Como Robert Downey Jr moldou o Homem de Ferro – e o Universo Marvel nos cinemas
Como Robert Downey Jr moldou o Homem de Ferro – e o Universo Marvel nos cinemas:
“Eu sou o Homem de Ferro.”
Seria apenas uma citação a uma música do Black Sabbath se não tivesse sido dita por Tony Stark, ou melhor, Robert Downey Jr, ao final de “Homem de Ferro“, o primeiro filme do Universo Cinematográfico da Marvel.
Reportadamente feita de improviso, essa única linha sedimentou não só os planos da Marvel para seus filmes dali pra frente, como também colocou o ator no topo da indústria e mudou completamente o jogo para quem fizesse adaptações de quadrinhos depois. Mais do que isso, ele conseguiu a proeza de afetar o Homem de Ferro dentro das histórias em quadrinhos.
Ainda que seja conhecido por improvisar bastante suas falas durante as gravações, o que essa linha de diálogo de Downey Jr fez foi dar coragem à Marvel para se “descolar” das adaptações que tentam seguir os quadrinhos à risca. O que tivemos em seguida foi um Thor que não adotou a identidade secreta do médico Donald Blake e um Capitão América que não escondia a persona (ou o rosto) Steve Rogers do público. Sem esse tipo de drama, foi possível que cada personagem focasse no desenvolvimento do que eles têm de único, não do segredo que têm em comum, o que trouxe muito mais dinâmica aos filmes.
“Aquele sucesso nos inspirou a ir mais fundo, a confiar mais em nós mesmos para encontrar o equilíbrio e nos mantermos fiéis aos personagens e ao espírito dos quadrinhos, mas sem ter medo de adaptar e evoluir e mudar as coisas“, declarou o homem em comando dos filmes, Kevin Feige. “Se você vai mudar alguma coisa sem motivo“, continua Feige, “é uma coisa, mas se você muda algo porque está assumindo o risco no espírito do que o personagem realmente é – esta é uma mudança que vamos apoiar. Tony Stark se recusando a seguir a história fabricada para ele? Declarar ‘eu sou o Homem de Ferro’? Isso soa muito em se manter dentro do que o personagem é.”
Feige sabe muito bem do que está falando. Produtor dos filmes do Universo Marvel e presidente da Marvel Studios, seus filmes combinados já renderam um bruto de mais de 14 bilhões de dólares em bilheteria. Muito do que foi feito no filme do Homem de Ferro, contudo, veio de Os Supremos, HQ de Mark Millar e Brian Hitch que reimagina os Vingadores em um contexto mais realista, calcado num mundo com poucos heróis e onde o surgimento de tantos super-poderes é uma novidade – soa familiar?
Mesmo na linha regular de quadrinhos da Marvel, o Homem de Ferro sempre teve um pé na tragédia. Envolto com o alcoolismo, a grande batalha interna de Tony Stark não dava espaço para uma postura mais descompromissada perante a vida. Em Supremos, ele descobre que tem um câncer inoperável no cérebro e resolve dedicar (o que resta de) sua vida a deixar um legado significativo. No filme, ele incorpora todas as versões: playboy, milionário, filantropo, cientista e inventor, com uma profunda melancolia muito bem escondida – que só foi trazida à tona no filme “Capitão América: Guerra Civil“.
Com isso, os quadrinhos da linha regular da Marvel também procuraram se aproximar da versão dos cinemas, que já se tornou icônica. Até minha mãe sabe que o Homem de Ferro se chama Tony Stark, e realmente é muito difícil pensar na continuidade do UC da Marvel (MCU, na sigla em inglês) sem ele. Ou, pior ainda, com outro ator encarnando o papel. Foi mais ou menos o que a DC/Warner tentou fazer ao escalar Ben Affleck para ser o Batman – ele deveria ser o ponto em comum entre diversos personagens e filmes. Falhou no projeto e na execução, por diversos fatores (e muitos deles nem são responsabilidade de Affleck), mas deixou claro que o talento e carisma de Downey Jr tornaram-se um divisor de águas nessa indústria vital.
“Vingadores: Guerra Infinita” teve outra fala improvisada por Downey Jr: “Os adultos estão conversando”, ele diz ao Homem-Aranha de Tom Holland enquanto discute com o Dr Estranho de Benedict Cumberbatch. Icônica? Memorável? Talvez não, mas apenas mais um exemplo do quanto o personagem incorpora o ator – e não apenas o contrário.
Resta esperar por “Vingadores: Ultimato“, talvez a última chance de o vermos Downey Jr.no papel que o consagrou, poder encerrar um dos eventos mais importantes da história do cinema.
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