WandaVision: O Passo Mais Arriscado da Disney!
Muitas das críticas ao universo cinematográfico da Marvel focaram em como os filmes parecem formulaicos, seguindo um padrão pré-determinado e facilmente reconhecível, não dando muito espaço para incursões mais criativas. Mas depois de mais de dez anos, vinte filmes, as maiores bilheterias da história do cinema e milhões de fãs ao redor do mundo, parece que chegou o momento que os produtores tanto aguardavam: WandaVision é o passo mais arriscado da Disney/Marvel!
Claro, pode não soar como novidade. Os fãs de adaptações de quadrinhos já encontraram desafios ao storytelling convencional em séries como Doom Patrol (cuja temporada mais recente acompanhamos junto com você aqui) e Legion (que você pode ver como acabou clicando aqui). Mas quando se trata de algo tão familiar quanto a Marvel, a quebra de paradigma nos ajuda a repensar os limites do que pode ser feito com esses personagens, que se tornaram tão queridos pelo público!
WandaVision começa como uma sitcom dos anos 50, completa com anúncios publicitários retrô, tela na proporção 4:3, risadas gravadas, confusões e situações ingênuas e bastante espaço para os atores mostrarem uma interpretação com mais nuances – mesmo que seja exagerado e caricato. Não dá pra negar que é um jeito corajoso de dar início à Fase 4 do MCU – vamos ver se os somelliers de “produção ousada” vão lhe dar os devidos créditos. Tudo soa muito idílico, muito “american dream”, um conceito introduzido no pós-guerra em que a história parece se situar. A referência mais óbvia é “A Feiticeira”, com Wanda (Elizabeth Olsen, muito bem fazendo comédia) usando seus poderes para preparar o jantar, mas o Visão (Paul Bettany, finalmente podendo fazer algo além do tom monótono do sintozóide) também tem seus momentos – como quando ele se comporta como se estivesse bêbado porque engoliu um chiclete, emperrando suas engrenagens.
Os dois episódios de estreia correm num ritmo lento, parecendo incapazes de nos levar a algum lugar. Wanda e Visão são os novos moradores da tranquila vizinhança de Westview, onde tudo é um estereótipo: ela é a dona-de-casa dedicada à manter o lar em ordem e o marido feliz; ele é o trabalhador incansável que luta para que sua esposa tenha conforto e segurança. O primeiro episódio não passa de uma sucessão de gags, mal-entendidos e trapalhadas, com o casal recepcionando os chefes do Visão para um jantar. No segundo episódios, as coisas começam a ficar… intrigantes.
Wanda e Visão acordam no meio da noite com um barulho, que acreditam ser um galho batendo na janela por causa do vento e voltam a dormir (detalhe: eles dormem em camas separadas, algo que Wanda conserta com seus poderes. As sitcoms da época eram completamente assexuadas, seguindo um rígido código de censura, chegando ao cúmulo de evitar mostrar o casal junto na mesma cama – mesmo que estivessem apenas conversando em plena luz do dia). No dia seguinte, pela manhã, Wanda encontra um helicóptero de brinquedo no jardim.
Só que o helicóptero é colorido.
E tem o símbolo da SWORD.
Nos quadrinhos, a SWORD é uma espécie de SHIELD para ameaças alienígenas/cósmicas. Já há algum tempo se especula se a SWORD tem lugar no MCU – desde “Homem-Aranha: Longe de Casa”, na verdade, que mostrou skrulls agindo dentro da SHIELD e Nick Fury no espaço. O que não foi possível entender é se eles estão monitorando a situação de Wanda ou causando.
Em outro momento do episódio, uma transmissão de rádio é interrompida pela mensagem “Wanda, você pode me ouvir? Quem fez isso com você? Wanda? Pode me ouvir?” Os poderes de Wanda escapam ligeiramente ao controle, explodindo o rádio.
No final do segundo episódio, Wanda e Visão se casam, mas são interrompidos pelo mesmo barulho que ouviram no começo do episódio e resolvem investigar o tal galho batendo na janela. Eles veem um homem saindo do esgoto com um traje de apicultor – que lembra bastante um traje da IMA, mas com o símbolo da SWORD. Enfurecida, Wanda usa novamente seus poderes para “voltar a fita” até momentos antes de decidirem sair de dentro de casa, se mostra repentinamente grávida de, sei lá, uns seis meses, e tudo começa a ganhar cor! Como a série “se descobriu” sexualmente, com a gravidez de Wanda, nada mais natural que deixar os anos 50 e mergulhar nos anos 70/80.
Os episódios terminam com o que parece uma moderna estação da SWORD monitorando a série de TV WandaVision – uma série dentro da série – e nos deixam com muito mais perguntas do que respostas. O Visão não lembra de sua morte? Como a casa deles mudou tanto do primeiro pro segundo episódio? Geraldine é Monica Rambeau adulta?
Meu amigo Augusto Velazquez citou que vale notar a semelhança entre a cidade de Westview e outra “cidade fictícia” da Marvel: Pleasant Hill, apresentada na saga Vertentes (“Avengers: StandOff”), em que diversos vilões ficavam confinados num construto do Cubo Cósmico. Esse construto tinha a forma de uma pacata cidade, e foi criado para manter alguns dos vilões mais perigosos do mundo sob controle… Soa familiar?
Não resta dúvidas que, apesar do ritmo lento, WandaVision reserva grandes surpresas e mudanças para o Universo Marvel, iniciando a principal premissa da Fase 4: o multiverso! Mas ainda temos um longo caminho pra ser trilhado até entendermos melhor quem está por trás da “vida perfeita” de Wanda e do Visão! WandaVision acaba sendo o Passo Mais Arriscado da Disney!
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