Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança
O ano era 1977. Os Estados Unidos ainda se recuperavam da dura derrota da Guerra do Vietnã. Um cineasta até então desconhecido lançou de forma despretensiosa uma obra que mudaria para sempre o Cinema, cravando o seu nome na História da Humanidade e criando o que hoje conhecemos como Cultura Pop, além de nos apresentar ao maior vilão de todos os tempos.
George Lucas tinha feito apenas THX 1138 (1971) e American Grafitti (1973) quando começou a desenvolver a jornada de Anakin Starkiller. Posteriormente, Anakin Starkiller se tornaria Luke Skywalker, que junto com o Cavaleiro Jedi Recluso Obi-Wan Kenobi, se juntaria aos mercenários Han Solo e Chewbacca para resgatar a Princesa Leia das mãos de Darth Vader, o impiedoso Lorde Sith representante do Império Galáctico e sua arma destruidora de planetas, a Estrela da Morte.
O filme estreou em 25 de Maio de 1977 em apenas alguns cinemas, mas logo se mostrou um sucesso inesperado, ampliando a exibição para diversas salas e tornando-se um inesperado sucesso de bilheteria, sendo posteriormente indicado a 10 Oscar e vencendo 7, inclusive o prêmio de melhor ator coadjuvante para Sir Alec Guiness.
Poderíamos escrever um livro ou uma tese de mestrado sobre o que tornou esse filme tão importante mas, de forma reduzida, o desenvolvimento e o carisma dos atores principais, associado à jornada do herói e à rica mitologia criada por Lucas transformaram o filme em algo muito especial, dando fôlego para o diretor e coragem para o estúdio investir nas sequências seguintes, que criaram o conceito que hoje conhecemos como Blockbusters e mudaram a cara do Cinema para o resto da vida.
De forma muito inteligente, Lucas já abre seu filme de forma extremamente épica, com o uso de uma trilha sonora de John Willians e um texto introdutório contando o que precisamos saber:
A Galáxia estava em guerra civil. Uma Aliança Rebelde estava enfrentando o temível Império Galáctico, e tinha conseguido roubar os planos da superarma capaz de destruir planetas, A ESTRELA DA MORTE. A Princesa Leia (Carrie Fisher), em posse dos planos, manda uma mensagem escondida em um pequeno droide chamado R2-D2 para o desértico planeta de Tatooine.
R2-D2 é encontrado pelas criaturas do deserto conhecidas como Jawas, e vendida para o fazendeiro Owen Lars e seu sobrinho, Luke Skywalker (Mark Hamill). Ao limpar o droide, Luke encontra a mensagem da Princesa, endereçada a Obi-Wan Kenobi (Sir Alec Guiness), um velho ermitão, considerado meio maluco.
Kenobi decide ajudar a princesa, mas Luke diz que não pode ir com ele, por causa de seus tios. Mas quando volta para casa, descobre que eles foram assassinados pelos Stormtroppers, soldados imperiais que estavam procurando o droide fugitivo.
Sem alternativa, Luke decide partir com Kenobi, e juntos vão para a cantina Mos Eisley, em busca de um piloto que os leve até Alderaan, o planeta da Princesa Leia. Na cantina eles conhecem o mercenário Han Solo (Harrison Ford) e seu parceiro, o wookie Chewbacca (Peter Mayhew), que concorda em levar a dupla até Alderaan a bordo da Millenium Falcon, uma das naves mais velozes da Galáxia, mas que já viu seus dias de glória há muito tempo.
Durante a viagem, Ben Kenobi conta para Luke sobre os Jedi, e começa a ensiná-lo nos caminhos da Força. Ele conta que conheceu o pai de Luke, Anakin Skywalker, e que ele foi morto por Darth Vader (David Prowse e voz de James Earl Jones).
Vader e o oficial do Império Grand Moff Tarkin (Peter Cushing) torturam a Princesa Leia, tentando descobrir a localização da base rebelde. Diante da recusa dela, eles acionam a Estrela da Morte, explodindo o planeta Alderaan.
Quando chegam ao planeta, Luke e seus companheiros encontram apenas a Estrela da Morte, e acabam capturados. Escondidos no porão da Millenium Falcon, eles se vestem de Stormtroppers e se infiltram na base, em busca da Princesa.
Após o resgate, Solo, Luke e Chewbacca retornam com Leia para a Millenium Falcon, mas Obi-Wan enfrenta Darth Vader, sacrificando-se para que os demais consigam escapar.
Graças a um dispositivo instalado na Falcon, o Império descobre que a base rebelde está no Planeta Yavin, e envia a Estrela da Morte para destruí-los completamente. Os rebeldes, por sua vez, em posse dos planos da Estrela da Morte que estavam no R2-D2, decidem fazer um ataque desesperado conta a superarma, que tem um defeito em sua estrutura: Um tiro em um compartimento de dois metros quadrados levaria diretamente até o núcleo central de energia, explodindo-a totalmente.
A bordos dos X-Wing, os rebeldes decidem tentar atacar a Estrela da Morte, e Luke decide se unir a Rebelião. Han Solo, depois de receber o que tinha sido combinado para levar Luke até Alderaan, vai embora, sem participar do ataque, pois não quer se envolver na luta do Império contra os rebeldes.
Quando está prestes a ser derrubado por Darth Vader, Han Solo retorna de forma triunfal e se junta a luta, abrindo espaço para que Luke possa atacar a Estrela da Morte.
Usando a Força, Luke consegue acertar o tiro, destruindo a superarma.
Han Solo, Luke e Chewbacca são então condecorados pela Princesa Leia.
A estória em si, bastante simplista, não traduz a importância e o significado do filme para a História do Cinema. Foi o desenvolvimento dos personagens, o carisma dos atores e a química construída entre eles que tornou o filme uma jornada tão especial e magnífica.
Lucas queria que seu protagonista fosse um desconhecido, então começou a busca por atores sem experiência. Para o jovem fazendeiro Luke Skywalker, ele optou por Mark Hamill, pois o rapaz transmitia a inteligência, integridade e inocência que o personagem exigia.
Muitas atrizes fizeram testes para interpretar a Princesa Leia, incluindo Amy Irving, Terri Nunn, Cindy Williams, Karen Allen e Jodie Foster. O papel foi oferecido para Foster, que não pôde aceitar por ter compromisso prévio com outros filmes. O papel ficou então com Carrie Fisher.
O papel mais emblemático do Universo Star Wars, o charmoso mercenário Han Solo, foi oferecido para Kurt Russel, Nick Nolte, Sylvester Stallone, Bill Murray, Chistopher Walkern, Burt Reynolds, Jack Nicholson, Al Pacino, Steve Martin, Chevy Chase e Billy Dee Williams (que mais tarde interpretou Lando Calrissian), entre outros atores. Harrison Ford já tinha trabalhado com George Lucas em American Grafitti, mas tinha desistido da profissão e estava trabalhando como carpinteiro no set de Star Wars, ajudando a construir cenários. Como já era conhecido de Lucas, o diretor pediu que ele o ajudasse, lendo o roteiro com outros atores, explicando os conceitos e treinando os diálogos. A química com os demais foi tão forte que Lucas acabou convencido de que ele seria a melhor opção para interpretar o mercenário. Ele não estava errado ?.
Para interpretar o Oficial do Império e Comandante da Estrela da Morte, Grand Moff Tarkin, Lucas optou por Peter Cushing. O diretor pretendia oferecer para Cushing o papel de Obi-Wan Kenobi, mas acreditou que sua “aparência magra” poderia exalar um certo nível de maldade sob o uniforme do Império, criando um personagem que poderia causar tanto medo quanto o próprio Darth Vader.
A decisão de escalar desconhecidos não foi tão bem-vista pelo estúdio e pelos amigos próximos do Diretor George Lucas. O papel do último cavaleiro Jedi Obi-Wan Kenobi era um dos mais importantes da saga, e precisava de um ator que pudesse transmitir o peso, sabedoria e humildade que o papel exigia. O papel foi oferecido para o ator japonês Toshiro Mifune, mas ele recusou, pois acreditava que o filme poderia “desvalorizar a imagem dos samurais”.
Lucas chamou então Sir Alec Guiness, pois ele poderia transmitir a estabilidade, honestidade e gravidade que o personagem precisava. Guiness foi um dos poucos membros do elenco que acreditou no potencial do filme desde o início, negociando um acordo de parte da bilheteria, o que o deixou milionário.
Anthony Daniels foi convencido a aceitar o papel do dróide C-3PO depois de ver um desenho de Ralph McQuarrie com o rosto do personagem, e ele ficou “tocado pela vulnerabilidade na face do robô”. Escalado inicialmente apenas para interpretar o droide, Lucas tinha mais de trinta dubladores consagrados fazendo os testes para a voz de C-3PO, que acabou ficando com o próprio Daniels.
O hoje consagrado droide R2-D2 precisava apenas de um ator muito, mas muito pequeno, para caber dentro da estrutura. Kenny Baker fazia uma comédia musical em Londres, enquanto os testes de elenco adicionais eram conduzidos por Lucas. Baker, que tinha 1,12 m de altura, foi escalado imediatamente depois de se encontrar com George Lucas, pois era o menor ator que eles tinham encontrado até então.
Da mesma forma, Lucas procurava um ator que fosse muito, muito alto para interpretar tanto Chewbacca quanto Darth Vader. Peter Mayhew estava em Londres durante os testes de elenco, e foi se encontrar com George Lucas.
Assim que ele se levantou para cumprimentar o diretor, dizem que Lucas olhou para cima e disse “Acho que o encontramos”. Mayhew acabou ficando com o papel de Chewbacca, enquanto David Prowse ficou com o papel de Darth Vader.
O maior atrativo de Darth Vader, no entanto, foi oferecido inicialmente a Orson Welles. Lucas não considerou usar a voz do próprio David Prowse devido a seu forte sotaque do sudoeste da Inglaterra, e posteriormente considerou que a voz de Welles seria muito “reconhecível”, optando então pelo novato da época, James Earl Jones, que fez HISTÓRIA interpretando o maior vilão de todos os tempos.
E finalizando, não se pode dizer que Star Wars seria o divisor de águas que foi sem sua magnífica trilha sonora. Capitaneada por John Williams, já reconhecido e recomendado pelo amigo Steven Spielberg, com quem o compositor tinha trabalhado em Tubarão, Williams gravou a trilha do filme com a Orquestra Sinfônica de Londres, criando temas que se tornaram simplesmente inesquecíveis, como a Marcha Imperial.