The Last Knight on Earth – Batman é Aquele que Nunca Desiste!

The Last Knight on Earth – Batman é Aquele que Nunca Desiste: A dupla Scott Snyder e Greg Capullo começou lá atrás, em 2011, sua passagem no universo do Batman com “A Corte das Corujas”. De lá para cá muita poeira já passou pela batcaverna (e muita loucura também). Nada mais justo que os dois tivessem o direito ao seu epílogo, seu “canto do cisne”. E foi nessa pegada, junto ao selo “Dark Label” que eles abraçaram a proposta de dar um fim digno para essa longa jornada.

Só que não poderia ser um fim “simples”, claro! Snyder resolveu pegar vários aspectos que trabalhou no Cavaleiro das Trevas e trazer a tona numa realidade sombria e deturpada, um futuro que mais parece um pesadelo saído dos confins de Dark Metal. O mundo que conhecemos acabou, Superman morreu após um duelo de ideais contra Lex Luthor, um embate de vida ou morte na qual o mundo escolheria entre o bem e o mal, e as pessoas, sob a ação subconsciente do Starro, optaram pela maldade, destruição e o caos. O planeta entrou em colapso, a sede da Liga da Justiça foi destruída pela turba ensandecida, heróis foram mortos pela população que juraram proteger, Superman foi empalado vivo por lanças kriptonianas. E, no fim, até mesmo os vilões acabaram sendo dragados pela força destrutiva que Luthor havia liberado: uma horda insana em busca de sangue e poder. No apocalipse que se seguiu, uma força surgiu, um ser “misterioso” chamado “Ômega”, um provável “discípulo” do Batman, que adquiriu a equação antivida , controlando o que restou da humanidade numa gigantesca e bizarra versão de Gotham City. Os últimos humanos livres e sãos que restaram se esconderam, a maioria debaixo da Terra, sob o comando da Mulher Maravilha e algumas heroínas restantes que tentam acolher o máximo de pessoas que puderem e evacuar do planeta o mais rápido possível.

The Last Knight on Earth – Batman é Aquele que Nunca Desiste!

Nisso os oceanos fervem, a Tropa dos Lanternas Verdes há muito se foi, e seus anéis caíram na terra após a morte de Mogo, criando construtos disformes nas mãos dos zumbis que pairam sobre essa desolação; a Fortaleza da Solidão, abandonada, cresce continuamente seus cristais, de forma incontrolável, criando um gigantesco emaranhado de minérios que, como um câncer, vão ganhando cada vez mais espaço, numa gigantesca floresta sem vida. Pairando sobre isso tudo, segue uma terrível e interminável tempestade da Força da Aceleração, feito do que sobrou das essências dos velocistas da DC, assolando sem parar com seus raios essa terra arrasada, destruindo a tudo o que toca, sendo que a única coisa que resta nesse mundo para ser tocado é a morte e a desesperança.

Ah, e o Batman, você se pergunta? O que se sabe é que ele morreu, foi um dos primeiros a cair, logo após o falecimento do Super. Batman foi morto pelas mãos da própria população, ao tentar, inutilmente, traze-los de volta à razão. Foi esquartejado e queimado por homens, mulheres e crianças que foram levados à insanidade pela artimanha de Luthor.

Então, se o Batman morreu, como que há um Batman para contar sua última história? Bom, a resposta para isso está num velho conhecido: Alfred Pennyworth.

Alfred, agora idoso, sente falta do seu filho adotivo. Pede ajuda a Diana e usa um antigo projeto do Batman, uma maquina de clonagem com backup de suas memórias para fazer um “novo Bruce”, com que pudesse viver o resto de sua existência em paz.  Porém esse “novo Bruce” tem muito do Batman em si, e não aceita as coisas como estão, não quer viver uma fantasia e sim tentar lutar para mudar a realidade. Após entender o que tinha acontecido, parte para o mundo desolado na tentativa de “consertar as coisas”. Nessa caminhada pelo inferno ele encontra o mais improvável dos companheiros, o Coringa, agora apenas uma cabeça dentro de um jarro, que passa a acompanhá-lo em sua jornada suicida.

Batman e a cabeça do Coringa a tiracolo num pote. Simbolismo pouco é bobagem

Esse Batman clonado é assolado por um terrível pesadelo, uma memoria do passado do verdadeiro Batman, de um dos seus últimos casos enquanto vivo: a morte do filho de Joe Chill, o assassino de seus pais. Essa criança teria morrido por negligência médica, o cirurgião havia operado o rapaz em estado de embriaguez, perfurando o intestino e o levando à morte. A fundação Wayne teria pago grandes somas de dinheiro para abafar o caso pois o médico seria nada mais, nada menos, que o próprio Thomas Wayne.

A morte dos seus pais não teria sido uma “injustiça”, um acaso, uma fatalidade que levaria Bruce a ser o Batman. Na verdade, seria um ato de vingança de um crime cometido pelos mesmos… A razão de ser o Batman estava, enfim, comprometida.

Mas, mesmo assim, o clone seguia em frente, com seu Coringa a tiracolo, pelo mundo pós-apocalíptico. Na “Floresta da Solidão” ele encontra um Luthor arrependido que tenta distorcer o espaço tempo para trazer a nave do Superman bebê até os tempos atuais. No fim, Luthor acaba morrendo num momento de redenção, tentando salvar Diana e o novo Batman da morte certa.

Eles seguem pelo limbo, o que sobrou após a queda do céu e do inferno, enfrentando os demônios dos seus pecados pretéritos, até chegar a Nova Gotham. Nos domínios de Ômega, eles encontram os velhos parceiros que ainda estavam vivos: Dick Grayson, Barbara Gordon e sua filha liderando um nova “Corte das Corujas” (pois o símbolo do morcego havia sido profanado pelo mal); e Jim Gordon, agora cego, seguia apoiando aqueles que restaram. Infelizmente eram poucos os que ainda estavam em pé: Tim Drake, Jason Todd, Damien Wayne, Cassandra Cain e muitos outros haviam morrido em uma grande luta. Ômega estava prestes a lançar a equação antivida para todo o globo e enfim dominar a todos.

Mas Batman não desiste, Batman nunca desiste, essa é a essência do personagem, um homem, um simples homem que treinará ao máximo para lutar por aqueles que não podem, ou que não são ouvidos. Ele forja uma nova e última tentativa. Uma última  missão, com direito ao Coringa usando uma mecha suit temática de Robin armada até os dentes (fã service ao estilo Scott Snyder, não reclamem, apenas curtam!).

No coments

Com ajuda de Selina Kyle eles conseguem invadir o quartel general de Ômega. Porém Batman e o Robin Coringa são vencidos pelo mesmo Ômega, que amarra o Batman à Poltrona Mobius de Metron a fim de ser transformado num “ser perfeito” um soldado para a grande causa, sem medo, sem dúvidas. Batman, sem entender porquê um seguidor do Batman original faria aquilo, o critica dizendo que o mesmo teria nojo dele e daquilo que ele havia deturpado.

BUH!!! QUE REVIRAVOLTA, MEUS AMIGOS

Bom, ai vem a reviravolta alá Snyder: Ômega é, na verdade, o Bruce Wayne, o Batman original. No passado ele teria se abalado com a revelação que Thomas Wayne havia matado o filho do Chill, e, por fim, desmoronaria de vez quando foi esquartejado e queimado por uma população em fúria. Ele, de forma não explicada, conseguiu sobreviver, mas, no processo, mudou, tornando-se a antítese do que era, acumulou poder no meio do caos, virou um “semideus”, matou Darkseid, conseguiu a equação antivida, e agora, com ajuda de um John Johns escravizado e da cabeça empalada de Darkseid, lançaria a equação para o que restou de todo o planeta. Não haveriam mais guerras, nem lutas, pois todos obedeceriam a ele, o Batman caído nas trevas.

Desolado, o novo Batman é deixado para ser transformado na poltrona Mobius, porém o Coringa, caído ao seu lado, com sua armadura destruída, faz uma revelação: de que fora ele, o Coringa, que criou toda a história da morte do filho do Chill! Com uso de tecnologia elaborada, ele tentou matar o Batman no seu cerne e se arrepende disso. E que, se o Bruce havia desistido, o Batman jamais desistira, sendo agora, o clone, o Batman que todos precisavam para lutar por aquilo que restou.

Que diálogos afiados

Batman cospe uma moeda, um “penny”, que o Alfred havia lhe dado. Liberta-se da poltrona Mobius e parte para a luta com Ômega. Uma luta de ideias, tal qual Luthor e Clark no passado. Mas, enquanto o Super é um Deus Sol, o arquétipo da esperança que dissipa as sombras, Batman é apenas e tão somente humano. Ele luta nas trevas, sozinho, mesmo que não haja mais esperança. Ele não é a luz que corta as trevas, ele é o cavaleiro solitário que dança na escuridão, salvando a quem pode, mesmo que esses não queiram ser salvos. Ele é a resiliência, a justiça, a persistência. Ele é o Batman e, no fim, o Batman vence (com direito a empalar o Ômega com a lança que detém a cabeça de Darkseid. Mais um momento Snyder para entreter corações).

É massavéismo que procura?Achou

No fim a esperança volta, amigos se recuperam, Coringa vira oficialmente o novo Robin e, por fim, Batman consegue trazer a esperança de volta através do bebê Superman que Luthor não havia conseguido.

Claro que a série não foi perfeita, houveram momentos não tão bem trabalhados e atrasos nos capítulos, pois Capullo estava envolvido com os desenhos de Spawn #300 e Snyder teve questões pessoais para lidar nesse meio tempo. É de conhecimento público que há anos Snyder luta contra a ansiedade e a depressão, tendo usado de sua experiência pessoal em suas histórias do Batman e na sua galeria de vilões, além de ter passado pela difícil situação recente de ver seu recém-nascido ser operado. Tudo isso é muito difícil para qualquer pessoa, coisas ruins podem quebrar a qualquer um de nós e nos levar para a escuridão. Mas o que Snyder e Capullo quiseram nos passar nesse epílogo de sua longa saga é: não importa o que de ruim aconteça, seja como o Batman. Ele nunca desiste.

A Trindade santíssima do Snyder, guiando o Superman para uma nova geração

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Pai Fader

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