Zorro, the Gay Blade – A Piada Mortal do filme “Coringa”!

No Poptrash nós trazemos para vocês o melhor do pior da sétima arte, obviamente carregado de deliciosos Spoilers, então depois não venha reclamar que o papai Fader aqui não te avisou.

Bom, reza o cânone que os Wayne, antes de serem mortos no beco do crime (que lindo e discreto nome para um beco, por sinal), estavam com seu primogênito assistindo a um filme. Originalmente esse filme seria o lendário “A Marca do Zorro” de 1940, com Tyrone Power representando o herói mascarado. Além dele temos as ótimas atuações de Linda Darnell e Basil Rathbone. Um grande filme de capa e espada, talvez o melhor filme do Zorro de todos os tempos. Um garoto da década de 40 com certeza sairia maravilhado com as proezas da película.

Bom, o filme do Coringa se passa no início dos anos 80. Seria, no mínimo, meio “estranho” que os Wayne e seu pimpolho fossem assistir a um filme da década de 40. A saída então foi “atualizar” o filme. Dando lugar para o Zorro de 1981, O Zorro de George Hamilton.

E, meus amigos, nem o gás do riso do Coringa para por um sorriso nos nossos rostos. Porque esse filme é algo entre inacreditável a insuportável.

Para começo de conversa, essa obra bizarra tenta se colocar como continuação do zorro de 1940 (sim, acreditem) dando-se ao luxo de usar cenas em preto e branco no início da projeção, lembrando ao publico do velho Zorro que trazia a justiça à Califórnia.

Só que o tempo passou, e o foco agora é o filho, o jovem Diego, um belo de um Don Juan que é pego no flagra na Espanha pelo pobre corno acompanhado de seus irmãos.

Em meio a fuga, Paco, seu fiel escudeiro mudo, “lê” uma carta do seu pai, que manda o playboy voltar para Los Angeles.

Ele volta, e ao chegar é recebido por um antigo “amigo” (mais rival que amigo) Esteban (não, não é o pescador parrudo de Kubanacan). Esteban é o estereótipo do coronelismo hispânico: Rude, cruel, arrogante. O mesmo trata de explicar para Don Diego que seu pai falecera pois teve um acidente a cavalo devido ao susto por uma tartaruga (sim, uma tartaruga e que foi executada devido a tanto…)

Já sentiram que o nível é ruim, né? Mas segurem o fôlego, pois vai piorar!

Don Diego chega em sua casa, a pobre da governanta entrega os pertences do pai e uma carta. Nessa carta, o pai explica que ele era o Zorro e que seus filhos (sim, tem mais de um) estariam destinados a seguir seus passos e lutar contra injustiça e pelo povo…

Lindo, né? Só que não

O Diego Jr acha por bem de pegar a roupa do zorro e usar para ir na festa do Esteban! Sim, o disfarce do Zorro ele usa para ir na festa do rival. Ah, seu criado resolve ir também, vestido como um enorme ursinho pimpão.

No caminho para a festa ele vê um camponês sendo usurpado e resolve que é o seu destino resolver a situação. Resolver ele até resolve, restituindo o dinheiro, só que ele mexe com o principal cobrador de impostos do Alcade Esteban, que, furioso, descobre que o Zorro voltou e está na sua festa. Lutas de espadas e piruetas ocorrem e nosso neófito Zorro foge pulando do alto da mansão do Alcade, machucando o pé no processo.

Machucado, nosso novo cavaleiro mascarado fica impedido de dar continuidade a defesa do povo sofrido da Califórnia. Com ódio e louco para achar o Zorro, Esteban desconta na população, com violência e impostos. E agora? O que fazer? Será que tudo está perdido?

Será?

Sim, está tudo perdido! Num Deus ex Machina dos mais mal feitos da história do cinema, aparece, do nada, ELE, Ramón, o irmão gay do Don Diego. E a partir dai o filme que já estava ruim desce de vez ladeira abaixo.

Ramon, que é também interpretado pelo George Harrison, é apenas um subterfúgio para o filme usar e abusar de piadas jocosas e homofóbicas. Tudo nele é exagerado e caricato, desde sua maquiagem, sua peruca, a seus uniformes da Marinha e até mesmo sua sombrinha (sim, sombrinha), com direito ao mesmo ter mudado o próprio nome para “Coelhinho Wigglesworth” por não gostar mais de Ramón.

Ou seja, a típica válvula cômica de piadas sobre a sexualidade da década de 70 e 80 que, graças a Deus, não tem mais lugar nos dias atuais. Mas estamos em 1981, amigos! E o filme ainda irá piorar…

Ramón, ao saber da morte do pai e ver o estado do seu irmão, com a perna imobilizada, decide ajudar como Zorro. Porém, com certas adaptações a fim de se mostrar como um “espadachim alegre” (acredite, essa frase está no filme).

Ramón não gosta de espadas e violência, então ele prefere usar de um bom chicote.

Ramón acha a roupa do Zorro “sem graça”, então resolve “variar” o uniforme (quando digo variar é usar todas as alegorias e adereços possíveis a um desfile de escola de samba). Dai temos um Zorro ora abacate, ora laranja, ora ameixa e ora dourado, mais dourado que um cavaleiro de peixes de Saint Seiya.

E sai fazendo justiça por ai, com direito a frases de impacto para a população, do tipo: ” Não tenham vergonha de serem pobres! Só de se vestirem como pobres!”. Ou quando encontra a paixão de Don Diego, manda um “eu não sou disso, minha filha” para ela, dizendo que poderiam sair depois para “fazer compras”.

Claro, no final o bem vence o mal, a mocinha é salva, o bandido é preso e tudo acaba bem. Mas o caminho que leva a tudo isto é indigesto e abarrotado de estereótipos e cenas chulas, piadas que jamais veriam a luz do dia nos dias atuais.

Ao fim do filme fica só uma dúvida, uma pequena dúvida: Zorro seria a fonte de inspiração para o jovem Wayne se tornar o Batman, certo? Ok, agora lhes pergunto: Que tipo de Batman um filme completamente fora de tom, esdrúxulo e bizarro como esse poderia gerar? Só se for um Batman do Schumacher, com direito a mamilos e batcartão de crédito. Ai sim, é possível ligar os pontos.

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Pai Fader

Pai fader - Um homem de bem com a vida, cheio de espiritualidade, com uma visão holística sobre esse misterioso mundo pop

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