Warrior Nun – Os Dois Primeiros Episódios!

Warrior Nun – Os Dois Primeiros Episódios: Domingo, quarentena, faxina, limpar a caixa de areia da Abigail… Chega a noite e a gente quer só assistir um filminho ou seriadinho que não exija muito do intelecto, certo? E já tem uns dias que a chamada da nova série da Netflix, “Warrior Nun”, vinha tentando me seduzir. Nos lendários e maravilhosos anos 90, a Antarctic Press publicava um gibi com título parecido, “Warrior Nun Areala”, e não pude deixar de notar a… conveniente coincidência.

Era essa bosta aí.

Pois bem, resolvi dar uma chance hoje e… Não é que essa série realmente é uma adaptação do prestigiado gibi de Ben Dunn?!

Ajoelhou, tem que rezar.

Claro que “prestigiado” é um pusta exagero. Seu traço mangalizado nunca me cativou o suficiente pra eu correr atrás de algum de seus mais de cem gibis, entre mini-séries e mensais. Mas ela teve aí uma história de publicação suficientemente regular, além de apelo o bastante pra ser adaptada pelo serviço de streaming mais popular do mundo. Estrelada pela atriz portuguesa Alba Baptista, a série narra a saga de Ava Silva, personagem criada para a série, que terá que tomar parte da sagrada ordem de freiras que combate demônios na Terra. Olha só: monstrão do inferno, freiras guerreiras que usam escopetas e katanas, sociedades secretas, empresários inescrupulosos, cientistas brincando de deus, tem até um metal raro com particularidades que flutuam aí entre o divino e o quântico chamado Divinium. Como não gostar?

Pergunta retórica

Os episódios emprestam seus títulos de versículos da bíblia. O primeiro, “Salmo 46:5”, é justamente “Deus está com ela. Ela não cairá. Deus vem em seu auxílio desde o romper da manhã.” E abre com o saco de cadáver de Ava Silva, jovem órfã que ficou tetraplégica no acidente que matou seus pais. Ela morava em um orfanato religioso, mesmo não tendo fé alguma, e morreu por uma overdose aparentemente acidental de medicamentos – mas tem caroço nesse angu, não deve ter sido só isso. O problema é que, perto da igreja em que está o corpo dela, algumas freiras guerreiras estão enfrentando monstrões infernais – e levando uma surra. As forças DUMAL estão atrás de um artefato que fica ligado ao corpo da líder do grupo. Ela é morta e o artefato deve ser protegido a qualquer preço! A saída? Colocar no corpo da defunta!

“Pareceu uma boa ideia na ocasião”.

Isso a traz de volta à vida e Ava (que estava tetraplégica, vale lembrar) se vê de volta à vida e capaz de andar! As cenas em que ela redescobre os pequenos prazeres, como dançar ou correr descalça na areia, servem pra criar aquela empatia com a protagonista. Alba Baptista não só está muito bem no papel como esbanja carisma em suas cenas, cativando o público e um estranho grupo de amigos na mansão em que ela resolve se refugiar. Sim, do nada ela invade uma mansão no litoral e acaba fazendo amizade com os ocupantes (que não são os moradores, só um grupo de malandros aproveitando que os verdadeiros donos estão viajando). Ava resolve curtir a vida com os novos amigos e jamais voltar pro orfanato, mas o artefato misterioso que foi implantando misticamente em seu corpo não vai deixar as coisas acontecerem tão facilmente.

Pra que facilitar, né?

O segundo episódio, “Proverbs 31:25” (“Ela está revestida de força e dignidade; ela pode sorrir diante do futuro”) cai numa série de clichês que seriam bem irritantes se você estivesse esperando uma série madura e verossímil – mas você não está, né? Tá nessa só pra se divertir? Ótimo, então prossiga: Ava e seus amigos malandrões invadem a festa da empresa Arq Tech, empresa chefiada pela brilhante cientista Jillian Salvius, que desenvolveu um portal quântico para outra dimensão – que ela acredita ser o Paraíso bíblico. O único problema é que, para isso, ela usou o Divinium, o tal metal místico que a Igreja Católica tenta manter sob controle. Com tanta festa pra invadir, é claro que Ava vai se meter em problemas por ter escolhido justo essa.

Aliás, festa é com ela mesma.

O primeiro episódio parece arrastado, um pouco longo demais, talvez por sua duração um pouco maior. Já no segundo, tudo se desenvolve num ritmo melhor, com as cenas de explicações da situação intercaladas com as desventuras de Ava. Além de Baptista, temos um elenco bem escolhido – o fato de a série ter sido filmada na Espanha é extremamente positivo, já que os atores não são familiares e não sabemos o que esperar deles. A série, a exemplo do gibi, causou um pouco de polêmica pela maneira como a Igreja Católica é retratada: a iconografia religiosa de igrejas, trajes sacerdotais e relíquias é cercada por uma narrativa violenta, não muito profunda e, por vezes, provocativa (honestamente, nada que a série Preacher não tenha elevado à enésima potência). Esses dois primeiros episódios já garantiram minha audiência cativa, e o popnauta pode aguardar novos reviews nos próximos dias. Série altamente recomendada pra quem apenas quer ver ação com doses certas de humor, pseudo-ciência, teologia de bêbado, bichões do inferno explodindo – e uma freira chamada Shotgun Mary.

“Meu padroeiro é o Santo dos Assassinos.”

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Raul Kuk o Mago Supremo

Raul Kuk - o Mago Supremo. Pai de uma Khaleesi, tutor de uma bruxa em corpo de gata.

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