POPSFERA Repórter apresenta: O porquê de alguém dar uma resenha negativa para Vingadores Ultimato
Olar, amigos do POPSFERA, tudo bem com vocês? Após dias de puro hedonismo nerd por ter visto in loco o maior filme da década, me senti na obrigação nerdica de comentar sobre esse assunto deveras periclitante! O porquê de conseguirem surgir resenhas negativas sobre essa perfeição da sétima arte!
Como alguém consegue achar defeitos nessa odisseia moderna?
A resposta, amigos, não é simples! Você, um nerd normal, que já assistiu ao filme, provavelmente se maravilhou em suas três horas dedicadas ao maior fan service da história da humanidade, com efeitos especiais primorosos, interpretações apaixonadas, roteiro e direção estupendas e atores dedicados e totalmente entregues ao seu papel. O que torna inicialmente uma tarefa hercúlea de tentar achar defeitos em Ultimato, mas amigos, existe gente que conseguiu, e muito, enxergar esses defeitos.
O que nos leva, enfim, a polêmica matéria da Folha de São Paulo de 23 de abril de 2019, que desceu o sarrafo em Vingadores Ultimato. Chama atenção na matéria alguns detalhes que vale a pena analisarmos com calma (ou seja vamos agora ao fantástico mundo da crítica da crítica, a mais pura metalinguagem quântica, popnautas!)
Primeiro, a matéria da Folha, logo de cara, parece tentar nos levar para o mundo da crítica arte, da crítica top, do cinema Godard e Ingmar ou Bergman, ou seja, se não tá nesse patamar, meus amigos, o filme já começa perdendo, e quiçá nem vale a pena ser criticado.
Continuando, segundo a mesma crítica o filme é “piegas, lento, escuro, barulhento“, um “filme de superlativos”, “maior número de heróis reunidos”, “filme mais chato de 2019“.
Com o perdão da discordância, mas se um filme que fecha uma saga de 10 anos não estiver cheio de superlativos, dos vários heróis que a povoaram e de barulho, lutas fantásticas e explosões, vai ser no mínimo impossível fechar suas pontas e trazer seus personagens (E seu público) numa mega catarse para fechar seus ciclos.
Quanto a piegas, discordo completamente, a Marvel acertou em trabalhar, por 10 anos, seus personagens para que eles fossem queridos ou odiados pelo público. Se importar com seus destinos não é apenas natural – é esperado.
E a morte é um dos finais válidos para qualquer aventura.
O crítico reclama também da falta de “sutileza“, com o uso do tema viagem do tempo, da pseudociência envolvida com o mesmo. Oras, os quadrinhos de herói desde seu nascimento estão envolvidos com a “pseudociência“, a mesma que nos leva a acreditar que um bebê poderia ser colocado num foguete e com segurança singrar o espaço sideral e ganhar poderes com a luz do sol, ou que uma aranha radioativa, ou uma explosão de uma bomba gama poderiam dar superpoderes a alguém.
Isso é uma parte intrínseca do universo dos super-heróis, impossível trabalhar com os mesmos sem brincar com os próprios conceitos da ciência. A Marvel, em seus 10 anos, fez o seu dever de casa, começando com um herói mais “crível”, mais calcado na realidade, que foi o Homem de Ferro, para depois ir gradativamente para heróis mais mágicos, como o Thor, Dr. Estranho, ou até mesmo, a ópera espacial dos Guardiões da Galáxia (ou alguém vai querer discutir sobre a credibilidade de um guaxinim falante com uma árvore humanoide?)
Depois partimos para as piadas, e o riso. Ah, o riso… esse elemento tão criticado. Eu lhes pergunto, sinceramente vocês acharam que haviam piadas demais em Ultimato? Que haviam piadas fora de hora? Que eram piadas incômodas? Ok, a Marvel, em alguns momentos, já exagerou em termos cômicos (vide Homem Formiga e Homem de Ferro 3).
Mas querer que agora, o próprio Homem Formiga seja alguém sisudo e circunspecto é para acabar. O personagem assim foi forjado, essa é a essência dele. E filmes Marvel são filmes para a família, tem o selo Disney, natural que haja personagens cômicos para aliviar um tema pesado como a destruição de metade do universo e a busca por vingança e redenção (falando nisso, Thor Lebowski estava hilário, Marvel precisa fazer um action figure dele).
Há também a crítica ao excesso de “participações especiais” e de “nomes de peso” que não foram “aproveitados“. Bom, se todos os nomes de peso que passaram pela Marvel tivessem que ter um tempo adequado de tela, era melhor chamar a HBO ou a Netflix e fazer uma temporada de uns 15 capítulos de Ultimato, acho que em três horas não tem santo que consiga dar tempo de tela para tanta estrela (talvez se chamar o Dr. Pym e usar o mundo quântico consiga, quem sabe?).
Por fim, mas não menos importante, fica a parte da crítica que eu achei pessoalmente a mais interessante: a do público. Pois não basta criticar o filme em si, o público também merece ser criticado. O “jornalista” da Folha não gostou da presença de “jornalistas como fãs”, citando blogueiros e influenciadores digitais e reclamando de uma plateia “que aplaude e urra”.
Pois bem, na minha humilde opinião, cada um tem o direito de ir como bem quiser, de se vestir como quer, de usar a manopla, o Mjolnir, a máscara do Capitão ou do Homem de Ferro. Como se sentir melhor. O cinema é uma via de mão dupla, que, nesse caso, foi forjada numa bela ligação de uma década com seu público, uma audiência que teve o prazer de vibrar, urrar, bater palmas, chorar e se satisfazer com esse filmaço.
Os incomodados, nesse caso, talvez nunca tenham sentido o prazer de se ligar a uma história, a um personagem, a uma série ou a um filme, de se sentir parte de uma saga, de ver, sorrir e sofrer com seus heróis na tela, nesse caso, aos incomodados, só tenho a dizer que sinto muito e que tentem novamente, talvez um dia consigam ter esse belo prazer.
Ou, o que é mais provável, o motivo da crítica foi ser o centro das atenções durante quinze minutos, o famoso “falem mal, mas falem de mim”, indo na contramão de tudo e todos, querendo mostrar o quão inteligente o “jornalista” é por não gostar de algo que todo mundo, obviamente, está gostando.
Tenho más notícias para você, amiguinho. Vivemos em um mundo Marvel.
É hora de se adaptar. Ou morrer.