Liga da Justiça – A Redenção de Zack Snyder – Sem Spoilers
Liga da Justiça – A Redenção de Zack Snyder – Sem Spoilers: Foi lançado hoje, 18/03, o esperado corte de Zack Snyder para Liga da Justiça. E, sim popnautas, é um filme diferente do lançado em 2017!
“Mas diferente como, Capitão? A trama é a mesma!” – vocês (que ainda não assistiram) devem estar se perguntando. Eu respondo: O filme tem um novo teor.
A premissa é a mesma: Após a morte do Superman (Henry Cavil), Batman (Ben Affleck) começa a recrutar outros indivíduos com capacidades extraordinárias para deter uma ameaça à Terra. Isso não mudou, mas temos agora o adendo de uma coisa muito peculiar e extremamente importante em qualquer produção: o contexto! Depois dos imbróglios envolvendo as filmagens do longa de 2017, ao qual eu chamarei aqui de JossCut (do diretor Joss Whedon), o que vimos foi um filme que tentava emular a tendência ditada pela Marvel/Disney mas que estava irremediavelmente atrelado à visão de Snyder para com os heróis da DC. O resultado disso foi uma catástrofe, pois o filme não foi nem uma coisa e nem outra.
O SnyderCut nos apresenta a busca de Bruce Wayne de maneira mais detalhada – apesar do personagem ser bem menos “líder” do que se espera. Também nos dá um ar mais mítico à Mulher Maravilha de Gal Gadot, que acaba funcionando como o farol de esperança durante todo o filme e um Aquaman (Jason Momoa) sem piadas, mais soturno e muito melhor trabalhado. Não tanto quanto o Flash de Ezra Miller, que dessa vez nos mostra algo além das galhofas e com um background coeso, com direito a maiores explicações sobre seu pai, a aparição de Iris e um papel fundamental no desfecho. Pena ainda ter algumas piadas ruins, mas ainda assim, muito menos que em 2017.
Agora vamos falar sobre as mudanças principais em termos de personagens, começando pelo Lobo da Estepe (Ciarán Hinds), que agora parece realmente uma ameaça e, mesmo sendo um emissário do Darkseid (Ray Porter) – um absurdo não existir de fato no JossCut – tem em sua narrativa elementos que exploram (poderia ter sido mais) a real motivação do monstro.
Sem dúvida o personagem com melhor desenvolvimento no SnyderCut é o Ciborg de Ray Fischer. Nesta versão, temos um belo aprofundamento em toda a história do personagem, vendo muito mais sobre seu passado e a própria conexão entre ele e a Caixa Materna, criando a ponte – que faltou à versão passada – com a essência desejada por Snyder desde Man Of Steel: A representação dos heróis como Deuses entre os mortais e como essa situação repercute, tanto nos heróis quanto na humanidade a qual protegem. Victor Stone era o garoto que perdeu tudo – inclusive a vida – e retornou como um ser poderosíssimo, se tornando o ponto de referência, o fio da meada do roteiro.
O Superman! Uma das maiores críticas do público em geral era a forma com a qual Zack Snyder retratava o último filho de Krypton, o deixando pessimista e distante do herói solar que conhecemos. No JossCut, ao retornar da morte, Kal-El está sorridente e pimpão, mas… mesmo assim, ainda não era o super. Henry Cavil faz um trabalho fantástico e, com o SnyderCut temos um vislumbre de onde o diretor queria chegar com o personagem, deixando o pós-retorno realmente como uma segunda chance para o Homem de Aço. Cenas que tínhamos visto nos trailers antes do lançamento do JossCut fazem agora total sentido. Ele usa o uniforme negro (fan service total), não tem bigode e é simplesmente o Superman, trazendo a esperança que faltava à Liga. Eu adoraria ver um Man Of Steel II, com Cavil, continuando essa jornada.
O filme tem tudo de Snyder: A primeira hora e meia do filme é um tanto arrastada, com estética de vídeo clipe e câmera lenta a dar com pau, mas serve para tecer justamente a narrativa e dar “pano” a mensagem que o diretor quer passar, diferente do que aconteceu em Batman vs Superman, onde mesmo a versão estendida não costura a história. Nesse ponto está um dos maiores méritos de Zack Snyder: Ele conseguiu contar sua história! Sem amarras e sem a intervenção de ninguém. A inclusão de Darkseid é magistral. Desaad idem. Outros personagens surpresa aparecem e também temos Jared Leto – nos mostrando que poderia ter sido um Coringa soberbo. Quanto à parte dos visuais, continuam sensacionais – outra marca registrada do diretor.
O filme tem várias derrapadas, afinal, foi construído com cenas deletadas e com algumas novas cenas. Talvez a experiência fosse melhor se fosse em formato de série, onde o expectador aproveita melhor a construção dos personagens e da trama. Alguns trechos parecem ser demasiadamente longos, outros são puramente fan services e ainda há os totalmente descartáveis e que não fariam a mínima falta. Diálogos nunca foram o forte de Snyder e o filme peca bastante nesse aspecto. Também há muita coisa que parece estranha no CGI e fica a impressão de ser terminado às pressas – o que não deixa de ser verdadeiro.
Mas, no geral, o filme é muito, muito melhor que a versão de 2017 e marca a vitória pessoal de Zack Snyder, que teve erros e acertos na carreira e passou por um momento muito delicado e difícil à frente desse filme, com a perda de sua filha, o posterior afastamento da direção e as críticas. Tanto que, durante as 4 horas e 2 minutos de sua obra final à frente dos heróis da DC/Warner (o gancho do final dá indícios de que não…), somos bombardeados pelo sentimento de família, irmandade e união. Não atoa o filme é dedicado a Autumn Snyder.
Se não assistiu ainda, assista. Compre umas pipocas e sua bebida favorita, sente-se no sofá e aproveite a experiência. Quem não gosta da visão de Snyder vai continuar não gostando. A todos os outros, o filme vai agradar.
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