Não é que o desenho da Arlequina é sensacional – Resenha da primeira temporada!

Não é que o desenho da Arlequina é sensacional – Resenha da primeira temporada: Bom, nessa loucura toda de Arelquinomania pra lá e pra cá, com a DC tentando nos afogar com tudo e mais um pouco de Coringa e seus derivados (sim,  aceitem, Arlequina é um derivado do Coringa, mesmo que ela tenha se rebelado, separado e bombardeado o velho palhaço do crime etc., etc., etc., sua origem está ligada diretamente a do Joker e sem ele a doutora Harleen Frances Quinzel jamais teria dado as caras na DC). Tivemos desde o sucesso que culminou no Oscar de melhor ator Joaquin Phoenix para Joker, uma tentativa ininterrupta de vender a palhaça do crime, seu filme e seus derivados, e entre esses produtos, a animação para streaming direcionada a um público mais adulto, a qual acabou recentemente de finalizar sua primeira temporada.

Mas, independente da jogada mercadológica e de um episódio piloto um pouco, digamos, forçado, com cenas de violência e sangue a fim de cativar uma audiência mais “censura R”, não é que a série, ao longo dos seus episódios, vai se tornando extremamente cativante, divertida e por que não dizer, sensacional? Não é que a animação realmente surpreende e nos traz algo a mais? Algo para divertir e para pensar?

Não é que o desenho da Arlequina é sensacional – Resenha da primeira temporada: Esqueça a camada de sangue às vezes algo exagerada. Tem algo de muito bom para se curtir no desenho e em sua história! Os personagens são bem desenvolvidos e nenhum deles está lá por acaso; todos, de alguma forma, tiveram perdas, ou dificuldades de socializar-se: Harley está aprendendo a se libertar, a se “emancipar” e isso não é algo mágico na série, é mais um passo a passo, com erros, quedas e até mesmo momentos de retrocessos, mas ela vai aprendendo, mesmo que isso leve a mais e mais mortes e sangue derramado no meio do caminho, Harley vai evoluindo e transforma-se, pelo seu esforço e ajuda de seus amigos, numa  personagem ainda maior, maior que suas origens, de seu mentor, ex-amante e palhaço manipulador, liberta das amarras que a prendiam, pronta para realmente ser senhora de si mesma e dos demais que a cercam.

Obviamente, não é de uma hora para a outra que Arlequina torna-se uma líder independente. Temos que lembrar os anos de abuso e humilhações que sofrera nas mãos do Coringa, a dependência física e principalmente mental que isso criou nela. É sempre aos poucos, devagar e sempre, que se vencem as adversidades. Observe bem os companheiros de jornada da Arlequina nessa série animada. Nenhum deles está ali por acaso! Todos estão alquebrados, são párias dentro dos párias, vilões com quem ninguém se importa ou que por falhas e escolhas próprias foram relegados ao ostracismo.

Dr Psycho é um chauvinista misógino que não sabe se adequar aos novos tempos e perde todas as benesses da Legião do Mal após ofender a Mulher-Maravilha em rede nacional com palavras de baixo calão (é sério), acaba divorciado de sua esposa, Giganta, e tem um filho que o odeia, mas que no fundo só quer ser um grande vilão como o pai já foi.

Cara de Barro é um artista fracassado, que ninguém leva a sério, que trabalha num bar para ganhar uns trocados, até que vê na equipe da Arlequina uma oportunidade para brilhar. Tubarão rei é um cara, no fundo, gente boa, nerd, hacker, que tenta controlar sua fome por sangue com joguinhos e computadores (ou seja, um geek típico). E o que dizer da Hera Venenosa? Ela é o segundo pilar da animação, a voz adulta, que tenta chamar Harley para a razão e ajudá-la a livrar-se de seus medos e da dependência pelo coringa. Mas, no fundo, no fundo, no decorrer da trama, vemos que Hera é apenas durona por fora para compensar uma terrível solidão que detém por dentro e uma dificuldade enorme de se socializar, de confiar em alguém ou alguma coisa além de suas plantas.

Nisso temos também Sy Borgman, o senhorio do apê (e depois depósito) onde a gangue se instala, um vovô ex-agente da CIA, numa cadeira de rodas, com próteses cibernéticas, que tem o passado mais sujo do que muito vilão que já passou pelo Arkham. Um personagem tão engraçado e deslocado que acaba virando parte da equipe simplesmente porque sim e porque não haveria como dizer que não.

Mas os antagonistas da Arlequina? E o Batman? Como fica? Ah, eles também são explorados, e o mais interessante, suas fraquezas que recebem o holofote do Batsinal. Ah, não fraquezas físicas de super-heróis, seu nerd traquinas! E sim as psíquicas e emocionais (estou falando, aqui tem coisa para pensar no meio do sangue, vísceras e humor, pô!). Batman é sempre inquirido pela sua rispidez e falta de cordialidade e amabilidade para com os demais. Damian Wayne, filho do Batman, aparece como Robin, indeciso, inseguro, querendo um “arqui-inimigo” para si. E o comissário Gordon? O que dizer desse personagem? Ele não é o Jim Gordon infalível e incansável! Ele é o Gordon fracassado no casamento, em crise conjugal, que se arrasta no trabalho, e busca um apoio e amizade no Batman (coitado!) Ou em quem mais estiver a seu alcance (ele fez amizade até com a mão do Cara de Barro para vocês terem uma ideia!). É a síntese do homem exaurido pela família e pelo trabalho estafante, viciado em cafeína, à beira de um ataque de nervos.

Não podia deixar de falar de outro personagem essencial à trama! O incrível, o inacreditável, o desafiador: Homem Pipa! Sim, eu sei, é o Homem Pipa, mas é o Homem Pipa como vocês nunca viram! Esse é outro que é relegado a escanteio devido aos seus poderes, digamos, únicos, de ter uma pipa retrátil ao uniforme e poder voar com ela. Outro que todos correm, de longe, para não ter nem que dizer oi. Outro que está sempre no rodapé do rodapé, outro, que como a maioria dos protagonistas dessa série, é fantasticamente cativante. Tão cativante que a Hera, que nada queria de relacionamentos com ninguém além de Frank, sua planta carnívora gigante de estimação, abre-se e finalmente começa a ter um pequeno namoro com esse simpático vilão.

Ok, ok, eu sei que a maioria queria o casal Harley e Hera logo de cara, mas calma! É apenas a primeira temporada! Os laços de afetividade estão sendo criados e os personagens estão sendo desenvolvidos! Além disso não joguem pedras no pobre Homem-Pipa! Ele é um vilão sensível e amável! Não merece isso! Além disso, ia furar a pipa e ele cairia em direção a morte! Não seria legal, né? Né?!?

Bom, é isso, eu sei que alguns não gostaram pelo sangue e gore forçados logo no piloto da animação, ou que o casal Harley e Hera não se formou logo de cara, ou que simplesmente não gostam do personagem da Arlequina e a veem como mera cópia feminina do Coringa. Existem inúmeras razões à qual a pessoa possa se apegar para gostar ou não de algo. Aqui mesmo, nesse site, temos colegas que gostaram e outros que não da animação (e alguns nem viram). É natural! Cada qual tem o seu direito de curtir aquilo que quer, de assistir aquilo que lhe apraz. Nada pode ser obrigado, ainda mais um desenho animado.

O que eu penso e peço é: esqueçam as bandeiras políticas ou ideológicas para gostar ou não de uma coisa. Apenas deem a chance e assistam. É um desenho divertido, com personagens cativantes e que faz pensar, refletir e sorrir. Com um ritmo e desenvolvimento em capítulos que permite ser bem mais crível a evolução e crescimento da Arlequina, de dependente emocional do Coringa a dona de seu próprio nariz, do que no próprio filme Aves de Rapina. É como um pedaço de bolo: apenas prove, se gostar, ótimo, caso não, sem problemas! A individualidade e os gostos pessoais são a grande vitória e bênção de vivermos em democracia! (Ah, e a segunda temporada já foi confirmada, viu! Quer você goste ou não! Bjs!).

O que acharam das novidades da matéria Não é que o desenho da Arlequina é sensacional – Resenha da primeira temporada? Deixe seu comentário!

Avalie a matéria

Pai Fader

Pai fader - Um homem de bem com a vida, cheio de espiritualidade, com uma visão holística sobre esse misterioso mundo pop

Sair da versão mobile