Drácula – Primeiro episódio da nova série acerta em cheio na jugular!
Drácula – Primeiro episódio da nova série acerta em cheio na jugular: Steven Moffat e Mark Gatiss conseguiram fazer história com sua adaptação do clássico detetive de Arthur Conan Doyle para a BBC britânica. A série Sherlock não só revelou os talentos de Benedict Cumberbatch e Martin Freeman como também surpreendeu os fãs com seus longos e complexos episódios, em temporadas curtas e muito bem amarradas, com uma série de enigmas e soluções inteligentes para tramas que não se limitavam ao “crime da semana” mas ao desenvolvimento dos personagens. Parecia difícil, mas eles fizeram de novo.
Drácula é uma experiência visual brilhante, que bebe muito dos clássicos filmes da Hammer estrelados por Christopher Lee (eu falei do primeiro deles neste vídeo). Mas tem algo a mais. Na verdade, uma série de coisas a mais.
Começa pela narrativa, que respeita o romance de Bram Stoker sem se prender a ele. Os diários de Jonathan Hark, a viagem ao castelo do misterioso conde, sua noiva Mina… Tudo está lá. Mas é justamente quando a série resolve tomar certas liberdades que ela brilha e nos surpreende. O episódio de 90 minutos mostra algumas cenas mais gore envolvendo insetos e decapitação, bebês vampiros e um castelo labiríntico. Numa jogada muito bem sacada, tenta mostrar as incoerências dos mitos que cercam os vampiros e capricha no humor negro – o protagonista não lembra em nada o terrível nobre vivido por Gary Oldman na adaptação de Francis Ford Coppola (Dracula, 1992). Seu ar nobre e superior está lá, claro. Mas ele está curioso para entender o que a humanidade se tornou durante seu auto-exílio, o que Londres se tornou.
Foi exatamente ao humanizar seus personagens de maneira bem elaborada que Sherlock triunfou. E eles repetem a fórmula aqui. “Humanizar”, no caso, não significa transformar Drácula numa espécie de “vítima”, justificando seus atos, mas mostrar que, depois de tantos séculos de vida, ele ainda sabe se divertir às custas de meros mortais que ousam tentar ameaçá-lo. A esperteza dos diálogos e suas pequenas provocações é outro ponto positivo. “Como muitas mulheres de minha idade, eu estou presa a um casamento sem amor, mantendo as aparências pra garantir um teto sobre minha cabeça”, diz a irmã Agatha, uma freira com senso de humor corrosivo e curiosidade aguçada. Ela questiona Jonathan Harker, ou o que sobrou dele depois de seu encontro com o vampiro – é praticamente uma versão Marvel Zombies do Deadpool, drenado de qualquer traço de vitalidade.
E o que dizer de um dos mais populares monstros do cinema, interpretado aqui por Claes Bang? Sua fisionomia está mais próxima de um Bela Lugosi do que de Christopher Lee, mas o ator dinamarquês sabe ser tão sedutor e mortal quanto este. Suas aparições enchem a tela enquanto esperamos pelo sorriso – que vai matar a todos que ele puder alcançar. Suas frases de efeito (“Eu não bebo… sangue.”) se encaixam perfeitamente na caracterização criada para torná-lo tão odioso quanto admirável. Uma versão de Hannibal Lecter com menos limites, muito mais divertido do que o maior canibal do cinema jamais poderia ser – como manda a tradição da Hammer.
Gatiss e Moffat acertaram em cheio aqui. Como é comum em séries britânicas, recontar uma história clássica com toques de modernidade é sempre uma boa pedida. O que esses dois veteranos conseguem, no entanto, é brincar com paradigmas estabelecidos e usá-los a seu favor. Se você quer uma excelente série para se viciar, Drácula vai satisfazer seu apetite por bons personagens e sede de sangue, alternando horror, drama e humor para ficarmos com a impressão que esta história tão familiar está sendo contada pela primeira vez.
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