Coringa do Leto – Uma Piada Vazia e de Mau Gosto
Ah, Jared Leto! É realmente dificil escrever sobre seu Coringa! Primeiramente por ser seu fã e curtir seu trabalho. Leto é um cara multitalentoso, artista, cantor, diretor, vocalista de uma banda de sucesso (até se você esteve em marte, conhece a banda 30 Seconds to Mars), ator respeitado, ganhador do Oscar por uma brilhante atuação no não menos fantástico “Clube de Compra Dallas”.
E foi assim, como fã, que fiquei feliz e ansioso ao saber que Leto fora escolhido o Coringa para o filme do Esquadrão Suicida.
Se tinha alguém que poderia dar um diferencial ao Palhaço, esse alguém era o Jared Leto!
Pois é, ele até deu o diferencial, porém foi um diferencial para menos…
Ah, Leto, Leto, Leto… É tanta coisa errada nessa história que fica difícil saber por onde começar a criticar…Bom, vamos então da forma mais prática, pelo começo da história. Os bastidores e o pré lançamento de “Esquadrão Suicida”.
Leto, assim como outros grandes atores (Daniel Day Lewis, por exemplo), gosta de incorporar o personagem, de vestir sua persona, de viver no dia a dia as características daquele que será o alvo de sua atuação. Esse forma de atuar, conhecida como “o Método” busca extrair o máximo de fidelidade possível da performance do ator. Pois bem, Leto literalmente incorporou a sua versão do palhaço do crime nos bastidores e durante as filmagens (e bota incorporar nisso).
Nosso querido Jared resolveu “ser” o Coringa, passando a dar presentes não muito ortodoxos aos seus parceiros de cena. Entre os mimos foram descritos: ratos mortos, carcaças de porco, camisinhas usadas, armas e balas etc, etc, etc. Will Smith, que interpretou o Pistoleiro no filme, conta que, na prática, não conviveu com o Leto nas filmagens, pois ele sempre estava interpretando o Coringa. A pobre da Margot Robbie, a Arlequina do Esquadrão, chegou a comentar que ficou com medo de apanhar do Leto de tão absorto ele ficava durante a atuação.
Ok, isso até pode levar ao ator a uma performance mais vívida, o problema aqui é quando isso deixa de ser apenas uma forma de atuação e começa a incomodar os colegas. E pior, passa a ser usado como marketing da produção.
Cada ato do Leto era liberado para a mídia, como forma de atrair mais e mais atenção para o filme. O cúmulo foi numa entrevista para o Jimmy Fallon, onde o Jared chegou a entregar uma cobra, viva, dentro de uma caixa de presente, com os cumprimentos do Coringa. Obviamente, algo estava saindo fora dos trilhos…
E então, depois de tanto merchandising, e expectativa criada pelo método de interpretação do Leto, chegamos finalmente a estreia do filme. E aí a decepção finalmente ganha forma…
O que vemos, na tela, é uma caricatura de personagem. O Coringa, diferente do coringa do Jack Nicholson e do brilhante coringa de Heath Ledger, está mais preocupado em “causar”, em aparecer e ostentar, do que ser um agente do caos, um manipulador de mentes, um desvirtuador da moral.
Tudo nesse Coringa grita por atenção, como um enorme outdoor vivo, cheio de tatuagens que tentam, desesperadamente, criar uma imagem ameaçadora, mas que, na prática, parece mais com um jogador de futebol da nova geração, ou um rapper ostentação, usando de roupas chamativas, carros de luxo e adornos dourados. Tudo tentando compensar a ameaça e o medo que não consegue passar.
Um ótimo paralelo é com o Coringa do Ledger, que não precisa de dentes de metal ou inúmeras tatuagens. Ele usa um casaco surrado e uma maquiagem algo amadora e apenas isso. Ele não precisa ostentar o que quer ser, ele simplesmente é! O caos encarnado disposto a tudo para mostrar sua visão de mundo.
Pode-se dizer que interpretar o Coringa após a memorável atuação do Ledger cria um nível quase injusto de comparação. Ou que por não ser o principal antagonista, o personagem ficaria prejudicado com pouco tempo de tela, além da edição precária do filme. Sim, são pontos válidos, mas que, no fundo, não impediriam uma boa atuação. Afinal, em “Capitão América: Guerra Civil”, Tom Holland teve uns 15 minutos ou menos e fez uma brilhante participação.
No fim foi uma mais uma oportunidade perdida do universo cinematográfico da DC. Melhor sorte da próxima vez, Leto. E “Não, eu não estou dizendo que sinto muito. Um dia, talvez nós nos encontraremos novamente”