MORRE JORGE FERNANDO
Infelizmente veio a falecer ontem JORGE FERNANDO, figura importantíssima dentro do cenário cênico de nosso país. O impacto foi tamanho aqui na redação do POPSFERA que redigimos dois textos diferentes para registrar o fato e prestar nossas homenagnes. Resolvemos publicar os dois.
Por Fabiano Souza:
Morreu ontem, dia 27/10, vÍtima de uma parada cardíaca, o ator, diretor, escritor e humorista Jorge Fernando, talvez um dos mais importantes nomes da TV e teatro brasileiros dos últimos 30 anos.
Seu Último trabalho foi na novela Verão 90, seu primeiro trabalho após um AVC sofrido em 2017 e do qual ainda lutava contra as sequelas.
Jorge Fernando foi um artista completo. Estreou como ator em 1978 e no decorrer da carreira ajudou a revolucionar a forma de se fazer televisão no Brasil, tendo trabalhado em inúmeras produções. Ele dirigiu 34 novelas (sendo a primeira delas Coração Alado em 1980), minisséries e seriados.
Entre suas novelas, figuram sucessos como Guerra dos Sexos, Que Rei Sou Eu, Vamp, Rainha da Sucata, Deus Nos Acuda, A Próxima Vitima e Alma Gêmea.
Além das novelas, Jorge Fernando tinha também o amor pelo teatro, principalmente na veia humorística. Ele trouxe de volta a linguagem do teatro à TV em Sai de Baixo, um sucesso absoluto da TV nos anos 90. Também foi o responsável pela direção do musical de sucesso de Claudia Raia, Não Fuja Da Raia.
Atuando no teatro, ele se realizou com o espetáculo Boom e também criou a peça autobiográfica Salve Jorge, contando trechos de sua carreira.
Seu velório será realizado na terça-feira, 29/10, no Cemitério do Caju, na região Central do Rio e estará aberto ao publico das 8:00 às 10:00.
Por Pai Fader:
Jorge Fernando – O mago do humor das novelas da sete!
Infelizmente, no dia 27 de outubro de 2019, aos 64 anos de idade, faleceu um dos maiores diretores de comédia televisiva do país: Jorge Fernando de Medeiros Rebello. Seu trabalho foi marcado pelo humor e pela inventividade, deixando um legado inesquecível no coração dos seus fãs.
Quem não se lembra de Guerra dos Sexos? Fruto de sua parceria com o talentoso Silvio de Abreu? Uma comédia lançada em 1983 e estrelada com o que de melhor e mais talentoso havia na televisão Brasileira: Fernanda Montenegro na pele de Charlô e Paulo Altran na pele de Otávio faziam o papel dos primos protagonistas da história, que não se suportavam e capitaneavam uma disputa entre “sexos”, uma “gincana” entre o grupo dos “meninos” x “meninas” para ver quem conseguiria o controle das lojas “Charlô’s”.
Além dos dois astros, tínhamos também: Glória Menezes, Tarcísio Meira, Lucélia Santos, Diogo Villela, Ary Fontoura, Mario Gomes, Maitê Proença e muitos outros.
É de Guerra dos Sexos que vem a antológica cena pastelão de Paulo Autran e Fernanda Montenegro numa “Guerra de comida” na mesa de jantar.
O sucesso foi tão marcante, que a novela teve direito a um remake decadas depois, com o mesmo Silvio de Abreu nos roteiros e Jorge Fernando na direção.
Vereda Tropical, de 1984, foi outra novela que marcou época no horário das 19hs. Lucélia Santos fazia o papel da jovem Silvana Rocha, que fora abandonada grávida pelo filho do poderoso Oliva (Walmor Chagas), dono de uma fábrica de perfumes. Ela foge do sogro, e vai parar na Villa dos Prazeres, onde acaba se envolvendo com Luca (Mario Gomes), um jogador de futebol esquentadinho, que tenta arrumar vaga em vários times de São Paulo. Destaque para Marcos Frota, que faz o papel de Téo,um jovem tímido que cria um mundo próprio onde ele é um super-herói, o super-Téo.
Em 1986, mais um sucesso de Jorge Fernando na direção, desta vez com a novela Cambalacho, em mais uma parceria com Silvio de Abreu. Nessa novela, Silvio resolveu abordar o mundo dos “trambiques”, com direito a Fernanda Montenegro no papel de Naná, uma trambiqueira de bom coração, que cuida de crianças abandonadas, e junto com seu compadre Gegê (Gianfrancesco Guarnieli) dá pequenos golpes na praça. A vida de Naná dá uma reviravolta, quando ela descobre ser herdeira de um milionário recém falecido. Atuação marcante na novela foi a de Regina Casé, no papel de uma fã de Tina Turner, com zero de talento, que resolve ir em busca do estrelato com ajuda de sua mãe, que lhe “empresta” a voz em suas apresentações.
Em 1987, em parceria com Cassiano Gabus Mendes, Jorge Fernando dirigiu duas das melhores atrizes do país: Marília Pera e Glória Menezes, em Brega & Chique. A novela tem um mote deveras irreverente: Glória interpreta Rosemere, uma mulher batalhadora, que vive de forma humilde e honesta. Já Marília interpreta Rafaela, uma socialite. Ambas são unidas por um fato que foge o seu conhecimento: tem o mesmo marido, o bígamo Herbert Alvaray (Jorge Dória), que, falido, forja a própria morte, deixa Rafaela na miséria e cheia de dívidas, mas acaba deixando uma boa grana escondida para a Rosemere. Rafaela, sem alternativas, acaba indo morar no mesmo do bairro e ambas acabam se tornando amigas e se ajudando mutuamente.
Em 1989 veio o que talvez seja o maior sucesso da história das novelas das 19hs. Em parceria novamente com Cassiano Gabus Mendes, nasce a novela que literalmente parou o país: “Que Rei Sou Eu”. O reino de Avilan, uma paródia do Brasil da época, em busca da redemocratização, mereceria uma matéria a parte pela quantidade absurda de personagens antológicos, seu enredo divertido e, ao mesmo tempo, envolvente. E até mesmo o quanto essa obra possa ter influenciado, através de seus personagens Jean Pierre (Edson Celulari) e Pichot (Tatu Gabus Mendes) as eleições da época. (ponto de extrema controvérsia e muita discussão até hoje).
Isso sem falar do inesquecível e marcante mago Ravengar, interpretado pelo Antônio Abujamra, que, em um momento inesquecível da novela, fez uma “profecia”, sobre um país da America do Sul…
Ah, destaque também para a trilha sonora fabulosa da novela, com o toque do Sagrado Coração da Terra, de Marcus Vianna em “A Flecha”.
O rei das novelas da sete, depois do sucesso estrondoso de “Que Rei Sou Eu”, ganhou carta branca para brincar no horário das 20hs, e como ele brincou meus amigos, dando uma aula com a novela Rainha da Sucata de 1990, com Regina Duarte brilhando no papel da Sucateira, uma nova rica que adentra no mundo da elite e das socialites, e resolve “comprar” seu amor de infância, Edu (Tony Ramos), passando a bancar sua família, entre eles a invejosa Laurinha (Gloria Pires), que possui uma paixão secreta por Edu.
Foi nessa novela que surgiu dona Armênia, (Aracy Balabanian), e os seus três filhos Gera (Marcello Novaes), Gino (Jandir Ferrari) e Gerson (Gerson Brenner), os quais ela cuida de forma obsessiva. Foi de Dona Armênia que surgiu o bordão “Na Chon”.
Ah, não tem como não falar de Rainha da Sucata, sem lembrar da abertura ao som de Sidney Magal e uma boneca de sucata lambadeira.
E em 1991, Jorge Fernando, em parceria com Antonio Calmon, parou novamente o país, com o terror de Vamp. Não há como esquecer do conde Vladimir Polanski, interpretado por Ney Latorraca, a roqueira Natasha, o heroico capitão reformado Jonas Rocha (Reginaldo Faria) e o trambiqueiro “padre Garotão” vivido por Nuno Leal Maia. A vampiromania tomou conta do país com a divertida saga dos Rocha contra o vampirão.
Em 1992, Jorge Fernando, novamente com Silvio de Abreu, resolveu brincar com os alicerces do além na novela Deus nos Acuda, botando ninguém menos que Dercy Gonçalves como a anja “Celestina”, a responsável por “gerenciar” o Brasil. Deus, vendo o “ótimo” trabalho que Celestina estava fazendo, estava a ponto de manda-la para morar no pais (que maldade, Deus). Desesperada, pede auxilo ao Anjo Gabriel, que convence Deus a dar mais uma chance para Celestina, desde que ela torne o brasileiro mais honesto e trabalhador (tá difícil, hein?). Ah, além de tudo, em Deus nos Acuda, Silvio de Abreu nos presenteia com a volta de Dona Armênia e seus filhotes.
Além destes sucessos, Jorge Fernando dirigiu outros mais: A Próxima Vitima, Zazá, Vira lata, Chocolate com Pimenta e muitas outras. Sua última novela na direção foi a recente Verão 90. Um grade talento que se vai, mas sua obra, seu legado no humor, ficam para sempre para podermos sorrir e vibrar.
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