobra Kai se destaca com 3ª temporada madura e focada? Deixe seu comentário!
Saiba mais sobre os spin-offs de Cobra Kai na matéria abaixo:
Você precisa fazer login para comentar.