Review: Bowie em Dose Dupla de Raridades e Inéditas

Review: Bowie em Dose Dupla de Raridades e Inéditas
Tão icônico quanto a Coca-Cola ou gibis da Marvel

Review: Bowie em Dose Dupla de Raridades e Inéditas: Em 1976, a RCA lançou uma coletânea que mostrava a evolução musical e das personas de palco de David Bowie. Intitulada ChangesOneBowie, as 11 faixas reuniam uma seleção de músicos que ia de Rick Wakeman e Mick Ronson a Aynsley Dunbar e John Lennon. Mais importante ainda, ela marca o fim da primeira fase da carreira do Camaleão, de Ziggy Stardust e Alladin Sane – pouco depois ele iria para Berlim se reinventar. Em seus mais de quarenta anos, essa coletânea já foi excluída da discografia de Bowie, banida do catálogo, relançada em CD em 1984 e, posteriormente, em 1990 com o título ChangesBowie.

No último dia 8 de janeiro, 73° aniversário de Bowie, a gravadora Parlophone resolveu homenagear a coletânea original (um dos poucos discos de Bowie a ganhar platina nos EUA, coisa que nem Hunky Dory, Ziggy Stardust, Station to Station, Low ou Heroes conseguiram) anunciando David Bowie: Is It Any Wonder? – um EP de seis faixas raras, muitas delas nunca lançadas oficialmente, e que seriam disponibilizadas nos serviços de streaming ao longo de seis semanas. Esse EP abriu caminho para o lançamento de ChangesNowBowie – nove faixas gravadas pela BBC para o aniversário de 50 anos de Bowie, em 1997. Lançado no Record Store Day, 18 de abril, o álbum é uma deliciosa viagem musical pela carreira de um dos mais influentes artistas de todos os tempos – e uma maneira de revisitar seu legado, a exemplo de ChangesOneBowie.

Faixa a Faixa

Is It Any Wonder?

Review: Bowie em Dose Dupla de Raridades e Inéditas

O EP abre com “The Man Who Sold the World”, que apareceria depois em ChangesNowBowie. A versão é linda, seguida pela igualmente melancólica “I can’t read ’97” (originalmente gravada para o Tin Machine), com uma tristeza em sua execução que lembra alguns dos pontos altos de “The Next Day”. O clima muda completamente em “Stay ’97”: cheia de guitarras, clima dançante e “funky”, ela revigora a versão original do álbum Station to Station.

“Baby Universal ’97” ajuda a manter o clima lá em cima, saída também do Tin Machine (o supergrupo formado por Bowie, Reeves Gabrels, Tony Fox Sales e Hunt Sales em 1988). A coisa dá uma volta em “Nuts”, faixa drum n’ bass experimental (e praticamente instrumental) originalmente gravada para o álbum “Earthling”. O EP termina com uma nova mixagem de Brian Eno para “The Man Who Sold the World“. Mais experimental, mesclando caos e melancolia enquanto a voz de Bowie flutua, quase onírica, foi lançada originalmente no single “Strangers When We Met“, do álbum conceitual “Outside“.

ChangesNowBowie

Review: Bowie em Dose Dupla de Raridades e Inéditas

Chegamos à atração principal, o acústico ChangesNowBowie, gravado em Nova York durante os ensaios para o show de 50° aniversário do Camaleão. Despojado, informal e intimista, com algumas das músicas preferidas do próprio Bowie, o álbum supreende como um registro fiel da celebração de uma grande carreira. Acompanhado por Gail Ann Dorsey (baixo, voz), Reeves Gabrels (guitarra) e Mark Plati (teclados e programação), Bowie está à vontade, com total liberdade para brincar com os arranjos que se tornaram icônicos.

Faixa a Faixa

A abertura, com “The Man Who Sold the World”, trás a versão que conhecemos no EP Is It Any Wonder?, seguida da clássica “Alladin Sane”, presenteada com tons mais graves da voz de Bowie. A temperatura sobe com o cover do Velvet Underground, “White Light/White Heat”, regada a um pouco de distorção e muita energia.

“Shopping for Girls” é uma típica música de Bowie, cheia de melodia, flertando com o funk, muito ritmo e graça. E o que dizer de “Lady Stardust”, uma das peças mais importantes de seu álbum mais conhecido? Em seguida temos “The Supermen”, que vai do clima intimista para a grandiosidade no principal elemento do álbum: a voz de um artista completo.

“Repetition” traz um pouco de distorção de volta, o clima dançante e vocais sussurados enquanto o mundo acaba lá fora. “Andy Warhol” é sempre bem-vinda – o arranjo acústico fez muito bem a ela, que se tornou mais densa e pesada. O álbum fecha com “Quicksand”, a mística faixa de Hunky Dory, soando ainda mais melancólica e bela, sem uma plateia para aplaudir a beleza de suas notas.

O Veredicto

Poderia ser apenas uma coletânea, um acústico, um álbum caça-níqueis qualquer. Mas é David Bowie, e sempre vale uma audição mais cuidadosa, como uma redescoberta. A música se renova a cada geração mas, no caso de Bowie, ela se imortaliza com uma nova roupagem, tornando-se tão relevante quanto quando foi lançada. Se podemos anotar um ponto negativo, é o fato de esses dois álbuns nos fazerem sentir ainda mais a ausência de Bowie. De sua música, seu talento, talvez até de sua simples presença.

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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