Um Ano de Popsfera – Como Vim Parar Aqui – (Marcio Sampayo o Marcio Fury)
Um Ano de Popsfera – Como Vim Parar Aqui – (Marcio Sampayo o Marcio Fury): Eu acho que já nasci nerd. Sendo o caçula de três irmãos, eu tenho que reconhecer que meus caminhos foram muito mais fáceis de serem trilhados. Quando eu nasci, meu irmão mais velho já tinha seis anos e, à medida que eu crescia, já existiam os gibis do Homem Aranha publicados pela Editora Bloch e pela RGE, os desenhos desanimados da Marvel, a série do Batman estrelada pelo Adam West e até um seriado live action do Homem Aranha!
Em 1983, aos oito anos de idade, eu já era um pequenino nerd. Já conhecia os personagens, meus parentes já sabiam que eu era louco por eles e um dia, acompanhando minha avó ao banco, paramos na banca de jornal. Ela me comprou uma revista que era lançamento:
Homem Aranha #1, pela Editora Abril.
Nesse dia, nasceu um colecionador. Junto com Homem Aranha, a Abril começou também a publicação do Incrível Hulk, o Almanaque do Capitão América já estava no número 50, e nem lembro mais em que edições estavam as Super Aventuras Marvel e a Heróis da TV.
Só sei que comecei a colecionar todas elas. Seja ganhando de irmãos, de pais ou avós.
Conforme crescia, a paixão pelos gibis crescia igualmente. Com o tempo descobri os sebos, e com eles pude ir atrás das edições antigas das revistas que eu não tinha, em uma verdadeira caçada arqueológica que te enchia de alegria cada vez que você conseguia uma revistinha que faltava para completar a coleção.
Bons tempos.
O vídeo game também sempre fez parte da minha vida. Em 1983, se a memória não me falha, ganhamos um Atari de Natal. Mexer na caixinha atrás da TV e não poder jogar muito para “Não estragar a televisão” faz parte da minha memória afetiva, assim como o fato de que o aparelho só tinha dois joysticks e eu ser o menor de três irmãos – o que fazia com que a hierarquia fosse permanentemente lembrada e a intervenção paterna tivesse que ser acionada ocasionalmente.
Dessa época me lembro de um dia em que minha mãe foi me buscar na escola. Na saída, ela me levou na locadora para escolher “o jogo que eu quisesse”. Lembro como se fosse hoje de ter escolhido “Hero”, um clássico retrô e meu jogo favorito de todos os tempos, e de ter estranhado o fato, pois era um dia de semana. Normalmente só podíamos alugar jogos no final de semana, pois meus pais queriam que a gente se dedicasse aos estudos durante a semana.
Quando chegamos em casa, minha mãe me contou que o filhote de boxer que tínhamos acabado de ganhar – a quem eu era especialmente afeiçoado – tinha ficado doente e morrera durante a manhã.
O jogo era uma forma de tentar me “consolar”. É uma das pequenas coisas que eu sempre carreguei comigo como uma das formas mais sinceras de amor que uma mãe podia fazer por um filho.
Os anos passaram, o Atari virou Master System, que virou Supernintendo, que virou Playstation, que virou XBox, que teve as 3 rls e voltou a ser Playstation 3 e assim por diante.
Mas nunca fui tão apegado aos vídeo games como fui apegado aos quadrinhos.
O interessante é que meu irmão do meio nunca se interessou por quadrinhos e meu irmão mais velho parou de ler na adolescência. Mas eu não. Eu segui firme e forte.
E acompanho assiduamente até hoje.
Foi através dessa paixão em comum que conheci um dos meus mais antigos e queridos amigos, Raul Kuk. E foi através do Kuk que conheci o MBB, um dos maiores fóruns de quadrinhos do país. O MBB não era um ambiente apropriado para todos, mas os que conseguiam sobreviver sem dúvida se tornavam mais fortes, e aprendiam os verdadeiros valores da amizade, ainda que na base da bordoada.
Com o avanço da era digital, as conversas do fórum migraram para os grupos de Whatsapp, e logo os grupos de zap migraram para encontros presenciais em bares da cidade. Eventos como a Kukparty se tornaram tão importantes no cenário Pop que coisas menores, como a CCXP, passaram a orbitar a data, fazendo com que pessoas do Brasil todo que vinham participar da festa pudessem aproveitar e dar uma esticadinha para conhecer a “maior feira nerd da América Latina”.
Em um desses encontros, soube que o Kuk e o Capitão estavam fazendo um projeto de um site, um portal voltado para o entretenimento nerd, um espaço onde amigos poderiam falar sobre cinema, quadrinhos, música, action figures, vídeo games e afins como se estivessem…
Bem, em uma mesa de bar.
E então houve um dia como nenhum outro, em que os maiores nerds do mundo se viram unidos contra uma ameaça comum. Naquele dia, o Popsfera nasceu. Para combater os inimigos que nenhum nerd poderia enfrentar sozinho!
E seguimos firmes na nossa missão de informar com o máximo de qualidade possível, com veracidade, com diversão, com responsabilidade e, acima de tudo, com a maior paixão possível, pois consideramos vocês, nossos leitores, como amigos da mesa de bar, onde podemos dividir nossas maiores alegrias e nossas maiores paixões.
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