Stranger Things – a Terceira Temporada!
Com grandes expectativas, estreou em 4 de Julho a 3ª temporada de Stranger Things, uma das séries mais aclamadas da Netflix, criada, escrita e dirigida pelos irmãos Duffer e protagonizada pelos fenômenos mirins Millie Bobby Brown, Finn Wolfhard, Caleb McLaughlin e o impagável Gaten Matarazzo.
A série é um sucesso estrondoso no mundo inteiro e chega à sua terceira temporada com um gostinho de despedida. Como os próprios showrunners já haviam dito, a série foi originalmente pensada para ter 4 temporadas. Por conta do sucesso e do surgimento de outros canais de streaming concorrentes (o que vem minando o público da Netflix) talvez a narrativa se estenda até uma quinta temporada já que Stranger Things se tornou um fenômeno conquistando uma geração que vinha carente de produções nostálgicas.
A temporada
Essa nova temporada apresenta já os garotos na pré adolescência, envolvidos com os problemas típicos da idade, como romances e dúvidas. O namoro de Eleven e Mike preocupa Hopper (David Harbour), Lucas continua sua relação hilária com Max (Sadie Sink) e isso acaba por deixar Will “de canto”. Dustin, por sua vez, também arrumou uma namorada, mas fica à margem do restante do grupo por ter passado um tempo fora, em férias.
O mostro devorador de almas surge novamente, dessa vez liberto pelos experimentos de uma base militar/cientifica Soviética, instalada secretamente em Hawkins. Temos então a informação de que os russos já estavam envolvidos com tentativas de abrir o portal para o mundo invertido há tempos.
Muito se ouviu sobre o viés político da temporada (que tem como “vilão” secundário o exército Soviético) mas na verdade, o maior ponto desta temporada é outro: A comunicação.
Sim. Apesar do contexto político inerente à época (não se apegue à política em nada que retrate os anos 80, Grasshopper!) – auge da Guerra Fria – e explorado de forma inteligente pelo roteiro – que, mesmo tento os russos como “inimigos” e tendo tramas quase de espionagem, também retrata o lado de que a construção e inauguração de um shopping center na cidade acaba com o comércio e empregos locais – o mote central, além da ameaça de um monstro de outra dimensão, é a lacuna de comunicação entre as pessoas.
Isso se mostra claramente em quase todos os momentos. Num problema de transmissão de rádio que acarreta desconfiança, na interceptação de mensagens criptografadas, em pais que não conseguem conversar com os filhos, namorados que não se entendem, casais com clara tensão sexual não resolvida…
Há até uma analogia bem explicita na interação de um cientista soviético, um psicótico americano e os personagens de Winona Rider e David Harbour. Inclusive, a figura da ameaça encarnada no personagem Billy (Dacre Montgomery), sofre acometida por questões mal resolvidas e que se escondem profundamente dentro de seu subconsciente (também uma questão de comunicação por não ter “se aberto” sobre o assunto). O contraponto é o núcleo “invasor” do shopping, ops, da instalação russa em Hawkins. Neste, a comunicação é quase perfeita na interação entre Dustin e Steve (Joe Keery), dupla já consolidada nas temporadas anteriores e a adição de Maya Hawke como Robin e Priah Fergusson como Érica, a irmã mais nova de Lucas, agora com um papel mais relevante. A única falha de comunicação fica a cargo de uma questão de orientação sexual.
Outro ponto abordado é também o do feminismo, ainda que de maneira sutil e muito bem feita, há momentos onde a situação da mulher no início dos anos 80 é muito bem explanada, seja na forma de superproteção masculina, na insatisfação com a vida cotidiana de dona de casa ou na discriminação no ambiente de trabalho. Tudo feito de forma fluida e sem levantar bandeiras, assim como com as questões políticas.
Por fim, como dito no início do texto, Stranger Things já começa a pavimentar seu final definitivo. Tanto pelo “requentado” de sua ameaça principal, quanto pelo próprio teor a que se propôs: Ser um bem pensado fan serviçe oitentista que conta uma boa história. Não deve e não pode passar disso. Mesmo os cliffhangers já são resolvidos de maneira previsível e fácil. O gancho para a próxima temporada também é dos mais batidos. Não é demérito, é apenas o obvio.
Nossa torcida fica para que a série se mantenha atrativa até seu final enquanto tememos os desdobramentos, já que o mercado nos aponta com a moda de intermináveis spin-offs e “esticamentos” desnecessários. Infelizmente, é o provável caminho.
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