Exceedraft – Deus e o Diabo na Terra dos Metal Heroes – Literalmente!
Exceedraft – Deus e o Diabo na Terra dos Metal Heroes – Literalmente: Exceedraft é o final da trilogia da “Rescue Heroes“, fechando o arco começado por Winspector e Solbrain. No final de Solbrain, a ideia do governo japonês era criar unidades de combate mais “baratas” e custo efetivas, integrando vários departamentos (também, com o chefe Masaki gastando tudo o que podia e não podia com Solbrain, com direito a uma mega base absurda e a um carro de bombeiros voador gigante, fica difícil não manter as contas no vermelho). Então, depois do chiado do governo, opinião pública e muito provavelmente o ministério público e a lei japonesa de responsabilidade fiscal, tiveram que dar uma “segurada” e “repaginada” nas coisas. Leia abaixo Exceedraft – Deus e o Diabo na Terra dos Metal Heroes – Literalmente:
Masaki foi “passear” na Interpol, em Paris, enquanto uma nova equipe era criada. O primeiro capítulo da série é de dar pena para nossos heróis! Uma sala mais simples, cheia de caixotes, o novo chefe de operações, Jukichi Katsuragi, de boas, pegando uma cadeira de balanço enquanto a pobre Ai Hyuga, chefe de comunicações e faz tudo da equipe (até cafezinho botaram ela para fazer, amigos!), se vira nos 30 para resolver os paranauês.
A nova equipe, obviamente, não tem mais robô, afinal deve ser muito caro manter um SolDozer da vida… O comandante Hayato, o Draft Reeder e chefe de campo, tem que se contentar com dois marmanjos para ajuda-lo: Kosaku Muraoka/Draft Blues, especialista em disfarces e investigação e Ken Okuma/Draft Keace, da brigada de incêndio. Os pobres coitados incialmente só tinham um veículo de transporte, o SRED-01 Scramhead, um Chevrolet K5 Blazer, sendo que nas operações um deles sempre sobrava e tinha que ir na “garupa” do carro. O pior de tudo eram as armaduras, os caras tinham um celular tosco que serve de chave para abrir um compartimento que os leva aos uniformes, uma versão mais simples que as dos seus antecessores, e que tem que ser vestidas manualmente pelos mesmos. Enquanto o capitão se veste dentro do carro, os outros pobres coitados tem que abrir um compartimento do lado de fora do veículo, para acessar a armadura e literalmente se vestir em público.
Mas nem só de miséria, vexame e sofrimento viviam nossos heróis! O dedo do superfaturamento e do gasto desenfreado ainda estava lá! Basta ver nos detalhes! Para “auxílio” nas missões, os caras usavam um mega satélite espacial, o SIM, que possuía um sistema de lentes capaz de rastrear qualquer coisa no arquipélago japonês, além de um raio laser que pode fritar os meliantes em plena órbita. Ou seja, esse monstrengo já devia ser metade do orçamento do Solbrain! Mas como estava em órbita, ninguém reparava nele…
E o que dizer das “turbo units”? Um conceito deveras irônico, onde nossos heróis usavam “tornozeleiras” nas armaduras (talvez em homenagem ao Masaki, quem sabe?). Essas tornozeleiras o permitiam correr a velocidades absurdas e saltar muito alto (aí você, Popnauta, se pergunta: para que um carro se os caras podem correr perto de match 01?!? Para que ter uma cena logo no primeiro capítulo, com o Redder correndo mais rápido que o Blazer dos heróis?!? É tipo dar um carro para o Flash! Não tem sentido!).
Com o tempo, Exceedraft chutou o balde, dando um veículo próprio para o capitão que corre quase a velocidade do som: o SRED-02 Varias 7, um Chevrolet Corvette modificado, que tem armas retráteis e jatos de ar que permitem “voar”, além dos upgrades para armaduras mais efetivas (Sync Redder) e uma mega poliarma com mais upgrades e traquitanas que um canivete suíço (Heavy Cyclone).
Ou seja, no final só mudou de nome e lugar, os gastos estavam lá, para o pobre povo japonês pagar! Mas se a justiça dos homens falha, amigos, a de Deus não pode falhar! Agora pegue seu calmante, respire fundo, reze muito, e se prepare para um dos enredos mais loucos que as séries de tokusatsu já criaram! (Depois não diga que eu não avisei!).
Exceedraft começa como seus antecessores, no estilo vilão do dia e a polícia de resgate indo salvar a todos. Até ai tudo bem, nada de novo no mundo tokusatsu. Porém o negócio começa a ficar meio “estranho” a partir do episódio 19. Nesse episódio somos apresentados a uma espécie de seres espaciais de energia, que não possuem forma corpórea, que invadem hospedeiros humanos para utilizar seus corpos. (Ok, Ultraman usava hospedeiro humano, mas vamos em frente).
Esses seres extraterrestres incorpóreos vieram tocar o terror na Terra e traficar um vírus perigoso, que dizimou metade da população do seu planeta (como um vírus afetou seres de luz é uma incógnita, mas vamos que vamos!). Nesse samba do japonês doido, somos apresentados a dois indivíduos que foram possuídos após a morte por esses seres. O primeiro deles era David Akiba, que em sua vida humana era um investigador contra o terrorismo na América Latina, acabou servindo de receptáculo para um alienígena investigador espacial (que coincidência, hein? Além de ser uma tosquíssima homenagem aos policiais do espaço originais!), vindo para terra para prender os meliantes do seu planeta natal. O segundo humano era Carlos Togo, um traficante de cocaína perigosíssimo, que após a morte foi possuído por um criminoso alienígena que visava o tráfico do vírus intergaláctico (santa coincidência, Batimã!).
Com o andar da carruagem, descobrimos nessa análise Exceedraft – Deus e o Diabo na Terra dos Metal Heroes – Literalmente, após duelos de energia azul e de socos ingleses que soltam raios (sim, socos ingleses), que os aliens que possuíram David Akiba e Carlos Togo são irmãos! (chocado aqui!). David, digo, o alien que possui o corpo do falecido David, tenta trazer seu irmão extraterrestre de volta para o caminho da retidão, porém o mesmo morre no capítulo 29.
Mas isso não é o que de pior acontece na série, amigos! Se fosse só isso tava tranquilo, tava sossegado! Quem de nós não curte um pouco de japa raio laser nos nossos tokusatsus, hein? Porém eles ainda iriam bem mais além! Muito mais além, por sinal!
O negócio esquenta de vez a partir do capítulo 33, nesse capítulo somos apresentados a quem seria o principal vilão da série: Iwao Daimon. E, amigos, esse vilão não era “um vilão”, ele é O VILÃO, Daimon é o Demônio, Satan, Lúcifer, o próprio Mefisto, como você quiser chamar. O cara veio simplesmente para trazer o juízo final, o apocalipse, destruir a humanidade, tragar suas almas para o inferno e duelar com Deus na batalha final do Armagedon.
Não, não tô delirando, os caras meteram profecias do Apocalipse, com direito a passagens da bíblia em meio a um tokusatsu. Daimon tem direito a marca da besta, um 666 esverdeado fosforescente, que aparece sobre sua pele quando usa seus poderes demoníacos. Seus lacaios cospem fogo e giram a cabeça em 360°, numa fofa homenagem a O Exorcista no meio de um programa infanto-juvenil!
Mas relaxem, vai piorar! Além do capeta de terno e gravata, eles resolveram trazer Mika, uma pequena garotinha, vestida de branco, que vive a brincar com uma bola e a servir ao senhor Deus celestial. Mika nada mais é que o Arcanjo Miguel (sim, Miguel virou uma garotinha, mas afinal anjo não tem sexo mesmo, né?). Mika (ou Miguel, como queiram), veio para preparar o terreno para o inevitável Armagedon e para atormentar a vida do pobre Hayato, quase levando o líder do Exceedraft a loucura.
Hayato começa a ler a bíblia, principalmente o livro do Apocalipse, para tentar entender o que viria a acontecer. Nos capítulos 43 e 44, Mika resolve começar com o arrebatamento. Mas não da forma “clássica” que está na Bíblia. O arrebatamento de Mika envolve jovens mulheres japonesas vestidas toscamente de Papai Noel que distribuem folhetos de natal sobre uma “viagem num ufo” para criancinhas. Os interessados acabam sendo sequestrados pelas “Mamães Noéis” e levados até Mika, que está numa nave espacial, que servirá de arca de Noé para arrebatar as crianças antes do Armagedon, a fim de permitir o reinício da raça humana.
Exceedraft, com a ajuda do investigador espacial Akiba, descobre a trama. Akiba relata para Hayato sobre a eterna guerra universal entre Deus e o Diabo desde o princípio dos tempos e como cada planeta e civilização o interpretava. Durante essa explicação aparecem cenas bizarras, como uma bíblia sagrada pegando fogo e uma ilustração de adoradores do demônio (o irmão alienígena de Akiba, Togo, seria um adorador do demônio). Após essa insanidade, o Exceedraft parte para resgatar as crianças, lutando contra Deus e seu arcanjo.
Essa luta é bizarra, com direito a Papais Noéis voadores, que soltam raios de luz e a cruzes espelhadas estilizadas. O Daimon não fica parado e envia seus servos, Papais Noéis malignos, de preto e com foices na mão (puro espírito natalino, amigos!). Nessa loucura toda, o Exceedraft, com ajuda de Akiba, consegue resgatar as crianças.
Mas a contagem para o Apocalipse continua! E o Grand Final está chegando! Para fechar com chave de ouro a série quem volta de Paris para salvar o dia? Quem? Quem? Ele! Nosso usurpador do erário público favorito, chefe Masaki! Masaki retorna em grande estilo no capítulo 47, trazendo informações bombásticas para nossos heróis, detalhando os planos de Daimon e mais: A Interpol descobre que Daimon e seus servos mataram 863 mulheres que estavam em fase inicial de gestação pelo mundo! Mas você se pergunta, jovem Popnauta, porquê? Simples, caro mancebo: todas elas foram expostas a luz divina e engravidaram miraculosamente do filho do senhor! (sim, engravidaram tal qual Maria, do cordeiro de Deus que veio para lutar contra o mal). Porém Daimon foi matando a todas no caminho. Eliminando uma a uma das que tiveram a Imaculada Concepção!
Ai Hyuga, que estava lá fazendo cafezinho pro pessoal, entra em colapso. Na noite anterior ela foi exposta a uma forte luz, que era a luz Divina! Mika/Miguel, fazendo cosplay de anjo Gabriel, realizou a anunciação para a pobre Hyuga, dizendo que ela era a 864 a estar grávida de Deus. Em choque ao constatar que não havia sido um pesadelo ou delírio noturno, ela sai correndo da base do Exceedcraft. Masaki vai atrás, tendo que enfrentar Daimon no caminho, o qual resolveu aparecer trajado de coronel do KFC, com direito a guarda-chuva maligno e cartola. Um luxo! Exceedraft aparece para ajudar e contando com o sacrifício de Mika, resgatam Ai Hyuga.
Depois de salvar Ai Hyuga e retornar para base, Daimon não se dá por vencido e consegue controlar os subordinados de Hayato, levando a base a uma enorme explosão. Só Ai e Hayato conseguem sair com vida. Daimon, satisfeito, resolve finalizar seu plano, destruindo a camada de Ozônio da Terra e transformando o mundo num inferno em chamas.
Hayato e Ai Hyuga, junto com o irmão desta, se escondem no subsolo da cidade. No último capítulo da série, o 49, a situação era terrível: a temperatura da terra está insuportável, o mundo está em chamas, a água evapora e as pessoas estão violentas, lutando contra si, sob o controle do demônio. Resumindo, Daimon tinha vencido, e não havia mais salvação para nossos heróis. Mas eis que Daimon resolve puxar, do nada, Hayato e Ai Hyuga para o inferno a fim de uma “batalha final” (sério, o cara já tinha vencido, o mundo já tinha virado o inferno, não tem o menor sentido isso! Nem para um tokusatsu isso tem a mínima lógica!)
Coincidentemente, no inferno para onde foram sugados, estão os dois veículos do Exceedraft junto com as armaduras (porra, Deus ex machina mais cara de pau impossível!). Além dos corpos inertes de Kousaku, Ken e do chefe Masaki (bom, Masaki no inferno nem é algo tão implausível assim…).
Hayato veste sua armadura, a luta final começa, Daimon toma sua forma demoníaca e vai humilhando Hayato. Mas, quando tudo parece perdido, a esperança surge! No filho de Deus! O cordeiro de Deus, no ventre de Ai Hyuga, se sacrifica e usa de sua energia vital para ressuscitar Masaki e os demais! Eles se unem, e com o poder do amor e ajuda de Akiba (que surge do nada), vencem o Demônio! A humanidade está salva! Mika, em nome do Senhor, avisa que o destino dos homens estará sob o encargo dos mesmos de agora em diante.
Bom, Exceedraft passou no Japão de fevereiro de 92 a janeiro de 93 pela TV Asahi. No Brasil acabou que nunca foi exibido. Os motivos vão, além da diminuição de interesse nos tokusatsus no país, com o boom dos animes via Cavaleiros do Zodíaco, a inviabilidade de transmissão em terras tupiniquins de uma série que toca em temas tão delicados à religião cristã. Se o “Lúcifer” de Cybercop já deu tanto o que falar na época, imaginem o que Exceedraft daria de pano para manga aqui no Brasil…
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