Gibis lá fora: Wonder Girl de Joëlle Jones!
Em mais um review da coluna “Gibis lá fora” falarei hoje da surpreendente Wonder Girl (Moça Maravilha) de Joëlle Jones e como sua narrativa traz uma nova perspectiva para o leitor de quadrinhos.
Uma das empreitadas mais bem-sucedidas de Future State foi o gibi da Mulher-Maravilha de Joelle. O gibi conseguiu o tremendo feito de chamar atenção de boa parcela de fãs e da mídia. O que chamou a atenção? Yara Flor seria a primeira Mulher-Maravilha brasileira.
Todo o mérito do sucesso de Wonder Girl é de Joëlle Jones!
Porém o grande mérito de Jones não é somente escrever uma versão da Mulher-Maravilha brasileira, mas sim mostrar o grande trabalho de pesquisa que a roteirista teve para escrever a trama. Onde estabeleceu uma base bem estruturada no gibi utilizando a nossa cultura de forma organizada, didática e bem desenvolvida.
Com tudo isso envolvido somos agraciados com nosso folclore sendo bem representado nos mínimos detalhes em um gibi de uma grande editora americana.
O gibi Da Yara Flor em Future State foi uma ótima estratégia de marketing da DC Comics, chamou tanta atenção que conseguiu ganhar uma mensal. Fato realmente surpreendente, principalmente se levarmos em conta as medidas de cortes de mensais que a editora estabeleceu como forma de lidar com os efeitos da pandemia do novo Coronavírus.
Gibi dinâmico e com bela arte
Falando agora da mensal. Eu li as 3 edições lançadas até agora de Wonder Girl e falarei um pouco sobre este gibi.
Logo no começo Joëlle já situa o leitor no retorno de Yara Flor ao Brasil, mostrando também em paralelo flashbacks que dão a entender que a origem da personagem está entrelaçada ao deus da guerra – Ares.
O retorno de Yara ao seu país de origem, desperta o interesse de vários grupos ligado ao universo da Mulher-Maravilha. São eles: a ilha de Themyscira, que está sob a liderança interina da rainha Nubia, a tribo amazona de Bana-Mighdall que é liderada pela Rainha Fakura e os deuses do Olimpo.
A existência de Yara parece que irá trazer grande repercussão no futuro, o que causa um certo atrito e conflito entre as tribos amazonas.
Rainha Hipólita manda para o Brasil a caça de Yara, ninguém menos que a atual Moça Maravilha, Cassandra Sandsmark. Já pela tribo de Bana-Mighdall é Ártemis que tem o mesmo objetivo. Temos também a tribo de amazonas da Amazônia que está perseguindo a pobre menina de 21 anos.
Coloque na tigela um pouco da velha política dos deuses do Olimpo e temos a fórmula do sucesso. Aliás os antigos deuses parecem ter algum plano em ação que envolve a jovem Yara.
Wonder Girl ainda tem aquela bela pitada de folclore brasileiro o que nos resulta num belo gibi com uma narrativa muito boa.
Continuidade sendo bem utilizada e da melhor forma possível
Sério, o gibi é muito bom e me surpreendeu positivamente, até mesmo para mim que nunca me interessei pelo universo da Mulher Maravilha, fora a fase do Greg Rucka. Porém, Joëlle mostrou-se realmente capaz de revitalizar uma franquia.
Apesar de ter ficado um pouco confuso no inicio da edição #01, afinal Jones faz uso de uma série de introduções muito rápidas de tribos amazonas e estabelecendo conceitos novos. Mesmo assim o gibi flui tão bem que traz uma leitura muito gostosa.
Mas como disse no começo deste texto um dos grandes destaques é a forma como Jones utiliza nossa rica cultura folclórica em prol do desenvolvimento da personagem.
Já na primeira edição quem direciona Yara na nova caminhada que ela precisa seguir é Iara- a Mãe d’água. Já na 3ª edição quem dá as caras é a Cuca que ratifica a importância de Flor ser a protetora do local.
Tem brasileira na arte de Wonder Girl
A arte do gibi é bem legal com Jones escrevendo e desenhando a edição #01 e da #02 em diante, a artista divide a demanda dos desenhos com a brasileira Adriana Melo. Porém, mesmo com artistas tão diferentes, a pegada não se perde e a narrativa permanece forte e envolvente.
Um dos maiores trunfos de Jones é que o gibi não é calcado apenas na arte mas numa sinergia única de texto e desenho que envolve o leitor e faz ele se importar com as escolhas de Yara ou as consequências ao seu redor.
O gibi no final das contas é tão belamente ilustrado que ficamos até bobos.
Respeito com Cassie e o cânone da DC
Quando soube do lançamento da nova mensal com a Yara de titular, logo pensei que iriam ignorar a atual Moça Maravilha/Cassie Sandsmark e direcionar tudo para a nova personagem, aproveitando o boom causado em Future State. Porém fui mais uma vez surpreendido com o respeito da roteirista com os personagens antigos.
Ela não somente pesquisou sobre o folclore brasileiro, mas também estudou todo o universo da Mulher Maravilha com isso temos uma ótima representação de Ártemis, Hipólita, Nubia, Cassandra, dentre outros.
Vale ressaltar que um dos destaques deste run inicial é a dinâmica da Cassie com Ártemis que é simplesmente sensacional o que rende mais um ponto positivo para Jones.
Conclusão
O gibi da Wonder Girl tem muitos mais pontos positivos do que negativos (há algum?) e parece que colocará Yara Flor em destaque na editora muito em breve.
Tem um texto solto e liberto de continuidade, mesmo que se utilize dos artifícios da cronologia, a narrativa não é presa a mesma, dando uma fluidez única no gibi.
Resultado? Qualquer um, sejam leitores novos ou antigos, conseguem ler e se divertir com o gibi.
O que tem sido uma tendência interessante em alguns gibis de Infinite Frontier é esse desprendimento com a cronologia. Mesmo sabendo que agora tudo está valendo. Isso mostra uma preocupação interessante em angariar novos leitores, ou seja, em renovar o seu público.
O gibi é realmente muito bom e pode estar se estruturando para uma longa quantidade de edições, basta Joëlle Jones querer e ela quer.
Então a recomendação da semana é a nova mensal da Wonder Girl. Já leu? Nos dê sua opinião, apreciamos um bom debate.
Saiba mais sobre a coluna “Gibis lá fora” na matéria abaixo:
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