Review do RennXXX – Uniform Choice Staring Into The Sun e a teoria da maturidade musical

Review do RennXXX – Uniform Choice Staring Into The Sun e a teoria da maturidade musical: Olá amigos do Popsfera, RennXXX de volta para falar de um álbum um tanto quanto controverso.

Há um bom tempo, na adolescência já straight edge, eu conheci o Uniform Choice, banda de Orange County, Califórnia. Liderada pelo grande vocalista Pat Dubar, a banda teve inúmeras formações sendo a mais lembrada com Victor Maynez (guitarra), Patrick Longrie (bateria) e David Mellow (baixo).

A banda é seminal e das mais importantes na cena hardcore mundial, sendo responsável criativamente pelo surgimento de várias bandas na Califórnia do segmento. O seu álbum de estreia, “Screaming For Change”, é clássico (com certeza merece um review futuro), e tem tudo de um álbum inesquecível pela ótima sonoridade, músicas bem velozes, letras muito engajadas e diretas ao ponto. Com certeza um dos álbuns mais relevantes do straight edge mundial e referência definitiva da banda.

A grande verdade é que “Staring Into The Sun” é a antítese de “Screaming For Change”. Em muitos momentos, soa como bandas totalmente distintas. Enquanto uma é veloz, agressiva e intensa, a outra é melódica, muito trabalhada e em alguns momentos soa “pop punk”, talvez “emo”. Na época de seu lançamento, em 1988, “Staring Into The Sun” recebeu muitas críticas pelos fãs e foi considerado inferior ao seu antecessor. A grande maioria detestou a investida de Pat Dubar e cia.

Os anos foram se passando e o disco ganhou um status cult entre os ouvintes do hardcore, sendo fonte de influência para muitas bandas que surgiram nos anos 90, principalmente na solidificação do chamado “90’s emo” (hoje chamado de “real emo”). Houve alguns relançamentos nos anos 90 em cd e até houve um relançamento conjunto com “Screaming For Change” como a discografia da banda. 

Em épocas com pouco acesso a internet e desinformação, achei por muito tempo que “Screaming For Change” era o único disco da banda, até que descobri a sua continuação, “Staring Into The Sun”. Após alguns meses de muita angústia consegui ouvir algumas faixas do disco e… achei extremamente decepcionante justamente pelo fato de estar acostumado com a banda performando suas canções de “Screaming For Change”. Durante anos, considerei o disco extremamente dispensável, péssimo, lamentável.

Até que os anos se passaram e há pouco tempo resolvi dar uma outra chance a “Staring Into The Sun” e afirmo e reafirmo hoje que o disco é incrível e que eu sempre estive errado sobre ele (nada como um pouco de maturidade musical para apreciarmos corretamente algumas obras).

O disco começa com “Indian Eyes” que é o cartão de entrada para a nova fase criativa da banda, com instrumental caprichada e uma linha de vocal extremamente bem executada. Em seguida, “Same Train” que recorda as grandes canções melódicas de bandas da região como “Bad Religion” e “Agent Orange” que faziam já barulho na época.

A trilogia que define o álbum está a seguir com “Staring Into The Sun”, “A Wish to Dream” e “She’s Locked In”. É difícil escolher uma preferida entre as três pois são músicas fortes, emocionantes e contagiantes. Aqui a magia acontece e é nesse ponto do disco que posso colocar os caras do Uniform Choice como visionários, pois as três canções definem o que seria via de regra no rock dos anos 90. Aqui temos refrões altos e marcantes, instrumentais grudentas e linhas de baixo extremamente viciantes. Muitas pessoas ouvirão essas canções e acharão que essas canções são familiares pelos elementos contidos nessas belas canções.

Em seguida temos a boa “Region Of Ice” que ganhou um compacto single na época e “Cut Of A Different Cause” que é uma das canções que lembram os tempos de “Screaming For Change”. Essa é a música mais veloz do álbum.

Seguimos com o petardo “Miles Ahead” que é outra excelente canção com um refrão marcante e melódico demais. Esse é outro ponto alto do disco e uma das minhas favoritas. Novamente temos outra canção que lembra um pouco os velhos tempos da banda: “What Is Stone”, que é menos veloz que “Cut Of A Different Cause” mas também representa o lado mais hardcore da banda.

Por fim, terminamos com a linda “Long Drink of Silence”, uma canção que sintetiza tudo o que é “Staring Into The Sun”, uma letra forte e marcante, grande, instrumental e uma fusão de melodia e agressividade. É essencial e fecha com chave de ouro esse disco tão especial e diferenciado da banda.


Se recomendo esse disco? Sim, e para ontem. Infelizmente ele é difícil de ser achado em mídia física e não está disponível nos serviços de streaming, mas vale a correria de buscá-lo e ouvi-lo de cabeça aberta, pois realmente vale muito a pena.

Nota: 10/10

Espero que tenham gostado do review e em breve mais discos comentados. PMA!       

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