Two and a Half Luthor – O Surpreendente Jon Cryer!
Two and a Half Luthor – O Surpreendente Jon Cryer: Bom, vamos iniciar essa resenha com um Mea Culpa sincero a todos os Popnautas: Eu não curti quando anunciaram o Cryer para ser o Lex Luthor na 4 temporada de Supergirl. Sim, eu sei, é um excelente ator, mas ele é essencialmente um comediante. E um comediante que já tinha um passado com Luthor.
Sim, amigos! A relação de Cryer com o universo do homem de aço é bem mais antiga do que aparenta! Jon estreou em 1987, ao lado de Gene Hackman e Christopher Reeve, como Lenny Luthor, o inconsequente sobrinho da maior mente criminosa da Terra. Um papel de puro alívio cômico, num filme que muitos tentam até hoje esquecer: Superman IV, Em Busca da Paz.
Apesar dessa passagem traumática pelo universo Decenauta, sua verve cômica continuou firme e forte, principalmente na parceria com Charlie Sheen, em 1991, quando estrelou com o colega a paródia “Top Gang, Ases Muito Loucos”, no papel do piloto Jim “Wash Out” Pfaffenbach e mais tarde retornando com tudo no megassucesso “Two and a Half Man” que durou incríveis 12 temporadas lhe rendendo vários prêmios, entre eles dois Emmys.
Considerando a passagem previa no mínimo bizarra pela família Luthor e o histórico humorístico do ator, eu realmente não vi com bons olhos quando Cryer foi anunciado como o Luthor de Supergirl. O seriado estava passando por problemas de audiência e uma ameaça de cancelamento começava a pairar pelos corredores da Warner. Era necessária uma guinada para alavancar novamente a série. Seria mesmo Cryer a melhor solução?
E foi assim que eu simplesmente mordi a língua, meus amigos! E foi uma mordida muito da bem dada!
O Luthor de Cryer é tudo aquilo que se espera de um gênio do mal: É megalomaníaco, psicopata, ardiloso na medida certa e… genial! Capaz de fazer qualquer coisa para cumprir seus objetivos, mesmo que tenha que manipular a própria família e todo o resto da humanidade no processo. Um homem obcecado em ser adorado e elevado a condição de um deus, disposto a destruir tudo aquilo que possa atrapalha-lo no processo. No caso, o bom e velho Superman e, por conseguinte, sua prima Supergirl e seus colegas.
Cryer está brilhante, criando camadas de complexidade para seu Luthor. Partindo de um personagem fragilizado, a beira da morte, acometido por um câncer causado por ele mesmo, e que, mesmo debilitado, segue irônico, mordaz e principalmente sagaz.
Em uma passagem, ludibria Lena, sua irmã, para que crie uma cura e ainda deixa Jimmy Olsen a beira da morte, apenas para este servir de cobaia humana antes que o soro fosse testado. Soro esse que serviria posteriormente curar o clone da Supergirl, a Red Daughter, que residia na área do governo ditatorial de Kaznia, que foi amplamente manipulada e usada por Luthor para servir aos seus objetivos nefastos.
E quais seriam esses objetivos? Poder, claro! Ser reverenciado, ter seu nome limpo, ser amado e adorado. Cryer compõe o personagem com características Pré-Crise, daquele Luthor que fora amigo do Superman, mas por um misto de inveja e capricho, torna-se inimigo. Um gênio louco que veste sua armadura verde e roxa e sai destruindo o exército da mesma Kaznia que jurou ajudar, batendo, humilhando e aprisionando o clone da Supergirl, que o via como figura paterna.
Esse é o Lex Luthor de Jon Cryer: um Luthor que, condenado a múltiplas prisões perpetuas, envenenou o juiz e todo o corpo de jurados que o sentenciou. Um Luthor que usou da ciência para transformar o nosso sol em estrela vermelha, causando cataclismos por todo o globo e exterminando milhões de pessoas no processo, única e exclusivamente para matar o Super.
Emblemática foi a cena em que Cryer grita para a sua irmã, sequestrada e amarrada a uma cadeira, que ele, Luthor, é o verdadeiro Homem do Amanhã e que o “maldito kriptoniano” havia roubado aquilo que lhe era de direito.
Cryer, em sua passagem, consegue compor um Luthor memorável, que mesmo frente a derrota nas mãos da Supergirl, com ela estendendo a mão para salva-lo, prefere se lançar dos céus em direção a morte que, ironicamente, não veio da queda e sim depois, em sua base secreta, pelas mãos da sua irmã Lena, que lhe retira a cura e lhe dá um tiro no peito livrando assim a humanidade de sua monstruosidade.
E mesmo na morte, Cryer ainda consegue ser Luthor, levando a sua irmã Lena aos prantos, ao mostrar, antes do último suspiro, imagens que comprovavam que Kara Danvers, sua amiga e confidente, a havia enganado todo esse tempo e era na verdade a Supergirl. “The joke’s on you”, diz Lex para sua irmã antes de morrer, partindo em mil pedaços o coração e a sanidade de Lena Luthor
Por fim Cryer conseguiu. Fez um papel icônico, trouxe um novo norte para a série e elevou seus índices de audiência. Ele tanto fez que os roteiristas do Arrowverso resolveram dar um “jeitinho” e o trouxeram de volta a vida pelas mãos do Monitor. Luthor não perdeu a oportunidade e foi logo dando um maroto “golpe no destino”, reescrevendo uma das folhas roubadas do livro do Destino, tomando o lugar do Superman Brandon Routh como Paragon da verdade e se salvando da aniquilação pela onda de antimatéria. Seja bem-vindo de volta, Cryer, e que desta vez você fique por um longo tempo!
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