Um ano sem Stan Lee

Um ano atrás, perdíamos uma das figuras mais carismáticas da popsfera. Stan Lee, o lendário co-criador de personagens tão díspares quanto X-Men, Hulk, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico e Thor, entre muitos outros, não apenas conseguiu levar os personagens dos quadrinhos a um novo patamar (tanto de popularidade quanto em termos comerciais) como foi capaz de incutir no imaginário dos fãs a ideia de que gibis são a coisa mais legal do mundo – before it was cool.

E nada pode ser mais cool que esse homem, convenhamos.

Como esquecer de títulos que “fisgavam” o leitor com adjetivos como “fantástico”, “espetacular”, “incrível”, “invencível”, “fabulosos”? Ou as chamadas de capa que alardeavam “o maior épico já publicado num gibi da Marvel”? Melhor ainda, a humilde expressão de sua criatividade a cada vez que explicava o processo de criação dos seus personagens. “Eu estava sem ideias para criar novas origens de super-herois, então pensei que eles podiam simplesmente já nascer com os poderes”, e assim surgiram os X-Men. Ou a ideia de que “na Marvel não há vilões; há herois que caíram em desgraça.” Um conceito bem simples, mas não maniqueísta. Magneto era o antagonista dos X-Men, mas ele era realmente um vilão? Um sobrevivente de Auschwitz amargurado contrapondo a benevolência do Professor Xavier, Magneto constantemente nos lembrava que a luta contra o preconceito também deve acontecer de dentro pra fora. Ou o personagem que desenvolvia e vendia armas de destruição em massa, um playboy arrogante e narcisista chamado Tony Stark, que foi capaz de se redimir e se tornar um herói, ou Stephen Strange, o cirurgião prepotente e ególatra que, ao perder os movimentos das mãos em um acidente, viu sua carreira acabar mas descobriu que poderia se reinventar como o Mago Supremo da Terra.

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Capaz até de aparecer em filmes da Distinta Concorrente

Sua sensibilidade, não só para lidar com questões delicadas, mas também para criar personagens verossímeis, sempre transpareceu em seus roteiros, mais especificamente Homem-Aranha (o personagem que teria os mesmos problemas do dia-a-dia que seus leitores tinham) e o Surfista Prateado, que abriu mão de sua própria humanidade para salvar a mulher que amava, ficando exilado em mundos alienígenas que não compreendia totalmente.

Vale citar que, a despeito de toda a polêmica sobre seu papel na criação dos personagens da Marvel, o que fica para nós é a imagem de alguém que não só amava os gibis, mas demonstrava gratidão o tempo todo pelas pessoas que trabalharam com ele e pelos fãs – principalmente pelos fãs. Nunca recusava pedidos de fotos ou autógrafos, sempre ouvia o que tinham a dizer e retribuía com palavras de carinho, encorajamento e bondade.

Um gentleman e bon-vivant.

Suas criações ficam, imortalizadas não só nas páginas dos gibis mas também nos cinemas, alcançando um público cada vez maior (até minha mãe acha o Stan Lee nos filmes da Marvel). Mas seu grande legado é a visão de que os gibis, como qualquer expressão artística, são uma ferramenta muito poderosa de conscientização e transformação social, acessível a adultos, jovens e crianças, falando com todas as etnias, crenças e gêneros. Poderes formidáveis, sem dúvida.

E como diria o simpático Stan, “com grandes poderes…”

Excelsior!

‘NUFF SAID!
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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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