Ouvimos O Novo Álbum do Benediction!

Ouvimos O Novo Álbum do Benediction: Eu tive a sorte de começar a gostar de rock e metal justamente quando o death metal estava saindo do underground pra alcançar repercussão, respeito e atenção da mídia. Com isso, conheci algumas bandas brilhantes e seminais em seus primeiros anos, como o Dismember, o Monstrosity e o tema da coluna hoje: o Benediction.

Oriundos de Birmingham – cidade inglesa que também foi berço do Black Sabbath – o Benediction ganhou notoriedade logo em “Subconscious Terror” (1990), seu primeiro álbum, e nos petardos que seguiram, como “The Grand Leveller” (1991), “Transcend the Rubicon” (1993) e o brilhante “Grind Bastard” (1998). Foi quando o vocalista Dave Hunt entrou no lugar de Dave Ingram (que foi para o Bolt Thrower), lançando dois álbuns à frente do Benê.

Foi um longo hiato desde o último registro, “Killing Music”, de 2008. Mas a volta foi abrilhantada com a reunião de Ingram aos seus antigos companheiros. O resultado? Scriptures, uma aula de death metal que mostra os gigantes ainda no controle do jogo em que foram pioneiros!

O disco tem uma densidade surpreendente nas guitarras, que deixaram o som não apenas pesado e grave, mas soando moderno – mérito também da produção que permitiu que todos os instrumentos ficassem bem audíveis. Sem tentar reinventar a roda, sem forçar um “modernismo” que fugiria às características da banda, tudo está no lugar certo e, como é característico do quinteto, as músicas possuem personalidade, cada uma com um pique diferente, permitindo que possam ser distinguidas mesmo sob o massacre sonoro que se segue – algo que muitas bandas do estilo falham em obter, com discos que parecem uma música só dividida em várias partes iguais.

Temos muitos riffs esmagadores, vários solos ultra-velozes, porrada e músicas memoráveis. O novato da vez, o baterista Giovanni Dürst, trouxe muita energia pro grupo. Nada de teclados, flautinhas, violinos ou conversa pra boi dormir. É uma banda de death metal, pura e simples, comprometida com a violência da música e seu próprio passado.

O álbum começa com “Iterations of I”, uma porrada que vai pegando tração aos poucos, até chegar numa velocidade alucinante. “Scriptures in Scarlet” vem na sequência, também rápida, mas com uma levada diferente. Já em “The Crooked Man”, a levada é mais cadenciada, mas ainda bastante rápida, com variações de palhetada alucinantes e o vocal de Igram sobressaindo. “Stormcrow” tinha tudo pra ser aquela respirada, mas não é: o negócio aqui é dar porrada. A bateria chega à velocidade da luz e os guitarristas têm espaço pra muita criatividade.

“Progenitors of a New Paradigm” tem um convidado muito especial: o vocalista Kam Lee, famoso por sua participação no Death e no Massacre, entre tantas outras bandas do estilo. A sequência é a carnificina sem limites de “Rabid Carnality”, que havia sido lançada como single. Como é bom ouvir o bicho pegando desse jeito. Curta, direta e brilhante. Depois temos “In Our Hands, the Scars”, que me lembrou um pouco “Magnificat”, do “Grind Bastard”, em sua introdução – o que é muito bom. Finalmente a coisa desacelera em “Tear Off These Wings”, mas segue absurdamente pesada (claro que não dura muito tempo, logo eles engatam a terceira e é só ladeira abaixo!).

O terceiro ato da bolacha abre com “Embrace the Kill”, outro massacre sonoro em velocidade alucinante. “Neverwhen”, um dos grandes destaques, é um dos exemplos da excelente produção e mixagem do álbum. Ela soa perfeita, com riffs muito pesados, velocidade e intensidade. Em “The Blight at the End” temos uma levada diferente, empolgante e – ainda é necessário dizer? – muito pesada. Os acordes de “We Are Legion” encerram não só o mais recente capítulo na saga do Benediction como também um marco do death metal bem executado, poderoso e simples – mas nem por isso limitado. Ao contrário. É fazendo o simples que eles mostram criatividade e pleno domínio do estilo.

Poucas bandas possuem um legado tão grande com tão poucos discos lançados em uma trajetória de três décadas. O Benediction está de volta pra reclamar seu lugar de direito na cena – resta torcer pra que, mesmo em meio à pandemia, continuem produzindo música e mostrando para os novatos as infinitas possibilidades de se trabalhar com guitarra-baixo-bateria.

Benediction – Scriptures
Nuclear Blast Records

Darren Brookes – guitarra
Peter Rewinsky – guitarra
Dan Bate – baixo
Dave Ingram – vocal
Gio Durst – bateria

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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