The Witcher – review dos episódios 1 e 2!

The Witcher – review dos episódios 1 e 2: Eu nunca joguei The Witcher. Nunca li os livros ou gibis da série. Na verdade, meu único contato com essa franquia, até hoje, foi quando eu dava aula e meus alunos me perguntavam o que diabos queria dizer a palavra “witcher“.

Esse Snyder Cut que eu baixei está estranho…

Acho importante começar a resenha dessa forma, destacando minha total desconexão com o material original. Não sei o quanto a série é boa como adaptação, então vou focar em seus méritos próprios – acredito que a experiência possa ser bem diferente pra quem já conhece o personagem e sua mitologia.

Dito isso, o primeiro episódio (“The End’s Beginnng”) me pegou de surpresa em diversos pontos. O primeiro foi com o protagonista, um certo Geralt de Rivia: ele está muito mais próximo dos arquétipos de vilão/anti-herói do que de um herói, propriamente dito. Seu código de honra, de matar apenas monstros, remetem a personagens clássicos como o Hitman de Garth Ennis e Venom. Ele também tem seus momentos mais “leves”, como o longo “diálogo” que tem com sua… égua! Henry Cavill está muito bem no papel, que não exige tanto assim: olhar obsessivo, dentes rangendo e um “distanciamento” da humanidade que combina bastante com um certo alienígena que ele interpretou no passado.

O casal da série.

Outro ponto foi o quanto o mundo de “The Witcher” é vasto. Enquanto Geralt se vê às voltas com Stregobor, um velho mago que quer contratá-lo para matar a princesa renegada Renfri, o distante e próspero reino de Cintra é atacado pelos cruéis exércitos de Nilfgaard. A princesa Cirilla é enviada escondida pela rainha, sua avó, para encontrar Geralt – o único que pode ajudá-la. Durante a fuga, Cirilla é descoberta por um soldado de Nilfgaard, e acaba aprendendo a fazer uso de seu “poder”: um grito sônico, muito parecido com o da Canário Negro da DC Comics, ou o Banshee da Marvel.

Apesar de eu ter achado alguns cenários do reino de Cintra muito simplórios, principalmente o salão onde há o baile e os aposentos reais, a dramaticidade da invasão compensa, e muito, qualquer limitação. O exército de Nilfgaard é cruel, implacável e mortal. As defesas do reino mal podem retardá-lo e, quando tudo está perdido, o mago real distribui frascos de veneno aos nobres, para que eles não sejam capturados com vida e sejam, assim, poupados de torturas, mutilações e uma morte horrível.

Uma vida horrível para escapar de uma morte horrível.

Os destinos de Geralt e da princesa Cirilla estão conectados e, em breve, eles vão se encontrar para descobrir exatamente o que o futuro lhes reserva.

O segundo episódio, “Four Marks”, continua a expansão desse universo. A história começa com a misteriosa Tissaia de Vries comprando Yennefer, uma corcunda deformada do reino de Aedirn, de seu pai, por apenas… quatro marcos (a tristeza de Yennefer nos leva a crer que quatro marcos é menos do que um porco de fazenda vale). Ela é levada para Aretuza, onde será treinada como uma feiticeira – mesmo tendo habilidades muito, mas MUITO aquém das outras aprendizes. Ela faz amizade com um bondoso mago chamado Istredd, revelando a ele que é um híbrido humano-elfo – daí suas deformidades. Na verdade, Tissaia e Stregobor estão usando Yennefer e Istredd para espionar um ao outro.

Longe dali, vemos Cirilla encontrar uma espécie de campo de refugiados, onde ela encontra abrigo e a amizade de um elfo. Quando o campo é atacado, porém, Cirilla precisa fugir para salvar sua vida novamente – e retoma a busca por Geralt.

Como se ele já não tivesse problemas o suficiente.

Enquanto isso, Geralt aceita um trabalho: investigar o roubo de alimentos do vilarejo de Posada. Um bardo chamado Jaskier resolve acompanhá-lo na esperança de ver feitos que inspirem suas canções – e as interações entre o sombrio Geralt e o alegre Jaskier acabam sendo bastante divertidas.

Geralt e Jaskier descobrem quem está por trás dos roubos: um híbrido humano-bode chamado Sylvan. Eles são nocauteados e levados para os elfos nas montanhas, que estão isolados desde que foram expulsos de suas terras pelos humanos. O amargo Filavandrel, rei dos elfos, odeia os humanos por isso – e parece disposto a matar a dupla.

Seria bem humilhante morrer em uma dessas.

Aí veio o que considerei um dos pontos altos do episódio – e da construção do personagem Geralt. Ao invés de abrir caminho para fugir à força, o caçador de monstros resolve… argumentar. Ele convence o rei dos elfos a procurar terras melhores para viver e, assim, não ter que roubar alimentos dos humanos. Geralt, inclusive, lhe dá o ouro que tinha recebido pelo trabalho.

Esse inesperado trabalho de humanização de Geralt é perfeitamente coerente com seu código de honra. Os elfos estão roubando, mas não são monstros perigosos – apenas magoados. Se eles deixarem a teimosia de lado, podem viver perfeitamente bem seguindo o exemplo dos humanos: se adaptando.

Taí um belo exemplo de convivência pacífica.

Claro que eu gosto de ver cenas de ação, mas mostrar Geralt como mais que uma massa bruta de violência me lembrou bastante as clássicas histórias do Conan da dupla Roy Thomas e John Buscema: o bárbaro é um personagem sábio, articulado e melancólico. Esse momento foi um grande definidor do personagem, e é o ponto em que fui fisgado para continuar assistindo, ansioso pelos próximos episódios.

Independente do seu grau de conhecimento dos personagens ou do universo em que vivem, The Witcher tem doses suficientes de ação, drama, humor e mistério para se tornar uma mistura equilibrada, bem construída e com mais a entregar do que simples desculpas para batalhas. Foco nos personagens e em suas motivações, tramas paralelas interessantes e a expectativa pela forma como elas vão convergir devem dar fim às comparações com Game of Thrones. Se mantiver o ritmo, tem tudo para ser uma das melhores séries deste fim de 2019, ao lado de The Mandalorian.

Coloque um bebê Yoda aí e temos uma série perfeita!

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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