Stargirl – Primeiros episódios e sua crescente qualidade
Stargirl – Primeiros episódios e sua crescente qualidade: Estreou há algumas semanas a nova série do DC Universe, Stargirl. A série vem carregando desde já uma pressão para manter a qualidade do estúdio, visto que já vimos sob a tutela do serviço de streaming da Warner séries como Titans, Doom Patrol e Monstro do Pântano. Todas carregam uma estética visual única, amparada por ótimos roteiros e elencos formidáveis.
Stargirl nasceu com a proposta de abraçar os jovens fãs do Arrowverse que querem algo a mais do que apenas a “novelinha” do CW. O, produtor da série e criador da personagem, Geoff Johns, afirma que Courtney Whitmore representa muito mais do que as leviandades de uma adolescente ou peraltices juvenis, mesmo que estes elementos estejam na história. Courtney, para Johns, é um projeto pessoal pois a inspiração para criação da personagem foi a sua falecida irmã, segundo as palavras do showrunner da série: “Tomei meu amor por minha irmã e pela DC Comicst e combinei os dois”.
Stargirl nasceu no gibi Stars and STRIPE, de 1999. Johns sempre gostou de pegar conceitos da era de prata dos quadrinhos e adaptar para atualidade com novas roupagens e motivações. O roteirista usou um personagem antigo, Sideral (Sylvester Pemberton) da antiga revista Star Spangled Comics de 1941, apenas como base para criar sua história.
Na revista de 99 Courtney é apenas uma adolescente que está irritada por sua mãe namorar Pat Dugan, e fica mais frustrada quando eles se casam e mudam-se para Blue Valley em busca de paz e sossego. Só que Pat é muito mais do que aparenta e a adolescente, em determinado momento, encontra os acessórios de Sylvester (Sideral) nas caixas do padrasto. Munida de um uniforme estrelado que homenageia o antigo herói e o cinturão cósmico, ela se auto-proclamou a heroína Sideral.
Com o tempo e amadurecimento da personagem, ela herda o cajado cósmico de Jack Knight (um dos melhores gibis dos anos 90) e com isso passou a carregar o peso do legado heróico dos Starman, mudando então seu alter ego para Stargirl. Para Geoff Johns, Stargirl é um símbolo de esperança tão forte quanto a Supergirl representa para sua geração.
Stargirl – Primeiros episódios e sua crescente qualidade: Após assistir os 3 primeiros episódios constatei que a série é muito promissora. Ela carrega um tom jovial e de esperança que todos carecemos hoje em dia. Apesar de algumas falhas e alguns vícios de narrativa que detalharei mais a frente, o show cumpre bem uma boa introdução de personagens, vilões e trama principal.
Stargirl começa com a morte da Sociedade da Justiça. Impacto este que é quebrado com as apresentações superficiais feitas pelo personagem de Luke Wilson, Pat Dugan, ao vivenciar a morte de cada um. Por exemplo, aparece o Fera sendo jogado na tela cuspindo sangue e Wilson emenda a cena dizendo “Fera” com aquela cara de tristeza. E isso no meio do campo de batalha. Mais clichê impossível. Esta cena resulta em Starman entregando o cajado para o parceiro para que seja escolhido alguém que abra a nova geração de heróis, com altruísmo, liderança e força necessárias para guiar em meio às dificuldades.
Em paralelo ao fim da SJA, uma menina de 5 anos espera o pai para a festa de natal. Há um pulo de 10 anos na história que mostra que aquela menina cresceu sem a presença de uma figura paterna. E tal qual o gibi que se baseia, sua mãe casou com Pat Dugan e estão de mudança para Blue Valley. Este é o momento que muda toda a vida dos personagens e que irá frustrar os planos dos vilões.
Courtney tropeça em uma caixa de mudanças do padrasto e encontra o cajado cósmico do Starman. E ao que parece, só funciona com a adolescente. Isso abre precedentes para que a nova heroína ache que Starman é seu pai.
Somos apresentados ao primeiro vilão da Sociedade da Injustiça, Onda Mental, que persegue a adolescente por 2 episódios até que o cajado cósmico o lobotomize de maneira muito apressada.
Stargirl – Primeiros episódios e sua crescente qualidade: Os 2 primeiros episódios são interessantes de modo bem leve, mas têm uma sopa de clichês que quase nos fazem abandonar o show. O elenco é bom, aliás alguns são extraordinários. Brec Bassinger se encaixa nessa descrição, além de convencer como adolescente abandonada pelo pai, você realmente acredita na motivação redentora dela acreditar que é filha do Starman e, com isso, querer levar a cabo o lance de ser heroína e trazer justiça a aqueles que mataram a SJA.
Já Luke Wilson está fazendo papel de… Luke Wilson. Uma repetição dos papeis vividos pelo ator, que tem uma leve vibe cômica. A cara do que a série se propõe. Mas as limitações são visíveis demais. Graças ao roteirista, Pat Dugan deve aparecer cada vez menos, ao deixar a protagonista tomar cada vez mais posse da série.
Tecnicamente, a estética de Stargirl se assemelha aos seriados da CW, mas ela é muito bem dirigida. Percebe-se uma mão firme em certas cenas que dão um toque muito especial. Além de efeitos especiais muito bons. A armadura de Pat, o F.A.I.X.A. é sensacional e além de ser um CGI bem feito, é perfeitamente fiel as hqs.
Da parte dos vilões e trama principal não podemos dizer muito, mas o Onda Mental foi extremamente decepcionante. O personagem tem poderes telecinéticos e telepáticos e parecia um novato. Fica difícil acreditar que esses vilões mataram os heróis no 1º episódio. Aliás, mataram e não fizeram absolutamente nada? Projeto Nova América soa um plano bem nível Era de Prata dos quadrinhos. Quero ser surpreendido, mas acho que vai ser bem simplório.
A grande reviravolta no show é o episódio 3, onde apresentam um vilão realmente bem feito. Geada é o grande destaque e responsável pelas melhores cenas. Há uma nuance entre o vilão frio que mata sem hesitar e que ao mesmo tempo ama a esposa e filhos e parece ser um cara legal no trabalho. Essa dualidade é perfeita, que realmente nos faz crer que ele realmente acha que está no caminho certo para “libertar a América”.
T01E03 (Icicle) não é perfeito. Suas falhas são subestimar quem está assistindo e seu poder de interpretação. Por exemplo, quem prestou atenção, já sabia que o colega que desenhava flores no caderno era o filho de Jordan (Geada) e não precisava mostrar a cena final abraçando o pai. É como se eles quisessem mastigar cada cena e achassem que o público precisa de uma constante explicação no processo de condução da narrativa.
O mesmo pode-se dizer das constantes mudanças de opiniões de Pat que ora está ajudando Courtney e em outro momento resistente, dando a entender que Geoff Johns poderia ter chamado alguém mais experiente para escrever os diálogos da série, principalmente nesse início em que o espetáculo precisa se firmar e mostrar que tem boas chances de alcançar o sucesso.
Como conclusão após ver estes episódios, e após o cliffhanger no final de Icicle posso lhe dizer que a série é muito promissora. Tem muito material para ser revelado, como amadurecimento da protagonista, revelação dos outros membros da Sociedade da Injustiça, o recrutamento da nova SJA, o misterioso legado dos Starman, o elo de ligação do cajado e seu criador Ted Knight, além das motivações principais dos vilões, a nova Wizard que deve surgir e o plano da “Nova América”.
Pode não parecer, mas 13 episódios nesta 1ª temporada vão ser poucos para tanta coisa ser trabalhada. E a mágica reina nesse ínterim. Há muito material para ser trabalhado, mas a série é muito gostosa de ver e quase esquecemos as falhas e problemas de uma história que precisa se firmar logo no começo para conseguir ser renovada.
Fique conosco que iremos acompanhar episódio a episódio desta série do DC Universe. O que acharam das novidades da matéria Stargirl – Primeiros episódios e sua crescente qualidade? Deixe seu comentário!