Snyder Cut – Quem Saiu Ganhando?
Snyder Cut – Quem Saiu Ganhando?: O dia tão aguardado por fãs de Zack Snyder finalmente chegou: sua versão da Liga da Justiça foi lançada, causando um impacto gigante – e divisivo – entre os decenautas! Bom? Ruim? Vão restaurar o SnyderVerse? Vai ter continuação?
Isso é algo que não temos como saber – por hora. Qualquer especulação nesse sentido seria embasada pura e simplesmente pelo calor do momento, não por fatos ou declarações oficiais. Ou, como se diz quando não há argumentos sólidos, estaríamos fazendo um escudo do Bátimã.
Mas algo que podemos analisar são os personagens – seja por apresentarem mais tempo de tela, pela abordagem diferente, ou simplesmente por darem as caras, afinal. Assim, listamos abaixo na análise “Snyder Cut – Quem Saiu Ganhando”, algumas das peças-chave em Zack Snyder’s Justice League e o que o filme significou pra cada uma delas:
Mera
Não só ela se mostrou extremamente combativa, usando seus poderes pra quase causar um derrame no Lobo da Estepe, como também teve um momento de brilho. A cena adicional filmada por Zack Snyder no ano passado incluiu Amber Heard e, polêmicas de sua vida pessoal à parte, ela se saiu muito bem jurando vingança “pelo que ele fez com Arthur”. Nós sabemos que o Superman está observando tudo como o carrasco do futuro distópico Knightmare, mas também vemos uma cena em que Aquaman é executado por Darkseid – contra qual dos dois ela jurou vingança!?
Independente disso, a fúria em seus olhos nos leva a crer que ela é capaz de conseguir seu intuito – uma cena tão forte que ofusca até mesmo a aparição de Vulko (Willem Dafoe), finalmente incluso no filme!
Exterminador
Parece pouco – mas os rumores que surgiram à época da divulgação das primeiras imagens de Joe Manganiello como o mercenário Exterminador davam conta de que o personagem deveria ganhar seu filme solo. A cena pós-créditos na versão de cinema de Liga da Justiça foi ligeiramente diferente aqui – mas que diferença! Agora, Lex Luthor não convoca Slade Wilson para sua Legião do Mal – não, senhoras e senhores popnautas. Ele entrega, de bandeja, sem pedir nada em troca, a identidade secreta do Batman!
Com isso, o Exterminador pode ter sua vingança “olho por olho”, segundo Luthor. Um embate cinematográfico entre essas duas máquinas de guerra seria algo espetacular. Mas não foi só isso: no futuro pós-apocalíptico do Knightmare, Slade Wilson aparece na equipe de renegados do Batman, com um corte de cabelo moicano e pronto pra entrar em ação contra o próprio Superman! Fãs de longa data do herói, tanto da época dos Novos Titãs quanto de suas mais recentes fases na DC, certamente vão sonhar com as possibilidades!
Novos Deuses
Felizmente, a versão de Zack Snyder para Liga da Justiça não teve apenas o Lobo da Estepe com um visual muito melhor. Ele nos apresentou também Darkseid, Desaad e até um vislumbre da Vovó Bondade! As imortais criações de Jack Kirby brilharam, mesmo com muito pouco tempo de tela, mostrando-se ameaças à altura da escala épica que o diretor escolheu para a história!
O Lobo da Estepe teve seu visual drasticamente aprimorado e uma explicação muito boa para ele estar na Terra no lugar de Darkseid. Mais do que isso: sua motivação se torna bastante lógica! O problema é que, mesmo sendo capaz de derrotar exércitos de amazonas e atlantes praticamente sozinho, o Lobo treme de medo diante de seu verdadeiro mestre: Darkseid! Se para expulsar o primeiro da Terra deu tanto trabalho, certamente a Liga vai precisar de reforços se quiser derrotar o segundo!
Infelizmente, não houve um grande mergulho na mitologia dos Novos Deuses, apresentando o pacto com Nova Gênese e a troca envolvendo Orion e Sr Milagre. Talvez isso fosse explorado numa sequência, que podia seguir tanto o caminho de “A Pedra da Eternidade”, de Grant Morrison e Howard Porter, quanto de “Odisseia Cósmica”, de Jim Starlin e Mike Mignola. De qualquer forma, finalmente ficou claro porque o diretor escolheu o Lobo da Estepe como vilão deste primeiro filme: o gancho para uma continuação é um dos mais tensos da história do cinema!
Flash
O The Flash, um dos personagens mais criticados na versão de cinema de Joss Whedon – tanto pelo humor imbecil quanto por tropeçar toda hora – teve uma melhora considerável na versão de Zack Snyder. Não muito grande – mas o suficiente para termos dois pontos importantes esclarecidos. O primeiro, que Ezra Miller consegue fazer bem mais do que aquela cara de abobado mostrada até então. Quando sua postura é um pouco mais compenetrada, vemos uma camada do personagem que é BEM mais interessante.
O segundo ponto é que, por termos um Barry Allen relativamente inexperiente, ele até que já realizou bastante coisa: construiu sozinho um traje feito do mesmo material de ônibus espaciais, já rompeu a velocidade da luz anteriormente, citando o quanto “tudo fica estranho ao redor” quando faz isso e segue firme para seu filme solo! O Flash ainda tinha muito a apresentar no Snyderverse: a esteira cósmica, a viagem no tempo, o relacionamento com Íris, a condenação de seu pai… Com sorte, alguns desses pontos serão cobertos no filme que começa a ser rodado esse ano. Quanto aos outros, é bom lembrar que, mesmo Barry Allen sendo um personagem bastante popular por conta da série de TV, esse Flash ainda não é um cientista (o que torna intrigante ver como vão explicar a origem dele) e tem algumas características de Wally West: o senso de humor, a necessidade de comer bastante pra repor as calorias perdidas e, claro, o acesso à Força de Aceleração, o campo que dá poderes aos velocistas do Universo DC!
Coringa
Uma das revelações mais chocantes sobre Zack Snyder’s Justice League é que Jared Leto havia aceitado gravar novas cenas com o diretor. O Coringa no filme da Liga da Justiça! Qual seria o seu papel na trama? Um flashback? Ou… algo mais sombrio? Os teasers nos deram uma ideia, mas foi só no epílogo do filme que finalmente vimos o Palhaço do Crime usando uma roupa de paciente do Arkham com um colete à prova de balas por cima – e diversos distintivos da polícia. Ele parece ser a chave, não para derrotar o Superman, mas para desfazer essa realidade distópica – e isso tem um precedente incrível nos quadrinhos!
O Coringa foi peça-chave da saga “A Pedra da Eternidade” (publicada lá fora em 1997, nas edições JLA #10 a #15). A saga mostra uma decisão da Liga da Justiça que levou a um futuro onde Darkseid aprendeu a Equação Anti-Vida e a utilizou para controlar tanto Nova Gênese quanto a Terra! No filme, o Coringa dá uma dica de outra história escrita por Grant Morrison: a graphic novel Arkham Asylum, desenhada por Dave McKean. É nessa graphic novel que, pela primeira vez, é mencionado que o Coringa tem, na verdade, é um tipo de “super-sanidade”: sua mente se adaptou aos tempos loucos que vivemos, sendo capaz de se lembrar de vidas passadas e realidades paralelas!
Nos quadrinhos, ele lembra de eventos fora da cronologia oficial da editora e, no filme, ele coloca um atônito Batman na parede: “Às vezes eu me pergunto, em quantas linhas do tempo alternativas você destrói o mundo porque, francamente, não é homem de morrer você mesmo?” Claro, a frase é pesada, mas ele ainda acena diretamente para a Asilo Arkham (e o Coringa de Heath Ledger) ao dizer: “Me matar, Bruce? Você não vai me matar. Eu sou seu melhor amigo. Além do mais, quem vai bater uma punhetinha pra você se me matar?”
Essa foi, sem dúvida, uma iteração digna do Coringa. A versão de Jack Nicholson era algo como “qualquer um nesta sala pode morrer, a qualquer instante”. A versão de Heath Ledger era “alguém nesta sala vai morrer a qualquer momento”. Leto, após um Coringa que não passava de um gângster esquisito em “Esquadrão Suicida”, finalmente apresenta uma versão do personagem que nos deixa incomodados e com vontade de sair de perto – pois, a qualquer momento, ele vai matar alguém, de maneira muito cruel.
Amazonas
Elas eram apenas bucha de canhão tentando guardar uma Caixa Materna na versão de cinema.
Na versão de Zack Snyder?
É isso.
Cyborg
A versão de cinema de Liga da Justiça mostrou pouco, muito pouco, do drama de Victor Stone, o Cyborg – ao ponto do personagem parecer um chato reclamão. “Sério, foi pra isso que colocaram ele no filme? Era melhor o Caçador de Marte.” Só deu pra sabermos que sua mãe tinha morrido num acidente e ele culpava o pai por ter se tornado o Cyborg. O resto do filme é ele reclamando, mesmo ele tendo uma conexão sem igual com a Caixa Materna.
Talvez por isso o título do filme apareça na primeira vez que vemos o Cyborg na tela. Ele é o centro da narrativa de Zack Snyder’s Justice League, seu potencial é plenamente explorado, a relação com o pai (ou a falta dela) é bem explicada e a trágica morte de sua mãe foi um dos momentos mais comoventes do filme. Deu pra entender porque o ator Ray Fisher está tão bravo com Joss Whedon: faltou muito pouco pra ele ser definitivamente excluído do filme, tamanho o estrago que fizeram ao reduzir sua participação de maneira tão drástica.
Apesar de não termos a cena final em que Cyborg atualiza seu corpo metálico, ficamos com um personagem muito mais interessante, que merecia um filme solo e muito mais destaque em futuros projetos da DC. Apesar da liderança de Batman e da Mulher Maravilha, e até da chegada do Superman, Victor Stone é o coração da equipe. Não há como questionar sua contribuição à história – nem mesmo o talento de Fisher como ator. Eventualmente, um encontro entre Darkseid e Cyborg poderia render diálogos e questionamentos memoráveis, sobre monstros, destino e a natureza. Fica no campo das probabilidades.
Menções honrosas:
- A trilha sonora de Junkie XL tem muito destaque no filme, apesar do coral horroroso nas cenas da Mulher Maravilha. Ele conseguiu deixar o filme com uma identidade bem rica, sem se prender a nada feito no passado, como Danny Elfman, puxando temas de filmes anteriores do Batman e do Superman.
- J.K. Simmons e Willem Dafoe apareceram pouco, mas são atores tão acima da média que conseguem se destacar mesmo assim. Infelizmente, não veremos novos filmes do Batman por Ben Affleck – e todo esse universo, que ainda incluía o policial Crispus Allen, não deve ver a luz do dia. Já Dafoe pôde dar continuidade ao seu personagem no filme solo do Aquaman e deve voltar a aparecer em suas continuações.
- A ressurreição do Superman foi melhor explicada e debatida pela equipe, antes que eles a colocassem em prática. Fez mais sentido, e a ausência de piadas estúpidas durante um momento tão importante só tornou a narrativa melhor. E, claro, o uniforme preto!
- Zack Snyder: os humilhados serão exaltados. O visionário diretor conseguiu dar a volta por cima com aclamação popular, com um filme que tem sido bastante elogiado e batido recordes de streaming. Não são poucos os pedidos para que a Warner lhe devolva o controle do Universo DC nos cinemas, mas isso é pouco. Snyder superou uma tragédia pessoal, grande demais para palavras, conseguindo algo maior do que respeito ou reconhecimento: a sensação de dever cumprido, por Autumn.
- Os fãs, claro, têm motivos de sobra para comemorar. O círculo se fechou e cada dúvida, cada teoria, cada fio de esperança sobre a versão do diretor de Liga da Justiça agora pode ser conferida. Há muita movimentação para que Snyder possa fazer mais filmes com esses personagens, concluindo assim seu audacioso planejamento para a DC nos cinemas. Nada foi jogado na tela sem que houvesse algo por trás, uma camada da narrativa que precisasse ser explorada posteriormente. Resta aguardar para ver se toda fé é recompensada.
E você, popnauta? Sentiu falta de alguma coisa? Achou que outro ponto teve destaque? O que achou da análise da matéria Snyder Cut – Quem Saiu Ganhando?Deixe seu comentário!
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