Perdemos Ota, uma Lenda das HQs Nacionais
Perdemos Ota, uma lenda das HQs Nacionais: Otacílio Costa d’Assunção Barros, ou simplesmente Ota, era formado em jornalismo, mas desde muito cedo adorava os quadrinhos! Em 1970, entrou no mercado pela Editora Brasil-América Latina (EBAL), responsável pela publicação dos primeiros títulos de super-heróis no nosso país, saindo no final de 1973 para editar publicações underground. Em 1974, ingressou na Editora Vecchi, onde se tornou eternizado com a versão brasileira da revista MAD.
A primeira vez que li a revista MAD eu devia ter uns 10, 11 anos de idade, eram tempos diferentes dos de hoje e o humor ácido, irreverente e satírico da publicação me soou extremamente familiar. Graças ao trabalho do Ota, que com maestria soube transportar e transformar a visão criada por Harvey Kurtzman – lá em 1952 – para nossa realidade brazuca. Pouco tempo depois, eu já comprava (em sebos, depois do lançamento) as edições.
O trabalho de edição do Ota me ganhou e também ao Brasil inteiro, tanto que ele permaneceu à frente da publicação mesmo quando ela mudou de editora. Foram quatro mudanças, da Vecchi (1974-1984) para a Record (1984-2000), depois para a Mythos (2000-2006) e finalmente para a Panini (2008).
O humor não era o único ponto forte de Ota. Ainda na Vecchi, ele foi o responsável pela cultuada publicação de terror Spektro. A revista durou de 1977 à 1983, quando a editora encerrou suas atividades. Ele também escreveu o livro O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro, em 1984, onde ressaltava e ratificava a importância dos “catecismos” do gênio pioneiro do erotismo nacional. O artista ainda contribuiu para diferentes periódicos brasileiros, falando sobre a nona arte ou publicando suas tiras e quadrinhos. Entre esses, Ota assinou as páginas do Jornal do Brasil e Folha Dirigida.
Seus personagens também ficarão na memoria dos leitores. Bete Cenoura, Super-Ota e a Garota Bipolar, que continuavam a ser publicados. Os Relatórios Ota, publicados na MAD também serão eternos.
Ota tinha 67 anos e foi encontrado sem vida em sua casa, no ultimo dia 24/09, após familiares e amigos tentarem contato, sem sucesso, durante 5 dias. Eu perco uma das minhas referências no humor. O Brasil perde um de seus maiores expoentes e apaixonados por quadrinhos. Um gênio de traços simples e econômicos, mas que diziam muito!
Descanse em paz, Ota!
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