Star Wars – Episódio VIII – Quando a maionese desanda!
Star Wars – Episódio VIII – Quando a maionese desanda: Quando a Disney comprou a Lucasfilm e decidiu finalmente produzir a terceira trilogia da Saga Skywalker, as expectativas eram bastantes altas. Em 2015, J.J. Abrams fez O DESPERTAR DA FORÇA, sendo bem-sucedido na árdua tarefa de atualizar a saga para uma nova geração, apresentar novos personagens com capacidade de levar a franquia adiante, sem esquecer dos personagens clássicos que tornaram Star Wars tão especial na História do Cinema.
Apesar do sucesso do filme, a Disney optou por deixar J.J. Abrams como produtor executivo, e deu para Rian Johnson a cadeira de diretor AND roteirista tanto do Episódio VIII quanto do futuro Episódio IX.
Johnson, vindo do excelente Looper, realmente ficou com carta branca para desenvolver os filmes, e aparentemente tinha muita boa relação e credibilidade dentro da Disney, pois ao mesmo tempo em que desenvolvia os novos filmes, o estúdio já divulgou que ele também já estava trabalhando em uma NOVA trilogia, que não envolveria a família Skywalker, mas expandiria os novos conceitos que ele estava criando dentro do Universo Star Wars.
Somando-se a tudo isso, vieram as confirmações da contratação de Benício del Toro e de Laura Dern para complementar o elenco, e as expectativas aumentavam ainda mais.
Finalmente, em Dezembro de 2017 os Últimos Jedi finalmente chegou aos cinemas, e com ele veio uma das maiores decepções de todos os tempos.
Johnson já tinha se mostrado um roteirista competente com Looper e suas intrincadas viagens no tempo, mas em Últimos Jedi a impressão passada é que sua única preocupação era, por algum motivo obscuro, acabar completamente com o trabalho e os conceitos criados por J.J. Abrams no filme anterior, já que todos, absolutamente TODOS os personagens apresentados estão absolutamente descaracterizados, o que deixou o filme uma bagunça.
Apelando desde a primeira cena para um show de comédia com piadas que simplesmente não funcionam e mostrando os personagens agindo de forma totalmente oposta do que tinha sido apresentado até então, o filme já abre com o piloto da resistência Poe Dameron (Oscar Isaac) desobedecendo ordens, agindo por capricho e causando a morte de dezenas de membros da resistência, além da perda de toda a frota de bombardeiros dos rebeldes, para assim que chegar na base não sentir absolutamente peso NENHUM pelos erros cometidos, preferindo fazer piada com o fato de Finn (John Boyega) estar “pelado e vazando”.
A General Organa (Carrie Fisher, em seu último papel), que em nenhum dos filmes anteriores tinha mostrado qualquer sensibilidade à Força, aparece praticamente como uma Jedi, conseguindo sobreviver ao vácuo do espaço sideral, após um ataque da Primeira Ordem que, entre outros, matou o lendário Almirante Akbar.
Em Despertar da Força, vimos o surgimento de Rey (Daisy Ridley), que por motivos ainda ocultos tinha uma ligação fora do normal com a Força, buscando o paradeiro de Luke Skywalker (Mark Hamill), culminando com a emocionante cena dela encontrando o recluso mestre Jedi no planeta Ahco -To e devolvendo-lhe seu sabre de luz.
Aqui, temos a continuação da cena, onde Luke olha para Rey, olha para o sabre… E O JOGA COM DESPREZO POR CIMA DO OMBRO, ignorando os esforços da menina, mesmo quando ela diz que está ali sob ordens da General Organa, IRMÃ de Luke Skywalker.
A maior esperança dos Jedi é mostrada como um velho covarde, recluso, que abandonou a irmã, o melhor amigo, a resistência, os ensinamentos Jedi e foi para um planeta distante, pescar e beber leite verde de animais esquisitíssimos.
Como se isso não fosse o suficiente, o motivo da revolta de Luke é que ele era o mentor de uma nova escola Jedi, e ao sentir o avanço do Lado Negro em seu sobrinho, Ben Solo (Adam Driver), Luke invade seu quarto durante a noite, para ASSASSINAR O SOBRINHO ENQUANTO ELE DORME.
Ben Solo, OBVIAMENTE, acorda na hora, se defende, abraça de vez o lado negro e destrói o novo templo Jedi, matando todos os demais alunos e indo definitivamente para o lado do Supremo Líder Snoke.
Luke então, traumatizado, preferiu se ESCONDER, e agora se recusa a treinar a nova discípula. Isso, obviamente, dura pouco e ele decide treiná-la, em cenas ainda mais constrangedoras.
Rey, que tinha uma ligação tão forte com a Força que quando pegou um sabre de luz pela primeira vez, conseguiu enfrentar um Sith praticamente de igual para igual, simplesmente aparece como uma novata, sendo enganada pelo “Mestre” com uma folha de grama, e enfrentando o “lado negro” em uma caverna na praia e um jogo de espelhos.
E sim, infelizmente estou falando sério.
O show de horrores continua, com um looooooooooooooooooooongo interlúdio onde Finn e Rose (a Jar Jar Binks da nova trilogia), entram em um Cassino procurando pelo decifrador interpretado por Benício del Toro, apenas para serem capturados pela Primeira Ordem e vermos Rian Johnson se livrar da Capitã Phasma de forma idiota, apenas para estragar mais um personagem com grande potencial criado por J.J. Abrams.
O Supremo Líder Snoke, criado para ser o grande vilão e substituto do Imperador na franquia, sempre foi mostrado como um Sith poderosíssimo, capaz de ler mentes e sentimentos, e mesmo assim é enganado de forma infantil e assassinado por Kylo Ren de forma idiota, sem aprofundar-se no seu passado ou desenvolver de forma mesmo básica seu background. Kylo chega a verbalizar as intenções do diretor para Rey, quando diz “Vamos esquecer toda essa palhaçada anterior e governar juntos a partir de agora”.
No instante seguinte ele também faz questão de jogar fora um dos maiores mistérios criados por Abrams no filme anterior, o da paternidade de Rey, deixando claro que os pais dela “não eram ninguém importante” e que ela deveria desistir de continuar na procura por respostas.
Para não dizer que absolutamente NADA do filme se salva, temos DUAS cenas que valem a pena:
O sacrifício da Vice Almirante Amylin Holdo (Laura Dern), que acelera sua nave à velocidade da Luz, em um ataque kamikaze que destrói o cruzador da Primeira Ordem.
O ataque da Primeira Ordem à Base Rebelde no Planeta Crait, culminando em um excelente confronto entre Luke Skywalker e seu antigo discípulo, Kylo Ren, enquanto os sobreviventes da Aliança Rebelde fogem.
Mas claro, até isso tinha que ser estragado. Luke não enfrentou Kylo Ren realmente. Era apenas uma “projeção da força” e, para finalizar com uma cereja esse sundae de merda, Luke morre pelo “esforço”, deixando suas roupas se espalharem pelo vento.
Mark Hamill, nosso eterno Luke Skywalker, declarou o seguinte nas primeiras entrevistas de divulgação do filme:
“Eu falei para o Rian que os Jedi não desistem. Quero dizer, mesmo que ele tivesse um problema, ele poderia tirar um ano sabático e se ajeitar. Mas se ele fez um erro, ia tentar consertá-lo. Então, aqui tem uma diferença fundamental, porém não é mais minha história. É de outro alguém e Rian precisava de mim dessa forma para fazer seu final efetivo… Essa é a cruz do meu problema. Luke nunca diria esse tipo de coisa. Na minha versão, aquela de George Lucas. Essa é a próxima geração de Star Wars, então penso em Luke como outro personagem. Talvez seja Jake Skywalker. Esse não é o meu Luke Skywalker, mas eu tinha que fazer o que Rian precisava para contar essa história. Eu não aceitei completamente. Mas é só um filme. Espero que as pessoas gostem”
Só que, obviamente, Hamill tinha razão. Esse NÃO É o “nosso” Luke Skywalker, e as pessoas NÃO GOSTARAM do filme!
Apesar da alta bilheteria (todo mundo queria saber do que se tratava), a crítica foi implacável, e Rian Johnson foi merecidamente despedido da franquia, com J.J. Abrams tendo que voltar correndo para reescrever e voltar a dirigir o Episódio IX e, dessa forma, tentar fazer alguma coisa para salvar essa franquia.
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