Ouvimos o Novo Álbum do Vile Creature!
Ouvimos o Novo Álbum do Vile Creature: Eu adoro doom metal. Serião, adoro mesmo. Sou fã de Black Sabbath de longa data, então foi natural que eu me interessasse por essa vertente mais lenta do metal, com timbres mais graves, riffs pesados e aquela carga dramática típica. Witchfinder General, Saint Vitus, Cirith Ungol e, claro, Candlemass são bandas que fazem o nerd em mim querer saber tudo a respeito.
Mas eu sou um cara desatualizado, admito. Não acompanho bandas novas, não fico sabendo de um monte de gente espetacular que está despejando bons trabalhos, tanto no Brasil quanto lá fora. O Popsfera é o pretexto perfeito pra eu ficar bem informado, pesquisar tendências e poder, toda sexta-feira, recepcionar a shabat com um bom vinho enquanto ouço o lançamento da semana.
O vídeo de um dos lançamentos de hoje, 19 de junho, me chamou a atenção. Não era só pelos riffs, a música arrastada violentamente por um frio chão de pedra em corredores escuros e úmidos. Não, popnauta. O visual! Mano, o visual era foda demais: simples, devastadoramente contundente e perfeitamente coeso com a proposta da música.
Era o vídeo de “You Who Has Never Slept”, do Vile Creature. Confira:
Obviamente, seria o lançamento que eu daria destaque essa semana. Sem contexto nenhum, apenas ouvir o álbum, intitulado “Glory, Glory! Apathy Took Helm!” e me deixar levar. Mas pesquisar um pouco da história dessa BELLA banda se fazia necessário, então lá fui eu. E porra! Minha banda preferida da semana é formada por apenas DUAS pessoas!
Vic (bateria e vocal) e KW (guitarra e vocal) formaram a banda em Ontário, no Canadá, no ano das graças de nosso senhor Manitu de 2014. De lá pra cá, foram dois álbuns de estúdio e um EP até que chegassem a esse lançamento que mal conheço e já considero pacas. Mas o que mais me surpreendeu foi a temática das letras. Dor, sofrimento e miséria? Medo, horror e desespero? Não, amigos! O Vile Creature foca em direitos animais, direitos LGBTQ, anti-opressão e veganismo. Sem espaço pra intolerância. A dupla tenta “dar voz aos despossuídos, os marginalizados e vistos como inferiores, ou fracos”, nas palavras de KW.
O álbum é aquela porrada tranquilizante do Mike Tyson, que te deixa grogue e você nem sente que tão arrastando sua cara na brita ou quebrando todos os ossos do seu corpo com um taco de beisebol. É tão pesado que não tem como você se dar conta que só duas almas atormentadas estão passando o rolo compressor por cima de cacos de vidro – com você no meio. Eles conseguem ser originais, as músicas têm identidade própria e não dão aquela sensação incômoda de ser uma música só de 50 minutos – cada uma das suas cinco faixas soa como uma nova e claudicante viagem ao inferno (repare na introdução de “When the Path is Unclear”), mas que certamente terminará em dor (“Apathy Took Helm” arrasta o ouvinte para o inferno lentamente…)
“Ser perseguido por causa de sua sexualidade é uma horrível realidade”, explica Vic. “E eu já passei por isso de várias formas, mas isso está inerentemente conectado a minha identidade como mulher que cresceu na pobreza. Acho que todas as nossas histórias são importantes, e uma vez que temos rodado pelo meio do metal já por alguns anos, esses problemas se tornaram intrínsecos ao tecido de nossos espaços sub-culturais. Precisamos ser melhores do que isso. Precisamos ser bons, gentis e nos educar uns aos outros. Eu luto por mais representatividade queer no metal, mas acho que também devemos criticar outras barreiras à inclusividade.”
Eu não sei o que você está fazendo agora, mas tenho certeza que não é mais importante do que ouvir esse álbum. Coma, beba, respire, foda, cague e transborde Vile Creature. É tudo que você precisa agora.
Vile Creature – Glory, Glory! Apathy Took Helm!
Prosthetic Records
Produzido por Adam Tucker
KW – guitarra e vocal
Vic – bateria e vocal
1 – Harbinger of Nothing
2 – When the Path is Unclear
3 – You Who Has Never Slept
4 – Glory! Glory!
5 – Apathy Took Helm!
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